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A casa de Abril que Almada nunca viu

Joana Mortágua, deputada, dirigente do Bloco de Esquerda, vereadora da Câmara Municipal de Almada, licenciada em relações internacionais                                                                                     

João Carvalho, ativista pela habitação, artista performativo e membro da coordenadora concelhia do Bloco de Esquerda de Almada                                                                   

 

 As paredes têm vindo a encher-se com frases como «Almada já só é para ricos». Mas não estamos condenadas a aceitar esta sina trágica.

 

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Somos filhas e netas da revolução. Somos herdeiras das comissões de moradores do “Casas sim, barracas não”. Somos devedoras do projeto SAAL e da dignificação dos bairros. Somos parte da Constituição que aclamou o Direito à Habitação, do seu artigo 65º. Sabemo-lo de cor: «Todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e privacidade familiar».

Mas somos também testemunhas de uma Almada à qual foi arrancada a visão, a política, de mudança e de esperança. De uma Almada onde muitos já não conseguem morar. 

Somos as aflitas do quinto município com as rendas mais caras do país. Somos as excluídas do concelho que tem hoje mais bairros de casas degradas do que nos anos 90. Somos as expulsas de ruas inteiras gentrificadas pelo turismo selvagem. Somos as despejadas da cidade dominada pelos fundos imobiliários.

Há 49 anos, fomos o povo que conquistou direitos, o SNS e a Escola Pública, democracia e comunidade. 49 anos depois, hoje, somos o povo que espera.

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Somos a geração de jovens que enfrenta a segunda grande crise económica da sua vida, cada vez mais longe do sonho de um teto seu. Somos migrantes precárias em casas sobrelotadas. Somos aquelas que moram cada vez mais longe do trabalho, da escola e da família. Somos as famílias desesperadas com o crédito que só aumenta. Somos as mulheres forçadas a viver com agressores. Somos moradoras de casas municipais frias, com humidade e paredes a cair. Somos estudantes que desistem da licenciatura por falta de alojamento.

Somos as vítimas de sucessivos Governos guiados pela austeridade, pela imposição neoliberal que vende a vida de tantos a favor dos lucros de poucos. Dos benefícios fiscais que fazem de nós nómadas analógicos. Do centrão duro que fez de Portugal dos países com o menor parque habitacional público e um paraíso fiscal para a corrupção e para a especulação. 

Somos os contribuintes de uma Câmara Municipal credora de iniciativa. Tanto do passado, que lavou as mãos das responsabilidades, como do presente, que enche a boca de projetos megalómanos e promessas vazias, Almada é uma das manifestações mais fortes da crise habitacional que enfrentamos. 

O Bloco é o movimento que assumiu o mote «uma casa, uma causa». Um mote que nos imprime compromisso e orientação. Em Almada, é o Bloco que fala e age sobre a habitação.

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Somos os contribuintes de uma Câmara Municipal credora de iniciativa. Tanto do passado, que lavou as mãos das responsabilidades, como do presente, que enche a boca de projetos megalómanos e promessas vazias, Almada é uma das manifestações mais fortes da crise habitacional que enfrentamos.

 

Somos a força que acompanha as lutas dos bairros. Somos o partido que propôs regular o alojamento local. Somos as autarcas que confrontam o Executivo com os orçamentos por executar, as residências estudantis por construir, os fogos por reabilitar. Somos a massa que exige mais casas para arrendamento a custos controlados em novas construções (PS/PSD chumbaram). Somos as que denunciam os empreendimentos especulativos, que querem fazer do nosso concelho um parque de diversões para a elite.

Somos a inquietação que combate os herdeiros do fascismo. É na garantia dos direitos, do Estado Social e da igualdade que estão as armas contra a extrema-direita. Desocultamos o populismo que nada resolve, sempre de mãos dadas com os interesses financeiros. Recusamos voltar aos tempos dos grandes senhores nas mansões e do povo nas barracas.

A revolução de Abril ambicionou uma sociedade mais justa. Almada foi roubada dessa criação coletiva. Todos os dias mais uma idosa é despejada, mais uma família forçada a ter de ocupar uma casa emparedada. Mais uma tenda é montada, mais uma vizinha se perde. As paredes têm vindo a encher-se com frases como «Almada já só é para ricos». Mas não estamos condenadas a aceitar esta sina trágica.

Sejamos maiorias sociais. Pela descida e controlo das rendas. Pelo reforço do parque habitacional público. Pelo fim dos benefícios fiscais para residentes não habituais e nómadas digitais. Por contratos de arrendamento estáveis. Pelo fechar da porta aos fundos imobiliários. Pela definição de um turismo sustentável. Pela reabilitação urbana. Pela autogestão democrática dos bairros. Pelo fim da pobreza energética. Por respostas emancipatórias para pessoas em situação de sem abrigo, vítimas de violência doméstica ou adolescente LGBTI+ expulsas de casa. Pelo cumprimento dos investimentos governamentais, municipais e do PRR. Pelo cumprimento da função social das casas: para viver nelas. Mais do que um «território de muitos», um município para todas é possível.

Há semanas fomos largos milhares nas ruas com um sonho de uma casa para viver. Dia 25 seremos as destemidas que desenham o projeto por uma vida boa. A cada dia que se segue seremos as revolucionárias que gritam “Casas para morar, não para especular”.

Também pela habitação, desceremos a Avenida.

E para Almada habitar, seremos as almadenses que vão lutar. Junta-te.

 

https://almadense.sapo.pt/opiniao/o-que-tem-feito-almada-no-combate-as-alteracoes-climaticas-e-pela-seguranca-cicloviaria/

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