Cine Incrível vai deixar de ter música ao vivo. “Rombo enorme para a cultura de Almada”
Sentença judicial resultante de uma queixa de ruído obriga o Cine Incrível a acabar com a programação musical já a partir do próximo dia 14 de fevereiro. Associação Alma Danada pretende continuar a manter o espaço com outro tipo de eventos culturais.
A partir do próximo dia 14 de fevereiro, o Cine Incrível, em Almada Velha, vai deixar de acolher espetáculos musicais. A decisão decorre de uma sentença judicial resultante de uma queixa de ruído, que obriga o espaço, gerido pela associação cultural Alma Danada, a acabar com a música ao vivo enquanto não forem feitas obras de insonorização.
“Há três anos que travamos um processo em tribunal contra uma queixa de ruído e ficámos judicialmente impedidos da realização de concertos e música ao vivo enquanto não existirem mais obras de insonorizarão do espaço”, informou a associação numa nota publicada nas suas redes sociais.
Desde 2011 que a associação Alma Danada gere o Cine Incrível, histórico espaço pertencente à Sociedade Fimarmónica Incrível Almadense (SFIA). São habituais os concertos de bandas de tributo, os espetáculos de jazz, as “Tardes de Vanguarda” ou, mais recentemente, as noites de comédia do Rialma, todas elas atividades com um público que frequentava o espaço com regularidade.
Assim, a partir de 14 de fevereiro, o Cine Incrível irá passar a “realizar outro tipo de eventos culturais e funcionar como um bar convencional de quarta a domingo”, mantendo-se abertos a novas ideias ou projetos que não interfiram com a sentença judicial, informa ainda a associação. Quanto ao festival Jazz Manouche previsto para maio de 2024, vai este ano realizar-se no salão de festas da Sociedade Filarmónica Incrível Almadense.
“Almada mais pobre a nível cultural”
“Um rombo enorme para o panorama cultural de Almada”. É assim que Rui Rodrigues descreve o que representa para a cidade o fim da programação musical do espaço. Residente em Cacilhas, frequenta habitualmente o Cine Incrível, em especial as “Tardes de Vanguarda” e as noites de jazz, e não tem dúvidas de que o encerramento constitui uma grande perda para Almada. “Tendo em conta a parca oferta musical na cidade”, o fim da música ao vivo no Cine Incrível fará com que “Almada fique ainda mais diminuída e pobre a nível cultural”, lamenta, em declarações ao ALMADENSE.
O ALMADENSE tentou ainda contactar Clara Carvalho, programadora da associação Almada Danada para obter uma comentário sobre a situação, mas não foi possível até ao momento da publicação desta notícia.
SFIA procura forma de realizar a cabo obras solicitadas
Também a SFIA, proprietária do espaço onde funciona o Cine Incrível, manifestou vontade em “manter em funcionamento este espaço cultural da cidade, que se tornou referência a nível local mas também nacional, adaptando a actividade do mesmo até que as obras de insonorização sejam realizadas e permitam a retoma de espectáculos de música ao vivo”, informou num comunicado divulgado esta quarta-feira, dia 24 de janeiro.
A coletividade adiantou ainda que pretende levar a cabo as obras necessárias para que o espaço possa retomar os espetáculos ao vivo, estando a tentar identificar junto das entidades locais e nacionais, em especial do poder local e Ministério da Cultura, “formas de investimento que assegurem, a médio prazo, as obras solicitadas, num edifício referência, de 1921, de interesse municipal, com características construtivas específicas, para reforço da insonorização do espaço”.
Realçando a “relevância cultural” demonstrada “ao serviço de Almada, da região e do país”, a SFIA garantiu ainda que, juntamente com a Alma Danada, irá “procurar soluções, movida pelo amor à cultura e pela vontade de trabalhar com e para a nossa comunidade, apelando, também, à solidariedade e apoio de todos os que amam a cultura”.
Nota: Notícia atualizada às 16h50 com informação procedente do comunicado emitido pela Sociedade Filarmónica Incrível Almadense.
