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“Habitação em Almada: é preciso construir e reabilitar mais”

Jorge Cerejeira, residente na Charneca de Caparica, Almada                                                                                                       

A recuperação dos 9 mil imóveis vazios existentes em Almada teria dois resultados sociais positivos: o primeiro seria inserir as famílias em comunidades já instaladas e o segundo reduzir o abandono e os edifícios devolutos do concelho.

 

O jornal ALMADENSE publicou a 21 de janeiro do ano passado um artigo onde refere que existem no concelho de Almada cerca de 9 mil casas vazias que não estão, segundo o Census 2021, identificados como habitação principal ou secundária dos proprietários.

Mais tarde, já em fevereiro de 2022, o mesmo ALMADENSE publica uma notícia do lançamento de processo de concurso para construção de 130 fogos a custos controlados na Costa da Caparica. Estes juntam-se a outros 95 fogos que serão construídos para alojar os moradores que habitavam as casas por cima da vala do Segundo Torrão, na Trafaria. No seu conjunto, os dois concursos terão um custo total de 20 milhões de euros, suportados pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

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Contas muito rápidas e simples mostram que cada fogo custará então, em média, cerca de 88 mil euros. A construção nova, com materiais mais eficientes em termos energéticos continua a ser necessária. Efectivamente, a falta de construção nos últimos 20 anos tornou o parque habitacional menos renovado, pressionando também assim os preços dos imóveis.

A pergunta que salta à vista é: vamos construir mais, mas os tais 9 mil fogos abandonados —quantos pertencentes à câmara municipal ou ao Estado?— vão continuar abandonados. É imprescindível que o Estado, neste caso no nosso concelho, tenha esse levantamento feito relativo aos fogos de sua responsabilidade e propriedade.

A recuperação dos 9 mil imóveis vazios existentes em Almada, mesmo que feita faseadamente, poderia alojar muito mais famílias e teria dois resultados sociais positivos: o primeiro seria inserir as famílias em comunidades já instaladas (em vez de fomentar guetos) e o segundo reduzir o abandono e os edifícios devolutos/abandonados do concelho.

Se tivermos em conta valores atuais, podemos ainda concluir que se os 20 milhões de euros que se pretende investir em construção nova fossem canalizados para reabilitação poderiam ser recuperados cerca de 10% dos imóveis considerados abandonados ou devolutos (900), sendo que cada fogo recuperado teria um custo médio de cerca de 22 mil euros.

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Partindo do princípio que a remodelação tem custos inferiores em burocracia, licenças e tempo de construção, parece uma situação win-win. Nem tudo se faz com burocracia infindável, nem tudo se faz com medidas simplistas que apenas criam mais divisões e marginalização. A menos que a vontade seja essa.

 

 

*Damos voz aos nossos leitores. Se quiser partilhar a sua opinião sobre assuntos relacionados com o concelho de Almada ou a sua freguesia, escreva para redacao@almadense.sapo.pt

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