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Almada: a cidade que poderia ser competitiva, mas que se perdeu no betão

Valter Ferreira, Data Scientist e especialista em cidades inteligentes                                                                                                                                                             

Almada precisa de criar políticas de incentivo ao investimento que fixe a população residente, atraindo população dos concelhos vizinhos, provocando a alteração dos fluxos e criando riqueza para o município e para os seus munícipes.

 

Viver na margem sul do Tejo nos dias de hoje e ouvir/ler as notícias é começar a fazer contas à vida e às escolhas que fazemos. De acordo com as mais recentes notícias, passar a ponte para Lisboa pode aumentar 9%, ou seja, cerca de 20 cêntimos. As greves no metro e na travessia fluvial sucedem-se, a chuva volta a cair e, com tudo isto, o trânsito volta a complicar-se, ao que se junta a ausência de resposta da impreparada Carris Metropolitana, a sobrelotada Fertagus e uma rede de Metro Transportes do Sul (MTS) demasiado curta e que não une as duas cidades do concelho de Almada.

E eu, mais uma vez, dei comigo a pensar que Almada precisa de se tornar competitiva, atrativa e de se tornar um local onde qualquer empresa queira investir e criar riqueza.

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Vejamos: nos últimos 40 anos Almada cresceu, ganhou população e ainda continua a ganhar população. Mas perdeu indústria, perdeu emprego, passou de periferia de Lisboa, a dormitório e zona de circulação. Mais ainda: nos últimos cinco anos assistimos à continuação do investimento na obra pública em betão, rotundas e mais rotundas, reperfilamento de arruamentos, sinalização… obra que em nada resolve os problemas fulcrais de quem quer viver em Almada, gosta de viver em Almada e que cá gostava de passar mais tempo. Tempo útil e não fechado num transporte (individual ou coletivo).

Com a mudança cultural que vivemos agora, do “trabalhe de qualquer lugar”, existem bastantes razões para os governos locais ficarem entusiasmados com as possibilidades de desenvolvimento económico e a proximidade com a sociedade civil. Estará Almada pronta para responder a este desafio? Com os portugueses a trocarem as cidades mais caras por cidades secundárias ou periféricas, os municípios devem estar preparados para o aparecimento de novos negócios, novas zonas e, desse modo, desenvolver os serviços (físicos e digitais) e moldar a infraestrutura urbana para acomodar este crescimento, especialmente para dar conforto e qualidade de vida aos seus cidadãos e evitar a proliferação de bairros de lata.

 

Um município mais competitivo

Aos municípios e, no caso, a Almada, compete não investir exclusivamente no betão (e, quando investe no betão, pelo menos terminar as obras), mas sim tornar-se num município competitivo, um município que tenha a capacidade de atrair criadores de emprego e, assim, assegurar um crescimento sustentável do mesmo.

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A teoria dir-nos-ia que são necessárias políticas públicas proativas como disponibilização de terrenos, de habitação, serviços aos novos residentes e planeamento urbano, que alinhe a expansão física com postos de trabalho, habitação acessível, transportes de qualidade, hospitais e escolas que garantam igualdade de oportunidade para todos. Isto é, tudo aquilo que falta em Almada.

Ainda que a criação de emprego seja estimulada num quadro macroeconómico favorável, são necessárias políticas locais que encorajem a inovação, a competência e o desenvolvimento de novos negócios. Para que novos empregos possam surgir, é necessário que as empresas encontrem nas cidades onde se querem instalar o acesso a pessoas com as competências necessárias, a redes de negócios que potenciem o seu crescimentos, ao financiamento e ao espaço para começar e expandir. Não devendo o Estado substituir-se à iniciativa privada, devendo apenas ter um papel de mediação, interlocução e estímulo, seja pelo estabelecimento de relações, seja pela introdução de políticas fiscais atrativas e benéficas para o seu território.

A diferença chave entre uma cidade competitiva, com capacidade de atrair investimento e, por consequência, gerar emprego, e as outras, não é a existência de um plano de desenvolvimento estratégico no papel, mas sim uma efetiva implementação de ações estratégicas. Cidades competitivas alinham o seu orçamento municipal com iniciativas prioritárias e não deixam que sejam os gastos do ano anterior a ditar as prioridades de alocação.

Para terminar, deixo algumas formas de como pode Almada encorajar o desenvolvimento económico e, ao mesmo tempo, tornar-se atrativa para investimento e consequente criação de emprego. Em primeiro lugar, está a digitalização de serviços, não transformando a burocracia física em burocracia digital, mas agilizado e acelerando a tomada de decisão em processos como licenças e/ou registo de novos negócios.

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Seguidamente, através da transformação do espaço urbano, melhorando as infraestruturas físicas, inclusive as de uso municipal e as de fruição de espaço público e mobilidade. Rever a sua política fiscal, essencialmente no que concerne com a redução de taxas, celeridade de licenciamentos, consignação do IRS e IRC e encargos da empresas com a derrama. Por fim, e porque estamos na era da transformação digital, as decisões devem ser cada vez mais tomadas com dados relevantes e obtidos via cidadãos e empresas e não apenas fechados num qualquer gabinete partidário.

Em suma, Almada necessita de criar políticas de incentivo ao investimento que fixe a população residente em Almada, atraindo população dos concelhos vizinhos, provocando assim a alteração dos fluxos viários e criando riqueza para o município e para os seus munícipes, Almada não pode ser uma passagem, Almada tem que ser um município para Viver, um município para Trabalhar.

 

https://almadense.sapo.pt/cidade/arrancam-obras-na-av-do-cristo-rei-em-almada/

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