Balanço do processo participativo elencou várias preocupações sobre a obra, ao nível das consequências ambientais, ruído, impacto no trânsito e na paisagem urbana. Relatório final da NOVA FCT será entregue ao grupo de trabalho no final de março.
868 participações e 515 questões colocadas — foi este o balanço da auscultação das populações do concelho de Almada, anunciado durante a conferência de encerramento do processo de participação pública realizado em torno do projeto de extensão da linha 3 do Metro Sul do Tejo (MTS) à Costa da Caparica e à Trafaria. A sessão teve lugar esta quinta-feira, dia 6 de março, no campus da NOVA FCT, na Caparica, tendo estado presentes os principais responsáveis pela execução do projeto, a presidente da Câmara de Almada, Inês de Medeiros, bem como a secretária de Estado da Mobilidade, Cristina Pinto Dias.
O interesse gerado em torno do projeto e o volume de participação surpreendeu até a organização, a cargo da FCT. “Nunca vimos nada assim no concelho de Almada”, salientou José Carlos Ferreira, professor da faculdade e um dos elementos responsáveis pela condução dos trabalhos, no início de uma sessão que serviu de “ponto de situação” das principais preocupações levantadas pelos cidadãos ao longo das últimas semanas, com especial incidência nas sessões de participação pública que decorreram, no final de fevereiro, na Costa da Caparica e na Trafaria.
Ao longo da apresentação, foram elencadas as principais preocupações da população — nomeadamente no que diz respeito a questões como o impacto ambiental da obra, a poluição sonora, a construção dos interfaces e as consequências para o trânsito e o transporte rodoviário nas localidades abrangidas pelo projeto de expansão.
No caso da Costa da Caparica, em particular, um elemento levantado várias vezes ao longo das sessões de esclarecimento prendeu-se com as consequências da obra para a Av. Afonso de Albuquerque, onde se prevê que o traçado venha a reduzir o número de faixas de rodagem e eliminar arvoredo.

O presidente do conselho de administração dos Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML) reconheceu no início da sessão que o projeto “não é isento de desafios”, mas que o processo de auscultação foi “mais um passo” na direção certa. “Não era obrigatório que o fizéssemos já, mas foi importante ouvir as pessoas numa fase que ainda permite ajustes ao projeto”, defendeu Faustino Gomes. A mesma visão foi ecoada pela presidente do conselho de administração do Metropolitano de Lisboa, com Maria Helena Campos a frisar o “equilíbrio e a transparência” com que espera que o projeto venha a ser executado.
Para já, pairam ainda dúvidas sobre quais das sugestões e preocupações dos moradores do concelho de Almada serão acolhidas no projeto final. A próxima fase passa por fechar o ciclo de auscultação pública, que ainda decorre online até ao dia 21 de março. Uma semana depois, a 28, serão colocadas na internet algumas respostas “rápidas” a perguntas menos estruturais. No dia 30, prevê-se que esteja finalizado o relatório de participação pública, que será entregue pela NOVA FCT ao grupo de trabalho que atualmente estuda o projeto de expansão. Para o segundo semestre de 2025, está prevista a apresentação, pelo grupo de trabalho, de um tratamento das perguntas colocadas — não sendo ainda certo que o relatório final seja disponibilizado para consulta pública.
Presente na sessão, a secretária de Estado da Mobilidade, Cristina Pinto Dias, elogiou os “sinais muito interessantes” que o processo agora concluído trouxe para o envolvimento cívico do concelho. A governante reforçou “o entusiasmo, que já era grande”, no sentido de continuar a trabalhar na elaboração do projeto, com a expectativa de que se possa avançar para a contratação do procedimento até ao final do próximo ano.
Lembrando a importância das metas ambientais e de sustentabilidade assumidas por Portugal em sede de União Europeia, a secretária de Estado destacou o projeto de expansão do metro — e outros relacionados, como o reforço e melhoria dos pontos de ligação fluvial entre as duas margens do rio — como essencial no contexto de Almada que, diz, assumirá uma “nova visão de mobilidade” para a Área Metropolitana.
Do lado dos responsáveis da NOVA FCT, destacou-se o “interesse académico” de um processo participativo como este. “É de grande interesse, não só para o grupo de trabalho como para toda a comunidade académica, que aqui trabalha e passa grande parte do dia”, disse o diretor da instituição, José Júlio Alferes, que elogiou aquilo que descreveu “uma verdadeira participação pública” numa fase tão preliminar do projeto.
Expansão do metro vai criar novos interfaces de transportes na Costa da Caparica e na Trafaria
Gostava de saber como é que pensam num projeto destes quando confrontado com estas previsões:
https://greenefact.sapo.pt/fact-check/a-subida-do-nivel-do-mar-afeta-portugal/