Sexta-feira, Maio 3, 2024
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Teatro de Almada comemora 50 anos de Abril com espetáculos e exposições

Teatro nacional e estrangeiro, dança, música e até ateliers para crianças fazem parte da programação do Teatro Municipal de Almada para 2024. Ao todo, serão mais de 50 os espetáculos a “pôr a alegria em cena”.  

 

“A sorte que tivemos!”, espetáculo sobre o 25 de abril com textos de António Cabrita, Jacinto Lucas Pires, Luísa Costa Gomes, Patrícia Portela e Rui Cardoso Martins é uma das quatro criações da Companhia de Teatro de Almada (CTA) com estreia marcada para 2024. Ao todo, serão mais de 50 os espetáculos a descobrir, no ano em que se comemoram 50 anos da revolução dos cravos. A apresentação do programa teve lugar a 5 de janeiro, no palco principal do Teatro Municipal Joaquim Benite (TMJB).

“Principal contributo da CTA para a comemoração do cinquentenário”, “A sorte que tivemos!” será um espetáculo criado em total liberdade, indica Rodrigo Francisco, diretor artístico do teatro de Almada. Esta será uma ocasião para recordar o antes e celebrar o depois da revolução que trouxe “a liberdade, a democracia e o progresso” que propulsionaram o (na altura) Grupo de Campolide, como pode ler-se no texto de apresentação. Partindo de um convite da Câmara Municipal de Almada, o espetáculo (que conta com encenação de Teresa Gafeira e música de Martim Sousa Tavares), estará em cena de 12 de abril a 5 de maio. A partir desta data, parte em digressão pelo país.

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Na apresentação do programa marcou também presença Inês de Medeiros, presidente da CMA. A autarca lembra que “este é um ano especial, com três eleições e uma nova ordem mundial”. Falando de Abril, destaca que “importa recordar esta liberdade e aqueles que por ela lutaram”, frisando a importância do teatro, que “é, e será sempre, a voz da liberdade”.

Também para comemorar a efeméride, haverá ao longo do ano várias exposições para descobrir no TMJB. Começando por “A censura ao teatro”, que se debruça sobre o caso da peça “Deus lhe pague”, de Joracy Camargo, são quatro as exposições em co-apresentação com o Arquivo Ephemera, de José Pacheco Pereira, sediado no Barreiro. “A explosão da liberdade pelos olhos do teatro”, “25 de abril: os dias, as pessoas e os símbolos” e “Manter a memória do dia da liberdade” são as outras exposições para ver até dezembro.

 

Distopia, realidade e afrobeat

Ao lado de “A sorte que tivemos!”, a CTA estreia em 2024 “O futuro já era” e “A bunda preta da Chuvinha”. Com música do almadense Chullage – considerado pelo jornal Público um dos artistas mais promissores de 2023 – ,“O futuro já era” conta uma história de “fúria, fuga e revolta individual”, em que vários jovens tentam encontrar, sem sucesso, conforto no mundo digital. “É como se o que George Orwell previu tivesse acontecido”, realçou Rodrigo Francisco, diretor da CTA, “e nós tivessemos contribuído alegremente para isso”. O texto é de Sibylle Berg e a encenação de Peter Kleinert, colaborador de longa data da companhia. A peça estará em cena de 1 a 24 de março

Já “Além da dor”, de Alexander Zeldin, conta com encenação do diretor Rodrigo Francisco, e regressa à sala experimental entre 5 a 17 de julho, durante o 41. º Festival de Almada. Aí, será possível descobrir as vidas daqueles que, embora indispensáveis, são muitas vezes invisíveis: os trabalhadores contratados para as limpezas numa fábrica. Fugindo ao hábito, os espetadores deparar-se-ão com a precariedade, a impossibilidade e a falta de apoio que sofrem estes trabalhadores.

A última peça a estrear em 2024 será “A bunda preta da Chuvinha”, com texto e encenação de Rodrigo Francisco. Partindo de “Ma Rainey’s black bottom”, de August Wilson, esta será “uma balada da Margem Sul com uma linguagem contemporânea” e música de Afonso de Portugal tocada ao vivo. É uma criação sobre a identidade, a música e a dificuldade daqueles que a fazem, para ver de 8 de novembro a 1 de dezembro.

No momento em que se quer “pôr a alegria em cena”, o teatro de Almada traz também ao palco três co-produções: “A judia”, a partir de Kurt Weill e Bertolt Brecht, com a Companhia de Teatro do Algarve, “O juíz da beira”, de Gil Vicente, com o Teatro das Beiras, e “Um louco”. Esta última criação é um trabalho conjunto do TMJB e do CASA – Colectivo Artístico, um jovem coletivo de Almada.

 

De Paris a Ramallah

No ano em que se celebram 50 anos do 25 de abril, o diretor Rodrigo Francisco destaca ainda várias criações estrangeiras que estarão em cena no TMJB, cujo palco irá de Paris a Ramallah.

“Oranges and stones” é uma criação do ASHTAR Theatre que, em maio, repensa sem palavras o conflito Israelo-Palestiniano, a partir da primeira onda de emigração judaica para a Palestina, a partir de 1917. Um homem pobre chega à casa de uma habitante local, apodera-se da habitação, pouco a pouco, e acaba por expulsá-la. No fim, os artistas e a encenadora Mojisola Adebayo conversam com o público.

Perto do final do mesmo mês, “Camus-Casarès, une geographie amoreuse” traz ao palco o diálogo escrito entre a atriz e o escritor, na sua língua original, num espetáculo pensado pela portuguesa residente em Paris Teresa Ovídio e por Jean-Marie Galey. Já em julho, “Sans tambour”, com encenação de Samuel Achache, pensa a destruição, o caos e a música de Schumann.

 

Pôr os mais novos a pensar

Para os mais novos, 2024 será um ano de novidades no teatro Joaquim Benite. Perto do Natal, o espetáculo “Tudo tem um começo”, de Teresa Gafeira, vem colocar perguntas às crianças, numa relação estreita com uma nova iniciativa da CTA: as sessões de filosofia para crianças por Paula Barroso, editora da revista Visão Júnior. Ao longo de todo o ano, no seguimento de cada peça, os mais novos podem promover a reflexão e estimular a curiosidade.

Também ao longo do ano, de 15 em 15 dias, há ateliers para crianças divididos por grupos etários, cujo objetivo é “incutir-lhes o prazer inteligente do teatro”. Os ateliers cobrem áreas como a expressão dramática, artes plásticas e música. “Os mais pequenos vão ter muito que fazer todos os fins de semana”, sublinha Rodrigo Francisco.

Por último, o diretor artístico destaca os espetáculos de dança e música acolhidos no TMJB, como os concertos de abertura e fecho do Festival dos Capuchos, o acolhimento de espetáculos do festival de dança Transborda e o “Iberian Impressions”, espetáculo integrado no Ciclo de Música de Câmara, que acontece já no próximo sábado, 13 de janeiro.

 

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