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Transporte público: opção sustentável

Fátima Laginha e Marco Sargento, membros da Comissão de Utentes de Transportes da Margem Sul                                                                           

 

Um serviço de transportes públicos de qualidade concorre diretamente com o transporte individual, promovendo a transferência modal do carro particular para o comboio, o autocarro, o metro ou o barco.

 

Nos últimos meses, tem vindo a público um conjunto de dados sobre a melhoria da qualidade do ar durante o período de confinamento. Como seria de esperar, os níveis de emissão de gases com efeito de estufa baixaram nos meses de março e abril deste ano. Há mesmo quem afirme que o Planeta voltou a respirar.

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Mal estaríamos se tivéssemos que interromper novamente a economia do país e as nossas vidas, agora como medida extrema para preservar o Planeta. Embora este cenário não esteja excluído —atendendo à crise ambiental que enfrentamos—, há outras medidas que podemos tomar.

No combate às alterações climáticas ganha relevo o apelo para a diminuição da emissão dos gases com efeito de estufa, responsáveis pelo aumento da temperatura à escala global. Os maiores emissores são a indústria e o setor dos transportes (de mercadorias e de pessoas). Quanto à indústria, há já um numeroso conjunto de países que definiram limites à emissão destes gases, obrigando a indústria a instalar filtros de partículas e a optar por outras fontes de energia. No setor dos transportes, tem surgido nas últimas décadas numerosa regulamentação junto dos construtores de veículos para obrigar à diminuição do volume de emissões de CO2.

Como consequência destas medidas, temos assistido ao aumento do número de veículos com 0% emissões, muitas vezes com os governos a concederem incentivos fiscais na aquisição destas viaturas.

Também em Portugal os últimos governos têm tomado algumas medidas avulsas sobre estas matérias, comprometendo-se com ambiciosas metas de redução das emissões de CO2.

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A aposta no transporte público é uma das respostas a esta problemática.

Primeiro que tudo, um serviço de transportes públicos de qualidade concorre diretamente com o transporte individual, promovendo a transferência modal do carro particular para o comboio, o autocarro, o metro ou o barco. Esta transferência retira viaturas da estrada, potenciando a diminuição da emissão de CO2 (menos veículos = menos emissores).

Em segundo lugar, temos a considerar a diminuição do número de deslocações. Um serviço de transportes públicos de qualidade diminui o número de deslocações. Por exemplo, a viagem de um comboio com 500 passageiros significa potencialmente menos 500 viagens em transporte individual (menos viagens = menos emissões).

Em terceiro lugar, há a considerar a eficiência das deslocações, pois um serviço de transportes públicos de qualidade não está sujeito a engarrafamentos e a demoras nos percursos, porque viaja em canal próprio, ou tem prioridade em todos os cruzamentos (menos tempo de percurso = menos emissões).

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Por último, mas não menos importante, um serviço de transportes públicos de qualidade garante o direito à mobilidade de todos, mesmo daqueles que não podem ou não desejam ter um automóvel, assumindo-se como um fator de inclusão.

Note-se ainda os ganhos em termos de ocupação de espaço nas nossas cidades, quer em termos da largura das vias, como dos engarrafamentos ou do estacionamento. Afinal, podemos ter toda a frota automóvel com 0% de emissões, mas se não diminuirmos o número de veículos a circular continuaremos a ter as nossas cidades cheias de carros, e um espaço público menos qualificado.

Sublinhe-se que a defesa do transporte público como opção sustentável não significa um ataque ao transporte individual. Embora hoje existam já diversas respostas em termos de partilha de viaturas, haverá sempre deslocações que serão mais eficazes com recurso ao transporte individual. Porém, há muitas mais a que o sistema de transportes públicos responde muito melhor.

A defesa do sistema de transportes públicos é assim assumida como uma intervenção cívica em prol da melhoria da qualidade de vida das populações, do seu direito à mobilidade e do ambiente em meio urbano.

 

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