Embora a perder fôlego, a esquerda continua maioritária em Almada. Numa noite eleitoral marcada pela incerteza, o conjunto dos partidos de esquerda somou no concelho 53% dos votos.
Na jornada eleitoral de 10 de março, o PS voltou a ser o partido mais votado em Almada, mas com um resultado bastante inferior ao alcançado em 2022. Nestas eleições legislativas, a formação liderada por Pedro Nuno Santos obteve no concelho 32% dos votos, o que compara com os 45,6% alcançados há dois anos por António Costa. Este resultado contribuiu para a eleição de sete deputados pelo círculo eleitoral de Setúbal, encabeçado por Ana Catarina Mendes (menos três do que há dois anos).
Numa noite que deu à Aliança Democrática uma curta vitória a nível nacional, em Almada, a coligação composta por PSD, CDS-PP e PPM conseguiu segurar o segundo lugar, com 19,3% dos votos. A formação de Luís Montenegro obteve um resultado próximo do que foi conseguido pelos mesmos partidos há dois anos se somarmos a votação do PSD (17,5%) à do CDS-PP (1,1%). No distrito de Setúbal, a coligação de direita elegeu quatro mandatos, mais um do que em 2022.
A ascensão do Chega a nível nacional também teve o seu reflexo em Almada. Com um total de 17 mil votos, a formação de André Ventura quase triplica o resultado de há dois anos (em que obteve 6671 votos), subindo de 7,4% para 16,8%. O partido consegue mesmo colocar-se como a segunda força mais votada no distrito de Setúbal, onde elege quatro deputados, entre os quais a cabaça de lista Rita Matias.
Segue-se a coligação CDU (composta por PCP e PEV), que continua assistir a uma erosão do eleitorado num concelho historicamente favorável. A formação de Paulo Raimundo desce em Almada dos 9% alcançados em 2022 para perto de 7%. Ainda assim, consegue reeleger por Setúbal a atual líder parlamentar, Paula Santos.
Já o Bloco de Esquerda, conseguiu um resultado em linha com o obtido nas eleições legislativas realizadas há dois anos, embora com um reforço em número de votos. O partido de Mariana Mortágua manteve-se na casa dos 6%, subindo de 5384 votos para 6089. Joana Mortágua, novamente cabeça de lista pelo círculo eleitoral de Setúal, foi reeleita.
Também a Iniciativa Liberal obteve em Almada um resultado idêntico ao de 2022, fixando-se este ano nos 5,6%. A formação conseguiu também voltar a colocar na Assembleia da República Joana Cordeiro, candidata pelo distrito.
Na esquerda, o Livre foi o partido que mais cresceu no concelho, mais do triplicando os votos obtidos há dois anos. Em Almada, a formação de Rui Tavares subiu dos 1,8% para 5,3%, elegendo pela primeira um representante pelo distrito de Setúbal: Paulo Muacho.
Finalmente, o PAN, de Inês Sousa Real, conseguiu um pequeno reforço, dos 2,2% para os 2,7%, não elegendo qualquer representante no distrito.
Tal como no resto do país, também em Almada a abstenção recucou. A taxa de participação subiu dos 59,2% para os 67%, tendo votado mais de 100 mil eleitores. Num concelho historicamente de esquerda, a tradição manteve-se nestas legislativas, mas com menos força. No seu conjunto, a esquerda somou 53% dos votos em Almada (incluindo o PAN). Já os partidos de direita (incluindo o Chega), obtiveram no concelho um total de 41,8%.
Confira os resultados no concelho:

https://almadense.sapo.pt/cidade/ines-de-medeiros-vence-em-almada-sem-maioria-absoluta/