De Cacilhas ao Caramujo, da Margueira à Fonte da Telha: o trabalho fotográfico de Vítor Cid é um testemunho único do território almadense. Fundador da ZONA Magazine, foi a sul do Tejo que desenvolveu grande parte do seu percurso profissional.
Atraía-o tanto a azáfama dos cacilheiros, como a dureza dos prédios urbanos ou as ruínas das fábricas. Centrando-se em lugares e pessoas raramente fotografados, Vítor Cid percorreu o concelho de Almada de câmara em mão, deixando um importante registo da realidade visual e social da cidade e dos seus habitantes.
Nascido em Lisboa em 1964, foi em Almada que cresceu e viveu até à prematura morte, ocorrida esta segunda-feira, 18 de Maio, consequência de um linfoma.
Além de percorrer o território almadense em busca da beleza escondida entre a luz e a sombra, foi também a sul do Tejo que Vítor Cid desenvolveu grande parte do seu percurso profissional, no qual se destaca uma forte ligação ao teatro.
“Com dezoito anos, é convidado por Joaquim Benite a integrar a Companhia de Teatro de Almada como luminotécnico, onde permanece até ao final dos anos oitenta”, recorda Luís Aniceto, também fotógrafo, numa mensagem enviada por escrito ao ALMADENSE.
Mas é na última década que a paixão pela fotografia se converte em atividade profissional, levando Vítor Cid a participar em diversas exposições individuais e coletivas. Após uma passagem pelo jornal Público, Cid dedica-se em especial à fotografia de cena, trabalhando com vários grupos de teatro, entre os quais as Produções Acidentais e o Teatro Extremo, ambos com origem em Almada. Faz o registo fotográfico de várias edições da Mostra de Teatro de Almada e do Festival Sementes, participando também na elaboração do livro “A Cidade do Teatro”. Ao mesmo tempo, dedicou-se também a dar formação no Instituto Português de Fotografia, onde assumiu o cargo de Coordenador Pedagógico.
Fundador da ZONA Magazine
Em 2015 lança, juntamente com Luís Aniceto, o primeiro de três números da ZONA Magazine, uma publicação fotográfica de caráter documental “que visava um olhar sobre a correlação entre o desenvolvimento político-económico do concelho de Almada e as características da sua paisagem urbana”, assinala o cofundador.

“Do Vítor fica-nos a saudade da sua singularidade. Um homem lúcido, que reconhecia os sinais do seu tempo porque conhecia o seu passado. Um amigo, pela empatia que gerava na constante curiosidade pelo outro. Um fotógrafo, porque fez das suas imagens uma casa para habitarmos com ele”, sublinha Luís Aniceto.
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Era bonito fazer uma exposição retrospectiva da obra do Vitor Cid.