Festival Sul pretende ser “um espaço de reflexão, aprendizagem e debate” e uma iniciativa de “diversificação da oferta teatral” em Almada. Decorre de 2 a 6 de abril, na Costa da Caparica e Trafaria.
É um novo festival a acontecer em Almada – no início do próximo mês, o concelho acolhe o SUL – Festival Internacional de Artes Performativas, evento da responsabilidade da companhia de teatro documental Hotel Europa, que aposta “na diversificação da oferta teatral no concelho”, no ano em que celebra o seu décimo aniversário de existência.
A partir de 2 de abril e ao longo de cinco dias, o festival traz a arte performativa às freguesias da Costa da Caparica e Trafaria – uma localização “propositadamente periférica”, de acordo com os organizadores. Ao longo dessa semana, será possível assistir a espetáculos performativos, baseados em metodologias documentais, bem como participar em ações de formação e workshops criativos.
“Com foco em questões políticas, lutas sociais e memória coletiva, SUL – Festival Internacional de Artes Performativas promete ser um espaço de reflexão, aprendizagem e debate sobre temas estruturais da sociedade contemporânea, como memória coletiva, democracia, colonialismo ou resistência ao fascismo e ao totalitarismo”, pode ler-se no comunicado da organização.
As festividades começam dia 2 de abril na Escola Básica Cardoso Pires, na Costa da Caparica, com o espetáculo para famílias “Manda os teus pais Passear, outra vez”, criação do Teatro Experimental do Porto. O dia 3, segundo dia de festival, fica marcado pela estreia em Portugal de “Antiwords”, da companhia checa Spitfire Company, que decorrerá nos Recreios Desportivos da Trafaria. É lá também que, no dia seguinte, é apresentado a palestra-performativa “Desver – Uma Breve Performance sobre Um País Ocupado por Outro”, projeto de Joana Craveiro com o Teatro do Vestido, a partir das suas recolhas e do acervo que está a coligir sobre a questão Palestiniana.
Dia 5, destacam-se dois eventos: no Auditório da Costa da Caparica, a angolana Marisa Paulo apresenta “Fragmentos”, espetáculo de dança criado a partir de entrevistas a várias mulheres negras na Diáspora; já na Base da NATO, na Fonte da Telha, decorre uma visita/conversa Isabel do Carmo, uma das fundadoras e dirigente das Brigadas Revolucionária, que no início dos anos 70 recorreram à luta armada para lutar contra o regime do Estado Novo.
O festival termina no dia 6 com o espetáculo “Portugal não é um país pequeno”, uma criação do Hotel Europa que reflete sobre a questão colonial, e que é apresentada na Trafaria. A entrada para todos os espetáculos é gratuita, sempre sujeita a inscrição prévia e condicionada à lotação dos espaços.
Outros destaques incluem vários concertos e DJ sets, com nomes como Nelson Makossa (dia 3), Joana Guerra (4) ou Pedro Salvador (6), bem como workshops a cargo de André Amálio e Tereza Havlíčková, que vão explorar o mundo do teatro documental, e do artista moçambicano Mbalango em torno do Mbira, instrumento tradicional da África Austral. A programação completa está disponível no site do Hotel Europa.
Dia Mundial do Teatro assinalado em Almada com Rui Cardoso Martins e Marguerite Duras