Sábado, Outubro 12, 2024
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Energia regressou ao Segundo Torrão, mas moradores continuam à espera dos contratos de luz

Moradores afetados pela falha de luz continuam a aguardar pela prometida regularização do fornecimento de energia elétrica. Ao ALMADENSE, a empresa de distribuição garante que pretende concluir a instalação durante o primeiro trimestre deste ano.

 

A energia elétrica regressou esta segunda-feira ao bairro do Segundo Torrão, na Trafaria, onde dezenas de famílias estiveram durante praticamente quatro dias sem luz. No entanto, num bairro onde as falhas de rede são frequentes, mantém-se o receio de que a situação se repita, uma vez que as famílias continuam a aguardar pela prometida regularização do fornecimento de energia.

 

Cinco anos depois de estabelecido o protocolo que previa a instalação de contadores de luz neste bairro de génese ilegal do concelho de Almada, a E-Redes garante agora que pretende concluir a instalação dos contadores de energia elétrica ainda durante o primeiro trimestre deste ano.

A intenção foi transmitida ao ALMADENSE por fonte oficial da empresa de distribuição de eletricidade. “Espera-se que a obra esteja concluída durante o primeiro trimestre de 2022, permitindo que os moradores possam estabelecer contrato com um comercializador”, indicou fonte da E-Redes.

 

Associação apela a intervenção social

Nesta ocasição, a reposição da energia elétrica surgiu após vários apelos feitos pela Associação Cova do Mar, que desenvolve trabalho social junto de crianças do bairro, e que instou a uma intervenção social urgente.

“Pedimos às autoridades municipais para que fosse ativado o fundo municipal de emergência social, para prestar apoio social na entrega de refeições quentes, mantas e lanternas, entre outros bens de primeira necessidade junto destas famílias”, afirmou Alexandra González, presidente da associação responsável pelo projeto Fábrica dos Sonhos, em declarações ao ALMADENSE.

Perante a ausência de resposta de emergência por parte das entidades oficiais, a associação utilizou as redes sociais para apelar a donativos particulares, de forma a poder contribuir para “minimizar a situação de extrema vulnerabilidade em que se encontram estas famílias, privadas de eletricidade em pleno inverno”, num bairro com condições muito precárias.

 

Cinco anos à espera dos contadores

Foi para evitar este tipo de situações e para garantir o acesso da população a um bem essencial que, em 2017, foi celebrado um protocolo entre a EDP, a Câmara Municipal de Almada e a Associação de Moradores do bairro, que previa a instalação de contadores de luz para todos os agregados familiares do Segundo Torrão.

“Os moradores querem ter contratos e pagar pela luz que consomem”, dizia ao ALMADENSE Paulo Faísca, presidente da Associação de Moradores do Segundo Torrão, há cerca de um ano, na sequência de uma das habituais falhas de luz. Neste bairro, a maioria dos moradores acaba por recorrer a “puxadas” feitas de forma irregular, o que torna as sobrecargas de rede frequentes.

Nesse sentido, foi efetuado um levantamento do número de moradores e, em 2018, o executivo camarário procedeu à instalação dos muretes destinados a acolher os novos contadores. No entanto, cinco anos depois, o processo ainda se encontra por concluir.

O ALMADENSE procurou obter esclarecimentos sobre o assunto junto da Câmara Municipal de Almada, mas não obteve resposta. Por sua vez, a E-Redes, indicou que “tem vindo a concretizar a infraestrutura requerida (rede de baixa e média tensão, posto de transformação e muretes) para permitir a ligação de energia elétrica à casa dos moradores, de forma segura. Espera-se que a obra esteja concluída durante o primeiro trimestre de 2022, permitindo que os moradores possam estabelecer contrato com um comercializador”.

De origem clandestina, o Segundo Torrão é o maior bairro precário do concelho de Almada, onde vivem mais de três mil pessoas, enfrentando condições precárias de habitabilidade. Há vários anos que se aguarda o início do realojamento. No entanto, o processo ainda não arrancou.

 

No Segundo Torrão há uma “Fábrica” especial que sonha reabrir

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