Segunda-feira, Dezembro 11, 2023
Opinião

Metro Transportes do Sul: À espera do futuro

Joana Baptista, membro da Comissão de Utentes de Transportes da Margem Sul                                                                                                                                                                 

Numa altura em que se apela às populações para deixarem o carro em casa e utilizarem os transportes públicos, contribuindo para a descarbonização e com o consequente combate às alterações climáticas, melhorar o serviço e a oferta existentes do MTS nunca foi tão necessário.

 

Foi no ano de 2007 que o metro de superfície entrou em funcionamento nos concelhos de Almada e Seixal, iniciando a construção de uma alternativa aos transportes públicos existentes e que iria revolucionar a ligação destes dois municípios.

Passados 16 anos da sua inauguração, os problemas começam a ser mais evidentes a cada dia que passa. Desde a não renovação da frota, à falta de manutenção do material circulante e dos carris e às expansões por concretizar, o Metro Transportes do Sul (MTS) congelou no tempo, circulando hoje em sobrelotação às horas de ponta, resultado do grande desinvestimento verificado ao longo dos anos.

Com as metas europeias estabelecidas para a descarbonização, assumidas pelos anteriores governos nacionais, é urgente valorizar os meios de transporte públicos, tornando-os uma alternativa viável e acessível a todos os cidadãos.

Todas as frotas têm um tempo de vida, sendo sempre necessária uma manutenção regular para rentabilizar ao máximo o seu tempo de serviço e não o encurtar. A falta de manutenção verificada no MTS é visível no rápido desgaste do material circulante, colocando em risco a continuidade deste serviço. As viagens de metro, que inicialmente eram suaves e silenciosas, tornaram-se turbulentas e ruidosas, prejudicando os utentes que, ao invés de um momento de descanso até chegarem ao seu destino, vivem um momento de desassossego.

A falta de manutenção não acontece só nos comboios: os carris por onde se deslocam também sofrem com esta carência. A grande consequência da falta de manutenção do sistema de carris é algo que todos os cidadãos que passam ou vivam junto do metro se queixam, o ruído ensurdecedor quando o metro circula. Isto resulta em grande parte da falta de limpeza constante dos carris, sendo raros os dias em que presenciamos os técnicos a desobstruí-los.

O circuito operacional do MTS é apenas a primeira fase deste projecto, estando ainda em papel as segunda e terceira fases, que ligarão os concelhos de Almada, Seixal, Barreiro e Moita e que aguardam pela decisão do Estado para avançarem. A estas duas expansões da circulação do metro junta-se ainda a promessa do prolongamento da linha desde a Universidade (FCT-UNL) até à Costa de Caparica.

Este aumento da oferta existente é bem-vindo e é há muito aguardado, seja para contribuir para o descongestionamento da ponte 25 de Abril e do IC20 ou para melhorar a intermodalidade entre a Fertagus e o MTS, ligando diretamente a Costa de Caparica a Lisboa e a Setúbal. Contudo, continuam sem ter uma data prevista para o seu início, verificando-se a falta de compromisso das várias entidades competentes para que isso aconteça. E quem fica a perder, uma vez mais, são os utentes deste meio de transporte, que continuam sem uma ligação direta entre as várias localidades, tendo que fazer inúmeros transbordos entre os vários meios de transporte disponíveis, demorando mais tempo do que necessário nas suas deslocações diárias.

Numa altura em que se apela às populações para deixarem o carro em casa e utilizarem os transportes públicos, contribuindo para a descarbonização e com o consequente combate às alterações climáticas, melhorar o serviço e a oferta existentes do MTS nunca foi tão necessário.

Concluindo, o Metro Transportes do Sul continua a ser uma mais-valia na diversidade dos transportes públicos, mas a sua renovação tem vindo a ser esquecida, prejudicando o seu bom funcionamento. E, até que as expansões das linhas sejam aprovadas, estas continuam a ser promessas para um futuro que continua distante de todos aqueles que as querem ver cumpridas.

Esta estagnação faz com que o Metro Sul do Tejo seja um projecto com futuro, mas parado nos tempos de glória.

 

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