Uma das preocupações para este ano envolve as receitas procedentes do IMT, que em 2019 alcançou valores sem precedentes. “Essa é a receita que provavelmente vai cair mais”, admitiu Inês de Medeiros, afirmando que 2020 “está longe de ser o ano que contávamos ter”.
A Câmara Municipal de Almada aprovou esta quarta-feira, dia 17 de Junho, o relatório de contas referente ao ano de 2019, do qual resultou um saldo de 9,3 milhões de euros. O documento foi viabilizado graças aos votos favoráveis da atual maioria que dirige a autarquia (PS e PSD), contando com os votos contra dos vereadores eleitos pela CDU e Bloco de Esquerda.
De acordo com os números avançados pela presidente da Câmara, Inês de Medeiros, em 2019 as receitas da autarquia ascenderam a cerca de 102 milhões de euros, sendo que a despesa se fixou nos 93 milhões, o que permitiu alcançar “um saldo de 9,3 milhões”, sublinhou a autarca.
Destacando que, ao nível da despesa, o valor do ano passado foi o “mais alto dos últimos cinco anos”, a responsável destacou ainda o facto de Almada ter sido considerado em 2019 “o oitavo grande município com melhor eficiência financeira do país”, de acordo com o Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses.
Apesar do argumento, os vereadores da CDU votaram contra o documento: “estamos perante contas que ilustram opções que não acompanhamos e erros de gestão que na nossa opinião devem ser sancionados”, justificou Joaquim Judas, vereador da formação. Mostrando “perplexidade e preocupação em relação à baixa execução que se verifica da despesa planeada e orçamentada”, o dirigente adiantou que “2020 será um ano difícil”, defendendo que o rumo da autarquia deveria “ser corrigido”.
Entendimento semelhante teve o Bloco de Esquerda, com a vereadora Joana Mortágua a afirmar que as contas apresentadas correspondem a um “rumo determinado pelo Executivo que não é partilhado por outras forças políticas”. Criticando a autarquia pela “pouquíssima disponibilidade para a inclusão de propostas de outros partidos”, a dirigente lamentou ainda as “deficiências na capacidade de investimento em áreas estratégicas”, voltando a defender “um operador público intermunicipal de transportes rodoviários”, bem como “uma capacidade maior do município para enfrentar a crise habitacional”.
2020 com desafios acrescidos
Sobre o exercício atual, fortemente marcado pelos efeitos da pandemia de covid-19, “está longe de ser o ano que contávamos ter”, afirmou Inês de Medeiros, reconhecendo que o Executivo enfrenta “obstáculos que não previa”.
Uma das preocupações envolve as receitas procedentes do imposto municipal sobre as transmissões onerosas (IMT), que em 2019 “superaram as expectativas”, ultrapassando os 20 milhões de euros. “Essa é a receita que provavelmente vai cair mais em 2020, uma vez que depende do dinamismo da economia”, adiantou a autarca, classificando o cenário como “preocupante e desafiante”.
Ainda assim, “é por estarmos numa posição financeira confortável e equilibrada que conseguimos continuar a dar todas as respostas para garantir o desenvolvimento do nosso concelho e dos nossos munícipes”, defendeu a autarca.
Para além das contas da Câmara Municipal, também as contas dos SMAS e da WeMob foram aprovadas, seguindo agora para a Assembeia Municipal, onde serão novamente colocadas à discussão e votação.
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