Trabalho desenvolvido pelos grupos teatrais do concelho —amadores ou profissionais—, continua a apelar ao público almadense.
A 25ª Mostra de Teatro de Almada chegou este ano a mais de 2000 espectadores, entre audiência de peças de teatro e restantes atividades culturais. O número superou o alcançado no ano passado constituindo, portanto, um recorde em contexto pandémico, avança ao ALMADENSE Vasco Branco, um dos responsáveis pela divisão de programação e atividade cultural da Câmara Municipal de Almada.
Apesar do momento atípico, a Mostra deste ano foi a que apresentou a programação mais extensa. “A dimensão do programa desta edição foi uma forma de apoiar as estruturas teatrais num momento tão complicado para a cultura. Fora atividades complementares, foram 31 espetáculos e costuma rondar os 20”, assinala Vasco Branco.
As peças de teatro adaptaram dramaturgos “desde autores consagrados como Samuel Beckett a adaptações dos Lusíadas de Luís de Camões ou da Odisseia de Homero, passando pelo universo infantil de Antoine de Saint-Exupéry com o Principezinho, levado a palco pelo grupo Crème de la Crème, com a participação de crianças com necessidades especiais”.
A pluralidade do programa condiz com a do público que fez esgotar As Cantigas do Cinema Português, com duas sessões de lotação completa; bem como a aventura de quatro crianças num cabaré de criaturas míticas Moonstros encenado pelas Produções Acidentais, e a sessão única de Nos Tempos de Severa, protagonizada pelos alunos da Universidade Sénior D. Sancho I.
“Houve atividades para todos os gostos e é assim que gostamos de construir a Mostra, de forma muito plural”, explica Vasco Branco, destacando nesta edição a participação de estruturas fora do concelho de Almada como a Companhia De Teatro Et Al de Cascais, o grupo Pé de Palco do Seixal e o Teatro Bocage de Lisboa.
Para além das peças de teatro, a Mostra trouxe ainda outras atividades culturais como o passeio histórico por Cacilhas com Francisco Silva, que juntou 19 pessoas; ou o espetáculo Hare, um híbrido entre o concerto e a atuação teatral, apresentado pela associação cultural Artes e Engenhos.
O teatro como parte integrante da cidade de Almada
Os 25 anos da Mostra não a cansam e o objetivo génese de promover o trabalho feito pelos grupos teatrais, amadores ou profissionais, continua a apelar ao público almadense. A passagem do gosto pelo teatro de forma geracional espelha-se, acredita Vasco Branco, no sucesso das peças infantis. “Nota-se que os pais e avós querem levar os miúdos ao teatro. Isso é muito interessante porque é assim que se põe a semente nos pequeninos”, aponta.
O responsável recorda igualmente a antiga ligação de Almada com o teatro. “O teatro faz parte do ADN de Almada, mesmo em tempo de ditadura eram as associações de cultura e recreio do concelho que, de certa forma, coloriam o cinzento que se vivia”, recorda.
A relação da cidade com o teatro mantém-se e materializa-se em momentos como esta Mostra e eventos como Festival Internacional de Teatro, que se realiza anualmente em julho desde 1984. “Uma referência no país e na Europa”, acrescenta Vasco Branco.
Foto: Luís Aniceto