Carta aberta: Por uma ciclovia ao longo da linha do metro para a Costa da Caparica

Moradores de Almada e associações de promoção da utilização da bicicleta exigem ao Metropolitano de Lisboa, à Câmara Municipal de Almada, Transportes Metropolitanos de Lisboa e Metro Transportes do Sul  que o projecto do prolongamento do metro à Costa de Caparica inclua uma ciclovia contínua junto do canal de ferrovia. Esta medida irá potenciar as deslocações activas, em particular pelo uso da bicicleta e a sua intermodalidade com o transporte público em Almada. Esta futura ciclovia deverá ser complementada com um percurso pedonal segregado, de modo a garantir também a segurança das pessoas que caminham.

Após o anúncio, no dia 25 de Março de 2024, de que o Metropolitano de Lisboa vai elaborar os estudos para a contratação do prolongamento do Metro Sul do Tejo à Costa de Caparica, mais de cem utilizadores/as de bicicleta de Almada e associações de promoção da utilização da bicicleta de âmbito nacional, juntam-se para exigir que este projecto inclua ciclovia ao longo do canal de ferrovia ligeira, de modo a promover diferentes modos de transporte sustentáveis, seguros, acessíveis e que deem resposta às necessidades das pessoas que residem, trabalham ou se deslocam pelo concelho de Almada. 

A infraestrutura de Metro de superfície que existe em grande medida no concelho de Almada, construída entre 2003 e 2008, não contemplou ciclovias contínuas ao longo dos canais do Metro, existindo apenas pequenos troços de ciclovia que não têm ligação entre si, consistindo numa fragmentação do sistema de mobilidade em bicicleta, que resulta na sua reduzida utilização pela população. Esta obra do Metro foi uma oportunidade perdida em coadjuvar e promover mobilidades alternativas, nomeadamente na oferta de mais rede ciclável, para fomento às deslocações dentro e para fora do concelho de Almada. Conjugar no mesmo projecto meios de transporte sustentáveis como transporte público, mobilidade em bicicleta e mobilidade pedonal, é garantir mais qualidade de vida, e uma utilização mais eficiente do erário público.

Considera-se pertinente e prioritário face à urgência climática, que não se continuem a perder oportunidades de incluir a mobilidade activa no centro do planeamento estratégico do nosso território.

As infraestruturas cicláveis no concelho de Almada continuam aquém do previsto no Plano Almada Ciclável, de 2005, que previa a construção de cerca de 200km de rede ciclável pelo concelho e que previa que até 2015, 5% das deslocações no concelho seriam realizadas em bicicleta. Tendo falhado as suas próprias metas, Almada está em vias de falhar a convergência no compromisso nacional  estabelecido na Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa Ciclável 2020-2030 (ENMAC), que prevê que até 2025, 4% das deslocações em Almada sejam realizadas de bicicleta, chegando aos 10% até 2030. Assim, entende-se ser prioritário e pertinente que todos os projectos no âmbito da mobilidade sejam também uma garantia na promoção e utilização dos modos activos de deslocação. Ainda, importa perceber a necessidade de não colocar estes modos de deslocação em conflito, sendo a prioridade de segurança das deslocações a pé, seguida das deslocações em bicicleta, devidamente segregadas.

Esta reivindicação pública surge pela notória falta de interesse e investimento público, assim como pela falta de envolvimento da população, que é facilmente verificável nos projectos de infraestruturas no território de Almada. A título de exemplo, note-se o recente anúncio do alargamento da estrada IC20 para quatro vias, obra da responsabilidade da Infraestruturas de Portugal (IP) e Autoestradas Baixo Tejo (AEBT), que motivou uma petição pública com mais de 2500 assinaturas, a exigir complementariedade e melhoria em mais transportes públicos e mais infraestruturas para mobilidade activa em vez de apenas estradas para automóveis.

É também notória a falta de envolvimento da Câmara Municipal de Almada (CMA) com a sua comunidade local, nomeadamente, pela falta de diálogo na discussão de  propostas e projectos de ciclovias. A participação melhoraria as condições de mobilidade de quem pedala, mas por não terem em consideração a opinião e experiência de quem as utiliza, acabam por ser originados projectos medíocres que pioram a segurança e conforto de quem anda a pé ou circula de bicicleta. Veja-se a qualidade da recente requalificação da ciclovia de Cacilhas, cujos pinos de plástico “de protecção” já se encontravam grandemente deteriorados passado apenas algumas semanas da conclusão da obra, ou a ciclopedonal da Sobreda, que ficou conhecida como a “ciclotrampa do Lazarim”, por se tratar de uma mera pintura de vermelho de um caminho pedonal, com diversos obstáculos físicos ao longo do trajecto que dificultam a utilização da infraestrutura.

Assim, considera-se pertinente e prioritário face à urgência climática, que não se continuem a perder oportunidades de incluir a mobilidade activa no centro do planeamento estratégico do nosso território. Solicitamos às entidades com competência, nomeadamente à Metropolitano de Lisboa, responsável pelo projecto, mas também à Câmara Municipal de Almada, responsável pela gestão territorial, à Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), responsável pela promoção da rede ciclável a nível regional e à Metro Transportes do Sul (MTS), que irá operar o serviço de metro de superfície, que procedam em conformidade para incluir um percurso pedonal e uma ciclovia ao longo da linha do metro, no projecto do alargamento do Metro, do Monte da Caparica para a Costa da Caparica, e que o projecto tenha momentos de participação e discussão pública, isenta e transparente.

