Segundo Torrão: Associação lança campanha por um plano de realojamento “inclusivo”
Associação Cova do Mar defende que o realojamento dos moradores do Segundo Torrão, no concelho de Almada, deve ser acompanhado por “um estudo sociológico prévio”, incluindo “toda a comunidade”.
A associação Cova do Mar lançou a campanha #EuEnvolvoTODOS, que apela a que o realojamento dos moradores do Segundo Torrão, em Almada, não seja feito de forma alienada da comunidade e dos laços criados entre os habitantes. A associação sem fins lucrativos, que desenvolve trabalho social junto das crianças do bairro, defende um plano que seja “público, claro, antecipado, transparente, fidedigno e inclusivo”.
Em período de campanha eleitoral autárquica, com a habitação como tema central em Almada, o movimento pretende “aproveitar o momento de maior abertura para o diálogo saudável” para chamar a atenção sobre o assunto, apelando para que seja elaborado “um estudo sociológico prévio, que meça o impacto social que a desocupação forçada e o respetivo realojamento terá nas famílias e nas suas ligações”, informa em comunicado.
O Segundo Torrão, na Trafaria, é o maior bairro precário do concelho de Almada. Começou a ser construído nos anos 70, de forma clandestina, junto ao rio Tejo, por pescadores e mais tarde por moradores procedentes das antigas colónias. Vivem atualmente no bairro cerca de três mil pessoas, enfrentando condições precárias de habitabilidade e dificuldades de acesso a luz e água canalizada.
Em Outubro de 2020, Teodolinda Silveira, vereadora com o pelouro da habitação na Câmara de Almada, manifestou, em entrevista ao ALMADENSE, a intenção de iniciar o processo de realojamento ainda este ano, através da construção de lotes em terreno urbanizado pertencentes à Câmara “espalhados um pouco por todo o município”.
No entanto, o realojamento dos moradores ainda não arrancou e a demora levou um grupo de voluntários da Cova do Mar a pedir que o processo de realojamento envolva “toda a comunidade”, considerando-a um todo composto “pelas famílias, pelo comércio local e pelas instituições que atuam no terreno (e que são pilares de segurança emocional, espiritual ou cultural)”.
Responsável por iniciativas como a Fábrica dos Sonhos, um espaço criado para organizar atividades durante as férias das crianças do Segundo Torrão, a associação acompanha de perto as dificuldades enfrentadas pelos moradores do bairro. Pedem, por isso, a garantia de que “as minorias étnicas não são separadas nem discriminadas, mantendo o respeito às tradições e culturas”.
Ao mesmo tempo, consideram que o plano deve considerar também os animais de quem a população toma conta “e iniciar de imediato a esterilização e castração destas colónias, impedindo que se multipliquem”, bem como garantir que “as famílias podem levar os seus animais de companhia para as suas habitações novas”.
Texto: Beatriz Ribeiro