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“Barracuda”: O submarino de “condições austeras” que vai ser museu

Depois de 42 anos ao serviço da Marinha Portuguesa, o submarino “Barracuda” vai em breve integrar o polo museológico de Cacilhas.

 

Com apenas 35 camas para uma guarnição de 54 elementos, o espaço exíguo dentro do submarino “Barracuda” obrigava a tripulação a praticar o sistema de “cama-quente”. “Dormíamos por turnos. Quando um se levantava da cama, o outro deitava-se. Só o comandante e o enfermeiro (que não eram substituídos por ninguém) é que tinham uma cama fixa”.

Em relação à água, havia “apenas 12 mil litros disponíveis para toda a guarnição. Não havia banhos a bordo. Só na véspera de chegar ao porto estrangeiro, é que o comandante tomava banho, bem como o grupo que estava de serviço”.

O relato das “condições austeras” que se viviam dentro do emblemático navio da Marinha Portuguesa foi feito ao ALMADENSE por Daniel Letras, Capitão de Mar e Guerra da Marinha, durante a inédita visita guiada realizada no passado dia 4 de maio, que serviu para assinalar os 54 anos desde que o “Barracuda” entrou ao efetivo dos navios da armada. De acordo com o comandante, a celebração teve como objetivo “lançar o gosto pela embarcação às pessoas”. A forte adesão, visível nas longas horas na fila de espera para entrar no navio, demonstrou o grande interesse do público em conhecer o submarino por dentro.

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Novo polo museológico

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Atracado na doca seca em Cacilhas, o “Barracuda” encontra-se neste momento em processo de musealização e deverá começar a receber visitas regulares no próximo ano. “Gostávamos que, para o ano, no seu aniversário, o “Barracuda” já tivesse as portas abertas”, adianta o comandante Daniel Letras, que tem a esperança de que o navio se torne num ponto de interesse na cidade de Almada.

O objetivo é integrar o submarino no polo museológico da Marinha Portuguesa em Cacilhas, juntamente com a Fragata D. Fernando II e Glória: “Já temos estudos encomendados e orçamentos feitos. A nossa ideia passa por lançar um concurso para a parte mais complicada —a abertura das portas nas laterais, para que as pessoas possam entrar e sair do submarino de forma amigável. Há também outros trabalhos e reparações a fazer”, explica o comandante.

 

Um mergulho de 300 metros

Apelidado com o nome de uma espécie de um peixe, o navio emblemático foi construído em 1968, tendo permanecido 42 anos ao serviço da Marinha Portuguesa. Com uma autonomia de 31 dias no mar, o “Barracuda” podia mergulhar até 300 metros. Possuía dois motores a diesel de 1300 cavalos e outros dois elétricos de 1600 cavalos. Na sua vida útil, percorreu cerca de 800 mil milhas, o equivalente a 36 voltas ao mundo.

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Sendo a segunda embarcação de quatro submarinos da classe Albacora, o “Barracuda” realizou a sua primeira viagem em outubro de 1968. Partiu de França, onde foi batizado, rumo às águas portuguesas onde cumpriu 3.090 dias de mar.

Apesar de a média de tempo dentro de um submarino rondar os 10 dias, era frequente que certas missões se estendesse o período de permanência dentro da embarcação: “Em exercícios nacionais e da NATO ficava-se cerca de 15 dias. Outros exercícios andavam à volta dos 17 ou 18 dias. A missão mais duradoura do “Barracuda”, que atingiu um recorde de tempo no mar nesta classe de submarinos, durou 31 dias.

Todas as missões dos submarinos devem ser feitas de forma discreta, conta ainda Daniel Letras. “A missão do submarino passa muito pelaobservação e controlo do que se passa nas nossas águas, de forma a que os nossos políticos e chefes militares saibam o que está a acontecer e possam agir em função disso. No entanto, tem outros propósitos —realizar a inserção de operações especiais de fuzileiros e mergulhadores em terra ou formar alunos para os submarinos.”

A última viagem do “Barracuda” realizou-se em águas portuguesas em fevereiro de 2010. No entanto, a despedida oficial do submarino foi feita em dezembro do ano anterior, numa viagem de representação até França e Espanha.

 

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Texto editado por Maria João Morais

 

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