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Helder transformou um baldio em Almada Velha numa horta urbana “aberta a toda a comunidade”

Biólogo ambiental decidiu pôr mãos à obra e, em poucos meses, converteu um terreno ao abandono numa horta comunitária. “Qualquer pessoa pode entrar e colher o que lhe interessa”. 

 

Todos os dias, a caminho de Lisboa, passava por um terreno abandonado que começou a chamar-lhe a atenção. “As pessoas evitavam olhar porque era feio, até eu me desviava”, recorda Helder Santos Duarte. “Via o pessegueiro no meio do terreno e pensava ‘Coitadinho, precisa de um pouco de amor e carinho’”, conta ao ALMADENSE o biólogo ambiental, que não demorou a decidir pôr mãos à obra para dar uma nova vida àquele terreno.

Hoje, quem caminha na rua Dom José de Mascarenhas, próxima do Castelo de Almada, depara-se com uma horta comunitária a nascer num espaço de setenta metros quadrados. O que antes era um terreno baldio –e com o tempo se foi tornando em lixeira pública– hoje é um projeto em desenvolvimento de uma horta autossustentável.

 

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A aventura de ali criar uma horta urbana remonta a dezembro de 2019, quando Helder conseguiu autorização dos proprietários para começar a trabalhar. Logo no primeiro dia, duas amigas apareceram para ajudar a limpar o terreno. Ao todo foram retirados 40 sacos de lixo contendo escombros, telhas, pedras e cimento, restos de uma antiga moradia que foi demolida.

“Rapidamente, organicamente, o projeto tornou-se numa coisa comunitária”, recorda. Com ajuda da Casa da Cerca, reutilizou folhas caídas das árvores e de podas para revestir o terreno e criar biomassa, matéria orgânica cheia de nutrientes responsável por auxiliar na fertilização de terrenos e na acumulação de água.

Nascido na África do Sul, Helder vive em Portugal desde os 3 anos de idade, e viveu na Trafaria até os 23. Estudou biologia na Universidade de Lisboa, fez um mestrado em Portugal e frequentou o doutoramento em Sevilha, Espanha. Pelo meio, viajou pela Argentina, Estados Unidos, Suécia até regressar a Portugal. Nessa altura, fixou-se em Almada Velha, onde hoje mora.

Adepto da agricultura urbana (um movimento mundial cujo objetivo é mudar a paisagem da vizinhança e a relação das pessoas com os alimentos), Helder decidiu trazer a intervenção à zona histórica de Almada, onde há um grande número de terrenos abandonados.

 

Porta sempre aberta

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Com o tempo, os mesmos vizinhos que antes evitavam olhar para o local agora param para dar os “bons dias” sempre que passam por ali. Alguns aproveitam para partilhar histórias do terreno de há 30 ou 40 anos atrás. Outros doam plantas e árvores. E todos estão “convidados a visitar a horta a qualquer momento para colher o que lhes interessa”.

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“Esta riqueza não é minha, é da terra”, afirma o jovem de 36 anos, que mantém a porta da horta comunitária sempre aberta. Lá, é possível encontrar uma mistura de árvores, hortaliças, flores e plantas auxiliares e colher alimentos como couve, rúcula, capuchinha, stevia, sálvia, tomate, beterraba ou alface.

Biólogo ambiental, Helder tem trabalhado a horta seguindo as diretrizes da permacultura e da agrofloresta. “Quanto maior a biodiversidade, mais fotossíntese e mais água o próprio ecossistema gera”, explica o morador. Aos poucos, através da regeneração natural e sem a presença de pesticidas, a ideia é ir criando uma horta que cuida de si própria, principalmente porque o terreno sofre com a falta de água.

O objetivo é fazer com que a comunidade veja a horta como uma coisa bonita, como algo a desfrutar e cuidar, seja apreciando as flores, seja colhendo plantas para consumo. “Há vizinhos que usam as couves para fazer caldo verde, outros trazem os filhos para descobrir plantas alimentícias não convencionais e há também vizinhos que alimentam galinhas com plantas já amarelecidas”, conta com entusiasmo.

Também salienta a importância da biodiversidade: “Quanto maior variedade de espécies houver num ecossistema, mais resiliente ele é. E isto é necessário para que haja um equilíbrio. É o que estou a criar aqui: um local com muitas espécies diferentes de plantas e de árvores.”

No futuro, espera conseguir apoios para alargar o projeto das hortas comunitárias a outros terrenos públicos ou privados da zona. Para além de ser uma forma de dar nova vida a espaços abandonados, o objetivo é “partilhar informações sobre a permacultura e agricultura regenerativa com os moradores, de forma a que a hortas sejam cuidadas pela própria comunidade”. Ainda assim, mais do que um trabalho, o projeto é mesmo uma “grande terapia”, garante.

 

Nota: Se for proprietário de um terreno que não esteja a ser utilizado e estiver interessado em transformá-lo numa horta comunitária, pode entrar em contacto através da página The Circus Farmer.

 

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