Impacto da pandemia deixou muitos almadenses em situação de carência económica. Na Santa Casa da Misericórdia de Almada os pedidos de ajuda não param de aumentar.
Na cantina social da Santa Casa da Misericórdia de Almada servem-se hoje quase o triplo das refeições diárias que eram fornecidas antes do surto de covid-19: em poucas semanas, passaram de 42 para 104. E as solicitações continam a aumentar: “já há pedidos para alargar o serviço a mais 33 pessoas”, relata ao ALMADENSE Joaquim Barbosa, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Almada.
O mesmo acontece com o Programa Operacional de Apoio às Pessoas Mais Carenciadas (POAPMC) que, em tempos pré-pademia contava 278 beneficiários. Entretanto, a Misericórdia recebeu pedidos para estender o fornecimento de alimentos e bens de primeira necessidade a mais 500 pessoas. O repentino aumento da procura levou a uma revisão do protocolo com a Segurança Social para que o financiamento seja reforçado em 50%. No entanto, os recursos ainda são insuficientes para dar resposta a todas as solicitações.
“Temos casos de muitas famílias que de um momento ficaram a zero”, refere o provedor da Santa Casa, indicando que as novas situações de carência identificadas em Almada envolvem sobretudo “pessoas de famílias nucleares com filhos que de repente perderam o emprego ou tiveram uma redução significativa de rendimento”, devido à crise provocada pela pandemia de covid-19.
Muitas das pessoas afetadas tinham “trabalhos precários ou não declarados”, por isso, “não descontavam e não tinham capacidade para fazer poupanças”, indica Joaquim Barbosa. E com o estado de calamidade ainda em vigor e grande parte da economia do país a meio-gás, a situação “poderá agravar-se” nas próximas semanas, admite o responsável.
Com técnicos espalhados pelo terreno, o provedor da Santa Casa mostra-se especialmente preocupado com a situação “dramática e inaceitável” que se vive nos bairros do Segundo Torrão e das Terras da Costa, onde a precariedade que vinha de trás agora se agravou. “Espero que a pandemia não represente um recuo da opção governamental que tinha sido tomada de por um fim àqueles bairros”, adverte.
Reforço da intervenção social
Ainda assim, o aumento dos pedidos de ajuda não é exclusivo dos bairros degradados e estende-se a todo o concelho. Associações de solidariedade, paróquias e outras entidades têm vindo reforçar a sua intervenção social, desdobrando-se para tentar dar resposta às situações mais urgentes. Tal como acontece em muitas zonas do país, também em bairros de Almada as filas para recolha de alimentos e outros bens de primeira necessidade começaram a ser frequentes.
Por isso, Joaquim Barbosa encara de forma positiva a atribuição, defendida por alguns partidos, de um subsídio temporário para trabalhadores que perderam os rendimentos no contexto da pandemia e que não tenham qualquer outro apoio social: “poderia ser uma via de saída transitória para pessoas em situações mais precárias, reduzindo a necessidade de recurso às instituições”, defende.
Entretanto, na passada quinta-feira, também a Câmara Municipal de Almada anunciou o lançamento de um novo plano solidário destinado a reduzir os impactos derivados da crise pandémica no município. Dotado de um valor global de cinco milhões de euros, o programa inclui a criação de lojas solidárias e mercearias sociais. O objetivo é apoiar “os cidadãos que se encontram em comprovada situação de vulnerabilidade e fragilidade económica”, afirmou a presidente da Câmara, Inês de Medeiros.
https://www.almadense.pt/ventilador-pescado-ja-chegou-ao-hospital-garcia-de-orta/
Sou tambem de opinião que o Estado, ou seja, todos nós, devia criar um subsídio temporário para os mais carenciados.
Proponho que o Estado crie um fundo com 0,5% do IRS direccionado exclusivamente para esse objectivo…saude para todos.
Boas e a carreira 162 do Miratejo???