Amnistia Internacional – Portugal vai aguardar para verificar que “ninguém fica sem abrigo”.
Os moradores do bairro do Segundo Torrão em risco de ficarem desalojados receberam este sábado a garantia da Câmara Municipal de Almada de que serão incluídos no processo de realojamento em curso.
“Encontram-se aqui muitos casos que, efetivamente, não estavam sinalizados no início. Neste momento, a CMA manifesta total abertura para os casos que cumpram os requisitos, de forma a integrá-los no programa Porta de Entrada, através de adendas. Portanto, se me perguntar quem é que não vai ter proposta, só quem recusar essa proposta”, afirmou Francisca Parreira, vereadora na Câmara Municipal de Almada (CMA), em declarações ao ALMADENSE.
Uma das moradoras nesta situação é Marta Pereira Ferreira, mãe de três filhos. Com a demolição da sua casa prevista para este sábado, a moradora recebeu no decorrer da manhã a notícia de que seria alojada com a sua família de forma temporária num hotel na Costa da Caparica e que seria posteriormente incluída no plano de realojamento definitivo. “O processo da Marta não estava na Câmara, mas estamos neste momento a avaliar. Os serviços de Segurança Social estão a acompanhar e a promover uma reavaliação”, avançou a vereadora.
Na mesma situação de Marta estavam pelo menos outras oito famílias, que tinham nota de despejo mas estavam inicialmente excluídas do processo de realojamento. Para todos estes casos, “está uma equipa no terreno e vai ser encontrada uma solução”, indicou Francisca Parreira.
Em causa está o desalojamento urgente de pelo menos 60 famílias do bairro, cujas habitações foram construídas de forma informal por cima de uma vala de águas pluviais que atravessa o bairro do Segundo Torrão e que se encontra em risco de colapso.
Amnistia Internacional mostra reservas
Apesar das garantias transmitidas pelo município, a Amnistia Internacional – Portugal mostrou alguma reserva em relação ao desenrolar do processo. “Uma coisa é dizer, outra é fazer”, disse Pedro Neto, diretor executivo da organização, ao ALMADENSE. “O que tem valor factual é as coisas acontecerem. Esperamos que ninguém fique sem casa, que ninguém fique sem abrigo e que os direitos fundamentais destes moradores sejam cumpridos”, afirmou.
A acompanhar a situação no Segundo Torrão no terreno desde junho, a Amnistia Internacional tece críticas à forma como todo o processo de realojamento urgente foi gerido por parte da Câmara Municipal de Almada. “Falhou a comunicação. Faltou o envolvimento das pessoas. Os moradores mostraram incompreensão em relação ao processo. Não duvido do esforço, mas duvido da eficácia da comunicação, que fez com que chegássemos a este nível de tensão a que estamos a assistir”, apontou o responsável.
Com Andreia Gonçalves
https://almadense.sapo.pt/cidade/almada-43-familias-do-segundo-torrao-realojadas-de-emergencia-ate-ao-fim-de-agosto/