Alerta foi feito pela Ordem dos Médicos, que classificou a situação que se vive no serviço de urgência do Hospital de Almada como “muito grave”.
O serviço de urgência do Hospital Garcia de Orta está a funcionar com “equipas abaixo dos mínimos pela Ordem dos Médicos e com o recurso excessivo a médicos internos”. O alerta foi feito por Paulo Simões, presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, que se mostra preocupada com a situação que se vive no serviço de urgência daquela unidade hospitalar, que classifica como “muito grave”.
O aviso decorre na sequência da demissão, no final de outubro, dos chefes das urgências do Garcia de Orta, por considerarem que não estão “asseguradas as condições mínimas de segurança na maior parte dos turnos de serviço de urgência geral para os utentes que recorram a este serviço, nem para os profissionais que integram esta escala”, indicaram os profissionais na carta de demissão.
De acordo com a agência Lusa, os signatários da carta de demissão indicam também “erros de escala, faltas de comparecimento de prestadores escalados e as escalas completadas com internos mais novos, maioritariamente internos da formação geral, muitas vezes apenas em regime parcial”.
Em reação, a administração do Hospital, que serve a população dos concelhos de Almada e Seixal, garante que os chefes de equipa vão continuar em funções até serem substituídos, acrescentando que os “profissionais continuam a prestar os melhores cuidados à população que servem”.
“O diálogo com as chefias é constante e o Conselho de Administração tem colmatado os constrangimentos identificados pelos profissionais, implementando um conjunto de medidas para melhorar e otimizar o funcionamento do serviço de urgência”, refere o conselho de administração, num comunicado enviado à agência Lusa.
No comunicado, o Hospital aponta a criação, este ano, de uma equipa fixa de urgência, composta por quatro internistas, a funcionar nos dias úteis, das 9h às 17h, e a retoma do funcionamento do “Serviço de Urgência Verdes e Azuis”, cujo objetivo é diminuir a pressão e garantir, ao mesmo tempo, melhor resposta às situações realmente urgentes.
Por outro lado, a unidade destaca ainda a abertura do “Serviço de Observação de Psiquiatria”, destinado a doentes com patologias de saúde mental, que poderá também aliviar a pressão nas equipas.
Na mesma nota, o HGO apela ainda à utilização racional dos serviços de urgência, de forma a facilitar o acesso dos utentes que se encontrem em situação grave, indicando à população que, em caso de doença aguda, contacte primeiro a linha SNS 24 (808 24 24 24), se aconselhe com o médico assistente ou contacte o seu Centro de Saúde, para uma assistência de maior proximidade. Quanto aos utentes sem médico de família, o hospital refere que podem recorrer às “Vias Verdes” de Almada e Seixal.
A situação motivou uma reunião, esta terça-feira, da Ordem dos Médicos com a administração do hospital e também com os chefes dos serviços de urgência. Dessas reuniões, “saiu uma forte preocupação com a situação no serviço de urgência”, que poderá prejudicar a qualidade dos cuidados prestados à população e também a formação dos internos, afirmou Paulo Simões.
Por este motivo, a Ordem dos Médicos alertou o conselho de administração para o risco da assistência aos doentes poder falhar a qualquer momento.
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