Luís Durão, deputado municipal em Almada pelo PSD
A Presidente Inês de Medeiros e o seu executivo não demonstraram abertura para negociar ou incorporar propostas do PSD, evidenciando uma postura intolerante e uma falta de espírito democrático.
O final do ano é, tradicionalmente, um momento de reflexão, avaliação e, quem sabe, meditação sobre as questões essenciais das nossas vidas: trabalho, família ou até preocupações mais quotidianas, como a falta de exercício físico no último ano. Este exercício de introspeção, no entanto, não deve limitar-se ao âmbito individual, mas deve também ser aplicado à nossa comunidade, ao que nos rodeia, e, em particular, ao estado da nossa cidade de Almada, especialmente ao longo dos últimos sete anos.
Para iniciar este exercício de meditação, sobre esta cidade à beira-rio, é necessário enumerar os pressupostos de que partimos, nomeadamente:
1) Almada vive em democracia há 50 anos, com as primeiras eleições autárquicas a ocorrerem em 1976, quando a Frente Povo Unido, liderada pelo Partido Comunista Português (PCP), venceu o ato eleitoral.
2) Entre 1976 e 2017, o PCP, integrado na Coligação Democrática Unitária (CDU), governou Almada por mais de 40 anos.
3) Em 2017, o Partido Socialista (PS) alcançou uma vitória histórica, destronando o “bastião” comunista pela primeira vez em quatro décadas.
4) Para assegurar a governabilidade, o PS, liderado por Inês de Medeiros, estabeleceu um acordo com o Partido Social Democrata (PSD), garantindo maioria na Assembleia Municipal e na Câmara.
5) Esse acordo durou sete anos, até ao chumbo do orçamento municipal por parte do PSD, no dia 20 de dezembro de 2024.
Com os principais factos claramente expostos, podemos passar à segunda parte desta meditação – a reflexão.
É inegável que Almada mudou muito e para melhor ao longo dos últimos 50 anos. Foram registados avanços significativos em áreas como a saúde, educação, habitação, mobilidade e espaços verdes, impulsionados pela liberdade política, pela abertura económica, bem como pela integração de Portugal na União Europeia. No entanto, desde os anos 90, e de forma mais acentuada após a crise financeira de 2010, a cidade começou a estagnar. Verificaram-se retrocessos em programas habitacionais, uma mobilidade urbana pouco integrada e um tecido empresarial fragilizado, dependente do setor público, enfrentando a ausência de condições favoráveis ao desenvolvimento de pequenas, médias e grandes empresas.
Foi a promessa de mudar esta realidade que, em 2017, levou os almadenses a confiar no PS e na presidente Inês de Medeiros. A cidade deveria, finalmente, ter respostas para os seus problemas e um futuro para quem aqui vive e trabalha. Durante sete anos, o PSD mostrou abertura para colaborar, negociando com o executivo socialista, com o objetivo de implementar reformas estruturais e promover um verdadeiro crescimento do município.
Contudo, durante o segundo mandato do PS, tornou-se evidente que muitas das promessas feitas ficaram pelo caminho, diluídas em apresentações, projetos, processos administrativos impugnados e trocas de culpas entre a autarquia e a administração central (como é o caso da extensão da linha de metro até à Costa da Caparica). Em resposta, o PSD apresentou propostas concretas no último orçamento: a criação de um parque de empresas, a redução da carga fiscal, para alinhá-la com outros municípios da Área Metropolitana de Lisboa, e a implementação de um programa de melhoria da higiene urbana com recurso a novos processos tecnológicos para aumentar a eficiência na recolha de resíduos, entre outras iniciativas.
A reação do PS, porém, foi de intransigência. A presidente Inês de Medeiros e o seu executivo não demonstraram abertura para negociar ou incorporar propostas do PSD, evidenciando uma postura intolerante e uma falta de espírito democrático. Diante desta atitude, o PSD viu-se forçado a rejeitar o orçamento, recusando-se a ceder a uma gestão autoritária que não serve os interesses dos almadenses.
Este comportamento do PS não se restringiu ao PSD. O executivo mostrou também incapacidade de dialogar com outras forças políticas, o que acabou por levar ao chumbo do orçamento para 2025. Esta ausência de consenso reflete a falta de visão estratégica e de liderança por parte do atual executivo PS.
E assim chegamos à nossa conclusão, ou, como diria Siddhartha Gautama (pai do Budismo), ao momento de iluminação.
Almada percorreu, nos últimos sete anos, um caminho de esperança que, infelizmente, colidiu com a realidade. As promessas do PS e da presidente Inês de Medeiros pouco diferiram das práticas dos anteriores executivos da CDU. Continuamos a viver numa cidade que não consegue responder aos desafios nem aproveitar as oportunidades do século XXI. Almada não precisa de ser o “Tibete” da Área Metropolitana de Lisboa, isolada e resignada ao estatuto de cidade dormitório.
Durante este período, Almada perdeu várias oportunidades de transformação. No entanto, este fado não tem de ser definitivo. Tal como cada novo ano renova a esperança, 2025 pode ser o ponto de viragem para os almadenses. Um ano em que os fantasmas do passado, tanto os mais longínquos como os recentes, deixem de ser um entrave ao nosso destino coletivo.
Continuo a acreditar que Almada tem tudo para se tornar uma cidade vibrante, dinâmica e preparada futuro.
Um Feliz Ano Novo.
PSD chumba orçamento de Almada para 2025 em Assembleia Municipal
Até os mortos do PSD voltaram para tramar outros do PSD a guerra entre eles . Basta ver quem vai ser o q concorre à Costa. Vergonhoso até se ler na pagina do Facebook de uma dita sra laranja podre e outro sugerir retirar CP.