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Paulo Veiga: “É uma mágoa enorme o Cova da Piedade não jogar no estádio municipal”

Reeleito para o segundo mandato no clube, Paulo Veiga assume-se “privilegiado” por passar o marco dos 75 anos à frente do Clube Desportivo do Cova da Piedade como presidente. Em entrevista ao ALMADENSE, revela os planos do clube para criar uma nova acedemia desportiva, admitindo “mágoa” por o clube não poder atualmente jogar no Estádio Municipal José Martins Vieira.

 

O que representa para si a reeleição? 

É bom ter a confiança dos sócios. É a continuidade da confiança que desenvolvemos neste clube. Sempre foi um clube com uma história grande, mas quando entrámos passava por maus tempos, tempestades até. Viemos com o objetivo de levar o clube a bom porto e é bom continuar a contar com a confiança dos sócios para isso. 

 

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Que planos tem para o próximo mandato?

Temos que resolver a situação do litígio, como é conhecimento de todos. Penso que estará no seu término, já que a SAD interpôs um pedido de insolvência. Além disso, queremos recuperar os escalões juniores e seniores de futebol e chegar à Primeira Liga. Também temos um grande projeto entre nós, a Câmara Municipal de Almada e uma entidade privada. A construção da nossa academia e de uma infraestrutura alocada ao estádio. É o grande objetivo, somos um clube de formação, como tal precisamos da nossa academia, que terá dois novos campos com medidas oficiais. 

 

O que podemos saber sobre o novo complexo desportivo?

É um grande projeto, com grandes valores, que vai elevar o clube para outro patamar. Não só a academia, mas a infraestrutura completa, porque precisamos de um espaço mais organizado. É uma academia que ansiamos muito. Somos, com muito orgulho, o único clube com equipas em competições nacionais do concelho e queremos manter, mas é muito difícil. Continuamos a alugar alguns campos para podermos participar, mas começa a ser complicado. Por isso, é importante que este projeto avance. O estádio também vai ter melhoramentos, está no acordo, e já trabalhamos no sentido de ser um estádio multidimensional, não só de futebol, mas para outras modalidades. Queremos ter um estádio aberto a toda a cidade para poder usufruir deste espaço. Queremos que os jovens possam usar o espaço, mesmo que não vistam as cores do Cova da Piedade. Estamos ansiosos pelo projeto, é este o nosso sonho. Assim acreditam os sócios. Além disso, com a nova infraestrutura, quando os autocarros chegarem já temos onde os deixar, não fica uma confusão na entrada.

 

Qual a importância do Estádio Municipal José Martins Vieira para o Cova da Piedade? 

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Este estádio é a nossa casa, é a casa do nosso grande clube. O antigo estádio foi demolido para melhor envolver o Parque da Paz, e muito bem. O clube tem o privilégio de estar numa zona bonita. Não tinha as melhores condições, às vezes para entrarmos tinha de ser de barbatanas (risos). Mas o acordo feito —no entender desta direção— não foi o melhor. O presidente fez o melhor que pôde, tenho a certeza, mas nós não teríamos aceitado as coisas desta maneira, teríamos lutado para que o estádio não fosse municipal, estaríamos bem melhor. Mas temos uma boa relação com a Câmara, por isso não é problema.

 

Este ano o clube festeja 75 anos. Qual a importância de passar este marco como presidente? 

É muito especial, ainda há dias pensava no quão privilegiado sou. Quando entrámos, nem pensei nessa data, mas é sempre bom. Dá um prazer especial a mim e à direção passar pela história deste grande clube.

 

Nos últimos anos, o clube ganhou notoriedade devido ao futebol, mas também está presente nas modalidades de futsal, natação e goalball. Que planos tem para o futuro das modalidades?

Com a pandemia, algumas modalidades sofreram dificuldades. Como a Câmara é a fornecedora de instalações para natação e futsal, tivemos que parar, mas no goalball continuámos. É uma modalidade adaptada, que nos dá um estatuto diferente. Termos uma equipa adaptada dá-nos muito orgulho, a nós e a todo o concelho, é um prazer imenso.

 

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Pretendem participar em novas modalidades? 

A prioridade agora é reforçar as modalidades onde estamos, nomeadamente no futebol, trazer o futebol sénior e júnior. Os escalões estão na posse da SAD, queremos trazê-los para o nosso seio porque esse é o nosso ADN, o futebol. 

 

Falando sobre as formações, qual a importância para o Cova da Piedade das camadas jovens?

