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“Ninguém vai retirar o pavimento da Fonte da Telha até haver uma solução definitiva”

Admite que a pavimentação da estrada da Fonte da Telha foi uma solução “provisória”, mas receia que, “como em tudo na vida em Portugal, o provisório se torne definitivo”. Na segunda parte da entrevista ao ALMADENSE, o vereador responsável pela rede viária na Câmara Municipal de Almada, Miguel Salvado (PSD), apresenta os planos da autaquia para a Fonte da Telha e defende as opções do município em termos de mobilidade ciclável.

 

A FCT fez um estudo sobre a intervenção feita no acesso à Fonte da Telha que indica que a estrada é provisória. O pavimento vai mesmo ser retirado?

O que o estudo diz é que aquilo é uma situação provisória até haver uma solução definitiva. Numa solução definitiva a estrada provavelmente não estaria ali. Teria que recuar e ter outra configuração, mas para isso é preciso retirar as casas que lá estão. Já toda a gente percebeu que ninguém vai arrancar o pavimento até haver uma solução definitiva. Não vamos arrancar para voltarmos à lama, à poeira, à porcaria e à desorganização. O estudo veio comprovar que é uma solução provisória. O meu receio é que, como em tudo na vida em Portugal, o provisório se torne definitivo.

 

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O que defende a autarquia para o futuro daquela zona?

A Câmara quer a requalificação da Fonte da Telha. Se tiver que haver demolições que as haja, desde que seja para requalificar e para melhorar. No entanto, nós queremos que as pessoas que moram na Fonte da Telha, que são originárias de lá e que moram lá (não aquelas que fazem lá férias) há 20 ou 30 anos possam lá continuar. Com melhores condições, talvez noutro tipo de habitação, mas que se mantenham na Fonte da Telha.

 

A Câmara está de acordo com a demolição das casas?

O Plano da Orla Costeira (POC) prevê a demolição e retirada daquilo tudo. Mas, para isso, tem que haver vontade política central. Porque do lado do município há essa vontade. As pessoas são donas dos terrenos, mas aquilo são terrenos rústicos. Não são de construção, exceto numa zona pequena. O que a Câmara quer é que haja um plano de urbanização da Fonte da Telha. O município tem andado a tomar a dianteira neste assunto, até com todos os custos políticos. Se não fôssemos nós a arranjar aquela zona, a trazer o assunto e a forçar para se arranjar uma solução, se calhar não havia nenhuma solução.

 

Quanto à empreitada prevista para a Avenida do Mar, na Charneca de Caparica, quando irá avançar?

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Pedimos autorização para fazermos a obra ao Instituto para a Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), que deu parecer favorável condicionado a alterações como a retirada da iluminação pública, porque consideram ser zona de mato, para proteger fauna e flora. Tanto que o preço acabou por ser mais baixo do que o previsto inicialmente: vai ficar em 2,7 milhões de euros porque houve uma reformulação. Se tudo correr bem, podemos ter os trabalhos preparatórios no terreno durante o verão. Estamos a falar numa obra que pode durar um ano e meio, cerca de 500 dias.

 

O projeto que foi divulgado coloca a ciclovia no passeio. Portanto, peões e bicicletas na mesma via. Porquê esta opção?

Foi uma opção de projeto porque ali, à semelhança do que está a ser feito em Lisboa, criámos uma zona mista: dá para pessoas e bicicletas. Tem 2,2 metros de ciclovia, mas também tem passeio porque a largura entre a faixa de rodagem e as casas é maior.

 

Associações de mobilidade urbana como a Mubi criticam a opção de colocar a ciclovia no passeio, dizendo que provoca conflitos e insegurança para os peões. Como comenta?

Nós estamos a fazer o que está a ser feito em Lisboa e noutros sítios. Penso que eles não perceberam bem o projeto, sinceramente. O que nós aqui temos é um pouco o que acontece na zona do Campo Grande: de um lado uma zona de ciclovia e, do outro, passeio para as pessoas.

 

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Aspeto atual da Avenida do Mar, na Charneca de Caparica. 

 

Em Lisboa estão neste momento a ser feitas várias ciclovias segregadas, destinadas apenas à circulação de bicicletas.

Na Avenida do Mar a ciclovia vai ter fisicamente um aspeto diferente. Vai ter uma separação de cor e de pintura. A parte de ciclovia vai ter uma cor e o passeio vai ser em pavê, não em calçada. Agora há uma coisa que acontece, mas isso já tem a ver com a educação das pessoas, que é: as pessoas gostam de andar no meio das ciclovias a pé, aí é outra história.

 

Acha que a forma como foi desenhada garante a segurança?

Penso que sim. Mas é como em tudo na vida: se as pessoas quiserem ir para o meio da ciclovia a pé como acontece em muitos sítios…

 

Se a ciclovia é no passeio é fácil que isso aconteça porque os peões circulam no passeio.

Temos uma faixa pintada, com indicações, com sinalização, agora vamos ver o que as pessoas fazem. Esse é um debate complicado. Optámos por esta opção devido ao espaço que é, por termos paragens de autocarro, porque o espaço não estica. O que os técnicos nos dizem é que é a adequada. Nós pensámos nesse assunto com muita calma porque queríamos criar condições para ambos, mas vamos ver.

 

Este modelo de vias “ciclopedonais” foi usado também nos percursos escolares cicláveis na Sobreda. Vai ser mantido?

Há zonas onde o espaço é pequeno e, para termos a mobilidade ligeira, em bicicleta, não temos outra hipótese do que criar essas zonas mistas. O projeto dos percursos escolares cicláveis foi feito por especialistas. Se os técnicos dizem que aquela é a única forma, nós aceitamos. Sabemos que este tipo de soluções cria sempre reclamações, mas tentamos que haja um equilíbrio entre todas as partes.

 

Costuma andar de bicicleta em Almada?

Ando de bicicleta também em Almada. Faço mais bicicleta de estrada, mas admito que em Almada não é fácil, até por outro motivo: em Almada temos algumas ciclovias unidirecionais com muitos obstáculos pelo caminho. Os ciclistas gostam de ter ciclovias com alguma largura e que sejam em contínuo: não ter que parar com os passeios, contornar canteiros…

 

Concorda que falta uma rede estruturante de vias cicláveis em Almada?

É isso que estamos a tentar fazer. Aos poucos e poucos estamos a tentar incluir ciclovias em todos os projetos onde há espaço. Mas por vezes não conseguimos. Por exemplo, na renovação da estrada nacional 377, na Charneca de Caparica. Aí, ou púnhamos passeio para as pessoas circularem, paragens para os autocarros, estacionamento ou então ciclovia. E a opção foi não fazer ciclovia.

 

Leia também a primeira parte da entrevista, em que o vereador Miguel Salvado explica os planos da autarquia para o eixo central de Almada e para a estrada Florestal.

 

https://almadense.sapo.pt/mobilidade/vereador-da-mobilidade-em-almada-vamos-ter-duas-vias-de-transito-no-eixo-central-sempre-que-possivel/

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