Quatro anos depois do protocolo que previa a regularização do fornecimento de energia elétrica no bairro do Segundo Torrão, em Almada, os moradores continuam à espera dos contratos de eletricidade.
Poucos minutos antes de falar com o ALMADENSE, Paulo Faísca tinha acabado de substituir um fusível queimado. “Quase todos os dias há fusíveis para mudar. Como percebo da área, aventuro-me”, conta o presidente da Associação de Moradores do bairro do Segundo Torrão, na Trafaria.
Neste bairro de génese clandestina do concelho de Almada poucos são os agregados familiares com fornecimento de eletricidade regularizado. De acordo com a EDP, dos 600 pontos de consumo existentes no bairro, apenas 50 têm contrato de energia elétrica. Assim, a maioria dos moradores acaba por recorrer a “puxadas” feitas de forma irregular, o que torna as sobrecargas de rede frequentes.
O cenário “piora sempre no Inverno”, aponta o representante dos moradores. Este ano, durante a onda de frio ocorrida no mês de janeiro, a situação agravou-se devido ao excesso de carga gerado. As falhas chegaram a deixar pessoas sem luz durante vários dias.
Foi para reverter este tipo de situação que, em 2017, foi celebrado um protocolo entre a Associação de Moradores, a EDP e a Câmara Municipal de Almada (na altura ainda liderada pela CDU), que previa a instalação de contadores para todos os agregados familiares do Segundo Torrão.
“Os moradores querem ter contratos e pagar pela luz que consomem”, garante Paulo Faísca. Nesse sentido, foi efetuado um levantamento do número de moradores e, em 2018, o atual executivo camarário procedeu à instalação dos muretes destinados a acolher os novos contadores. No entanto, o processo nunca foi concluído.
O ALMADENSE tentou obter informações sobre o assunto junto da Câmara de Almada, mas não obteve resposta. Já a EDP Distribuição (que agora assume a designação E-Redes), indicou ter finalizado “a execução do novo Posto de Transformação e da rede de baixa tensão no bairro”, adiantando que está “a estabelecer contactos com a autarquia” para que se possa “avançar para a próxima fase, em que serão cumpridos os requisitos que permitirão realizar os contratos de fornecimento de energia elétrica”.
No entanto, os moradores daquele que é o maior bairro degradado do concelho de Almada continuam sem saber quando terão acesso aos ambicionados contratos. “A luz é um bem essencial e estamos há anos à espera. O assunto já devia estar resolvido há muito tempo. A pandemia não pode ser desculpa”, conclui Paulo Faísca.
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