É o início de tudo, nós temos uma formação de excelência, certificada com 4 estrelas, com uma equipa multidisciplinar. Temos departamentos de psicologia, de nutrição, com médicos, fisioterapeutas, tudo. São áreas em que também formamos, porque infelizmente não temos capacidade financeira para manter alguns dos profissionais que, ao fim de algum tempo, recebem ofertas de clubes maiores e abandonam, por exemplo para o Benfica.  

 

O casamento falhado entre a SAD e o clube

Apesar de na última década o clube ter crescido, nos últimos anos a situação de litígio com a SAD causou várias despromoções seguidas. Que requisitos falharam para não se poder inscrever nas competições nacionais?

Primeiro, desceu da Segunda para a Terceira Liga porque não entregou um documento a tempo e horas, a informar que participaria na competição na próxima época. Um simples e-mail, enfim. A segunda descida teve a ver com a certificação como entidade formadora. A CDCP SAD não tem formação, logo não se pode certificar. O nosso clube sempre foi âncora da SAD. Para que pudesse comparecer nas competições, precisava de nós. Este ano não quiseram continuar com a junção, ainda decorreram algumas negociações, mas sem solução.

 

Porque pensa que as negociações falharam?

Penso que seja por teimosia, só pode ser. Ao contrário das outras vezes, nós nem pedimos valores monetários que nos são devidos, só pedimos a equipa B para competirmos no futebol. Recusaram e pronto, acabámos onde estamos. 

 

Ainda mantêm o litígio com a SAD? Está relacionado com a situação de 2019?

Não só de 2019. A SAD nunca cumpriu os acordos assinados. Só a troco de muita despesa conseguimos reaver algum do valor monetário. Sempre estivemos dispostos a estabelecermos uma plataforma de sucesso. O objetivo de um casamento é ser feliz. O nosso era alcançar a Primeira Liga com um investidor sério. Infelizmente, o nosso casamento não teve sucesso. Escolhemos mal o parceiro, mas estamos no caminho de endireitar as coisas. 

 

Se pudesse retroceder, mudaria algo no acordo que fez com a SAD?

Só uma coisa: não faria negócios com estes senhores, não são sérios. 

 

Disse à Lusa que esperou por um acordo com a SAD até ao fim do processo. De que tratava o acordo ou os termos do mesmo? 

Foi a questão de não podermos inscrever equipas seniores e juniores, cedemos esses direitos à SAD. Fez parte dos estatutos do acordo, mas queremos obtê-los de volta. Está a ser uma luta demorada, mas não há de demorar muito mais, penso que esteja perto do fim e de reavermos os mesmos. 

 

A SAD informou recentemente que vai contestar a decisão. O que pensa disso? 

É estranho contestarem a decisão e na mesma altura entrarem com um pedido de insolvência. É muito estranho, não faz sentido, não entendo os motivos.

 

Como é a comunicação com a SAD e o presidente da mesma? 

No início houve uma boa relação mas a entrada de certos elementos na SAD fez com que o meu lugar fosse de intromissão. Como presidente, sempre acompanhei a equipa em tudo. De repente, passei a ser proibido de entrar no autocarro, de entrar nos estádios… A partir daí, começou o distanciamento e eventualmente a comunicação foi cortada. Também chegaram a virar sócios contra mim, às vezes o dinheiro fala mais alto. De repente, era o Paulo Veiga que era mau para o clube. Eu sou administrador executivo da SAD e há quatro anos que não há comunicação, nem assembleias gerais para a aprovação de contas, uma coisa que legalmente é obrigatória. 

 

Sente que a falta dos adeptos piedenses nos jogos afeta a equipa principal, e vice-versa? 

Não tenho dúvida que sim, é uma mágoa enorme, mesmo com todo o empenho que tive, o clube não jogar no estádio. Terem ido para fora do concelho, para a Malveira, foi das piores coisas. Lutei para que a equipa não saísse da Cova da Piedade, foi um desfecho muito triste. Esta é uma situação que afeta o clube. Não havendo futebol sénior também houve muito abandono de sócios.

 

Para a próxima época, há planos para algum acordo com a SAD para que os jogos sejam disputados no estádio do clube? 

Infelizmente, está mesmo fora de questão. Nas três reuniões que tivemos na Associação de Setúbal deixaram isso bem claro. Nós tentámos que a SAD viesse jogar para o nosso estádio e que se juntasse a nós para a certificação, mas sem sucesso. Nem sequer pedimos valores em troca, mas não aceitaram. Agora resta-nos aguardar. 

 

* Esta entrevista foi realizada com Paulo Veiga enquanto presidente do Clube Desportivo Cova da Piedade e não como administrador executivo da SAD CDCP.

 

https://almadense.sapo.pt/desporto/cova-da-piedade-sad-despromovida-para-os-distritais/

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