Almada, 2 de Abril de 2024

Subscrevem esta carta aberta:

Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta (MUBi)

Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta (FPCUB)

Residentes no concelho:

1. Alice Torres, moradora nos Capuchos
2. Aline Hultemann, moradora no Feijó
3. Ana Laura Sousa, moradora na Costa da Caparica
4. Ana Patrícia Rodrigo, Charneca da Caparica
5. Ana Ponce Álvares, Vila Nova Caparica
6. Ana Mendonça, Costa da Caparica
7. André Cabrita Montes Fernandes, Costa da Caparica
8. Andreia Zorrinho, moradora em Cacilhas, trabalhadora no Monte da Caparica 
9. António Miguel Coelho, Costa da Caparica
10. Bárbara Paola Camous de Andrade, Almada
11. Beatriz Gonçalves Lopes, Ramalha
12. Bruna Ledo Pontes, Sobreda
13. Carlos Guedes, Cova da Piedade
14. Catarina Freitas Alves, Pragal
15. Catarina Machado, Cacilhas 
16. Cristina Oppermann, Costa da Caparica
17. Dalva Oliveira de Paula, Cova da Piedade
18. Débora Muzzi, Almada
19. Diana Figueiredo Botelho, Sobreda
20. Diana Maria Pinto Prata, Trafaria
21. Diogo Salvador, Almada
22. Eduardo Abalada, Pêra de Baixo
23. Fábio Alexandre Lopes Gonçalves, Almada
24. Filipe António Caldeira Guerra, Costa da Caparica
25. Flávia Sommerlatte Silva, Cova da Piedade
26. Francisco Morais Morais, Charneca da Caparica
27. Gabriel Walsh, Costa da Caparica
28. George Zelenjuk, Almada
29. George Zelenjuk Filho, Almada
30. Gonçalo Mendes Maria, Ramalha
31. Goreti Nunes, Costa da Caparica
32. Gustavo Santos Urbano, Cova da Piedade
33. Helder Silva, Alcaniça
34. Inês Sarti Pascoal, Almada
35. Íris Santos, Cova da Piedade
36. Izabela Muzzi Campolina de Oliveira, Almada
37. Joana da Costa Lopes Lança, Verdizela
38. João Marques, Almada
39. João Vieira, Feijó
40. João Victor Aguiar Silva Motta, Ramalha
41. Jorge Bizarro, Costa da Caparica
42. Jorge Mendes Maria, Ramalha
43. José Carvalho, Costa da Caparica
44. José Manuel Matos Ribeiro da Fonseca, Monte de Caparica
45. José Manuel Prata da Conceição, Pêra (Trafaria)
46. José Modesto, Cova da Piedade
47. Karim Quintino, Almada
48. Laislla dos Santos Alves Martins, Almada
49. Leocádia Lacerda, Almada
50. Lia Mendes Maria, Ramalha
51. Lívia Margarido Barbato, Pragal
52. Lorene da Mota Rodrigues, Trafaria
53. Luís Fernando Fontes Lionço, Laranjeiro
54. Luis Filipe Lourenço Neto, Almada
55. Luís Pinto Silva, Almada
56. Luís Silva, Sobreda
57. Mafalda Prista, Cova da Piedade
58. Manuel Ribeiro, Costa da Caparica
59. Marcio Loiola Vasconcelos Alves, Cova da Piedade
60. Margarida Carvalho, Cacilhas
61. Margarida Judite Vences Costa Leal, Costa da Caparica
62. Maria do Carmo Brito Pinto Prata da Conceição, Pêra (Trafaria)
63. Maria Henriques, Laranjeiro
64. Maria Isabel França Aires, Almada
65. Maria João Alvarez, Cacilhas
66. Maria Francisco, Laranjeiro
67. Maria Teresa Zelenjuk, Almada
68. Marina Magalhães de Sousa e Silva, Almada
69. Marta Ruxa, Sto. Ant. Caparica
70. Martim de Freitas, Cova da Piedade
71. Mayara Lessa Feres, Almada
72. Miguel Carrilho, Trafaria
73. Patrícia Lucas, Cova da Piedade 
74. Paula Barbosa Alves, Costa da Caparica
75. Paulina Galvão Garcia Espínola, Laranjeiro
76. Paulo Figueiredo, Aroeira
77. Paulo Figueiredo, Cova da Piedade
78. Paulo José Martins da Silva, Costa da Caparica
79. Pedro Miguel Marques, Cova da Piedade
80. Pierre-Olivier France, Almada
81. Raíssa Lima, Trafaria
82. Raphael Muzzi Campolina de Oliveira, Cova da Piedade
83. Raquel Filipa Peneda da Silva, Pragal
84. Rayssa Guedes de Oliveira, Almada
85. Ricardo Silva Alves, Sto. Ant. Caparica
86. Rita Ribeiro Silva, Sto. Ant. Caparica
87. Rita Susana Gomes Martelo, Cova da Piedade
88. Rodrigo Mendes Maria, Ramalha
89. Rodrigo Ouro, Laranjeiro
90. Rui Carvalho, Cacilhas
91. Rui Pedro dos Santos Tavares, Pêra de Baixo
92. Rui Sebastian, Cova da Piedade
93. Rui Ventura, Sobreda
94. Sandra Fernandes, Costa da Caparica
95. Sara de Melo Rabelo, Laranjeiro
96. Sérgio Luís Cardoso Antunes, Charneca de Caparica
97. Sílvia Pais, Almada
98. Sofia Gago da Câmara Simões, Cova da Piedade
99. Sónia Maria Mendes Carriço Antunes, Charneca de Caparica
100. Susana Mendes, Costa da Caparica
101. Telmo Agostinho, Cova da Piedade
102. Telmo José Pinto Prata, Pêra (Trafaria)
103. Teresa Castanheira, S. João Caparica
104. Teresa Morais, Sto. Ant. Caparica
105. Vasco Pereira, Cova da Piedade
106. Vera Ferreira, Costa da Caparica