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Transborda 2024: “democratizar a dança contemporânea” em Almada

Com espetáculos de entrada livre ou até aos 10 euros, oficinas abertas ao público e conversas com os coreógrafos, a Transborda – Mostra Internacional de Artes Performativas – traz a Almada artistas de todo o mundo e transcende fronteiras.

 

É no Ponto de Encontro de Cacilhas, imersos na vista panorâmica para o outro lado do Tejo, que o ALMADENSE encontra Adriana Grechi e Amaury Cacciacarro, diretores artísticos da Transborda, mostra internacional que junta, em Almada, inovadores e conceituados artistas ligados às artes performativas. De 27 de abril a 12 de maio, há espetáculos, laboratórios, performances e conversas para descobrir em três palcos da cidade: o Ponto de Encontro – Casa Municipal da Juventude, o Fórum Municipal Romeu Correia e o Teatro Municipal Joaquim Benite.

Para Adriana Grechi, este é um evento que “faz todo o sentido em Almada, cidade que acolhe mais de cem nacionalidades, com uma longa história cultural e imensa vontade de conhecer”. Para além disso, “há uma predisposição por parte dos almadenses para a vida cultural: do funcionário do banco à senhora do mercado, todos têm uma vivência cultural muito forte, que vem do espírito associativo da cidade”, acrescenta Amaury Cacciacarro.

Foram estas características, aliadas a uma forte rede de espaços culturais, que levaram Amaury e Adriana a começar em Almada a Transborda, mostra que há quatro anos procura “democratizar a dança contemporânea”. Como destaques da presente edição, os diretores artísticos apontam o espetáculo de Ivana Müller, “referência da dança internacional” que apresenta em Portugal, pela primeira vez, “Forces of Nature”, jornada coletiva que aborda temas como a interdependência, a importância de cuidar e a sustentabilidade.

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“Do Cristian Duarte vamos apresentar três trabalhos, o que permite ter um panorama da sua obra”, aponta Amaury Cacciacarro. Começando por “The Hot One Hundred Coreographers”, referência para a dança contemporânea no Brasil, a Transborda traz também “Presentes”, com Aline Bonamin, e “Para Tocar e não Prender”, laboratório-performance sobre ficção, realidade e emoção.

Os diretores artísticos realçam ainda a importância de integrar na mostra artistas nacionais e locais, como Rafael Alvarez, que abre a Transborda 2024 a 27 de abril com “Mono-no-aware”, expressão japonesa que significa “uma empatia para com as coisas”. O espetáculo “interpela e convoca diferentes materiais imagéticos e poéticos, partindo deste lugar de memória e evocação, e simultaneamente de aceitação e contemplação do tempo presente e da sua transitoriedade”, pode ler-se no programa. Já de Almada chega Mariana Tengner Barros, d’A Bela Associação, que participa como performer em “Mono-no-aware”. “Para nós, é importante esta conexão com artistas locais, que desenvolvemos ao longo do ano”, indica Adriana.

De acordo com Amaury, é importante “resgatar trabalhos bem feitos, ir buscar o que já foi apresentado, porque a obra não é um produto acabado”. Desta forma, os diretores artísticos replicam – agora em Almada – o trabalho de seleção que fizeram durante 13 anos no Festival Contemporâneo de Dança de São Paulo. “Em São Paulo, a nossa ideia foi apresentar arte e dança contemporânea de ponta, que envolve experimentação, para um público muito diverso, que anteriormente não tinha acesso”, indica, “e em Almada fazemos o mesmo”.

 

Uma história de crescimento

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Desde a sua primeira edição em 2021, que a Transborda tem crescido em número de palcos, de apresentações e, acima de tudo, no público “cada vez mais diverso” que aí descobre a dança contemporânea. Para Adriana, “foi isso que sempre interessou fazer: criar um público muito misturado, com histórias culturais e sociais diferentes, porque entendemos que é isso que enriquece a relação com os trabalhos”. A quem ainda não conhece a Transborda, os diretores artísticos convidam a “experimentar a dança contemporânea”, forma artística onde se pensa a relação com o outro e o futuro da humanidade.

Entre as experiências de sucesso em Almada, contam-se a do espetáculo “Batucada”, “que no Brasil sofreu forte censura e que só foi possível viabilizar aqui”, na edição anterior da Transborda. A partir de um laboratório que apelou à participação de todos os interessados, Marcelo Evelin “trabalhou a matéria dos corpos, que vão ocupando todos os espaços e existem de uma forma intensa”.

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“Os artistas que trazemos propõem verdadeiras experiências do corpo, que envolvem muita investigação artística”, indica Adriana. Para a diretora,  “é daí que vem todo o potencial de comunicação, mesmo com quem não está habituado a assistir a dança. Os artistas que trazemos propõem modos de estar no mundo, trazem questões urgentes da vivência contemporânea”.

Também a programação ao longo de todo o ano da Casa da Dança tem vindo a estabelecer o Ponto de Encontro como local de aprendizagem e partilha. Para além de apoio à investigação e residências artísticas, Adriana e Amaury promovem apresentações e laboratórios com valores acessíveis, que chamam “cada vez mais artistas das proximidades e, até, de outros países”. Já a planear a próxima edição da Transborda, os diretores prometem continuar a trazer a Almada o que de melhor se faz na dança contemporânea.

A quarta edição da Transborda é organizada pela Casa da Dança e conta com o apoio da DGArtes, Iberescena, Instituto Francês de Portugal e Câmara Municipal de Almada. Os espetáculos na Casa da Dança contam com entrada livre, mediante reserva. Já os bilhetes para os espetáculos no Fórum Municipal Romeu Correia têm o valor de 6 euros (5 euros para jovens, seniores e grupos), e no Teatro Municipal Joaquim Benite têm o valor de 10 euros (8 euros para seniores e 7 euros para jovens). Este ano, o evento conta com o apoio do ALMADENSE enquanto parceiro de media.

Conheça aqui a programação completa.

 

https://almadense.sapo.pt/cultura/festival-de-musica-dos-capuchos-2024-celebra-a-revolucao-dos-cravos/

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