Sob o mote “sentimento de pertença”, a nova edição do “Contrasto” espera ser o mais envolvente possível, confluindo música, dança, artes, fotografia e cultura para todas as idades.
De um encontro de vizinhos em Cacilhas nasceu o “Contrasto”, iniciativa promovida pelo Estuário Colectivo e que regressa este sábado, dia 5 de outubro, para a sua quarta edição.
A partir das 10h30, o jardim, o ringue e as arcadas da rua António Nobre ganham música, horas de conto, arte urbana, encontros e espaço para toda a população que queira participar. O evento junta a tertúlia à música, à arte, à dança, à performance, motivando, desta forma, a comunidade a formar laços entre si.
“Vivemos tempos de alguma intolerância, com pessoas a tentarem impor o discurso que a nossa identidade é composta por um só caminho e sem influência ou convivência com a diferença”, conta Patrícia Teixeira, membro da organização, ao ALMADENSE. “O ‘Contrasto’, desde a sua origem, fomenta o contrário. Fazêmo-lo com e para a comunidade, mas interpretamos este acontecimento como uma demonstração de que é possível fazermos juntos. Talvez seja este o objetivo central, desta edição e de outras”, sublinhou.
A quarta edição promete uma maior variedade de atividades, de forma a criar “maior abrangência também para as pessoas que possam vir conhecer o Estuário Colectivo”. Este ano, há workshops, oficinas e concertos, que englobam diversos estilos de música, desde o samba ao instrumental, passando pelo indie e pela música cabo-verdiana: “A diversidade é transmitida através da multidisciplinaridade artística como a música, a dança, a arte performativa, as artes plásticas, a fotografia e através da etnicidade demonstrada. Relembrando que todos fazemos parte de uma história que é importante não esquecer, mas que o presente passa por fazermos todos parte de um todo, mesmo com as nossas diferenças”, sublinha Patrícia.
Os visitantes terão, assim, oportunidade para assistir aos concertos dos Eyes on the Hills (15h15), que trazem à comunidade música indie, alternativa e experimental, e dos Led Drumm Performance (21h), que apresentam uma imagem futurista das led na percussão e corpos. Mas também vai haver espaço para participar em oficinas de ervas aromáticas (10h-18h) e de conserto de bicicletas (15h-18h).
A partir das 14h30, destaque para o momento de “Arte, Raíz e Pertença”, que inclui música e criatividade, com participação dos artistas locais Manel Alma e Vasco Maio. Ao mesmo tempo, quem passar pela rua António Nobre pode desfrutar, ao longo do dia, de um mercado local com gastronomia e artesanato junto ao jardim, visitar a exposição “Guitarrices”, de Gilson Ramos ou participar, às 17h, de uma roda de samba que terá lugar no ringue.
O “Contrasto” conta ainda com diversas atividades especialmente pensadas para os mais novos, como oficinas de ilustração ou pinturas faciais. Durante o dia, há bicicletas, triciclos, trotinetes e patins para utilização gratuita. O evento terá ainda a participação do comediante Giló (BlackSkin) durante o dia e terminará com a atuação de Quinta da Cucuca, às 21h30, que traz a cultura cabo-verdiana para as ruas de Cacilhas.
Tertúlias e jantar em comunidade
Dentro da programação, os organizadores destacam o espaço das Tertúlias N’arcada, que permite que os visitantes tenham “um momento de reflexão e discussão sobre ‘Como gostaríamos de ver o nosso bairro’” e o jantar para a comunidade que acontece todos os anos: “Este ano será feito um jantar indiano, confecionado por vizinhos de lá oriundos, e que será mais um momento de envolvência de quem confeciona, de quem serve e de quem janta, é uma simbiose indescritível”, refere Patrícia Teixeira.
Além disso, o Estuário Colectivo pretende promover, com este evento, a sustentabilidade ambiental, ao introduzir copos reutilizáveis por 1 euro, que os visitantes podem usar durante todo o dia e depois decidir se querem ficar com o copo como lembrança ou se preferem devolver e recuperar o valor que deram no início do dia. “Foi incrível ver a diferença quando os passámos a utilizar. A rua fica basicamente limpa depois de cada evento, enquanto que antes de os utilizarmos, ficavam imensos copos descartáveis e garrafas espalhadas, para além de muitos sacos de lixo cheios com estes recipientes. Estamos também a trabalhar na comunidade com mais iniciativas, como trazer biólogos para irem catalogando a biodiversidade local”, conta.
O “Contrasto” é organizado pelo Estuário Colectivo, uma comunidade criada por moradores de Cacilhas, que decidiu apostar tanto na arte, como na educação e no ambiente, de forma a dotar o bairro de convívio, partilha e cultura. Os organizadores recomendam aos almadenses a “ virem, não por razões comerciais, mas pelo ambiente e se possível a pensarem no que poderão fazer no sítio onde moram”. Consulte o programa completo:
Foto: Bruno Marreiros (arquivo)
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