Ligação entre Trafaria e Belém está completamente interrompida desde dia 27 de julho “prejudicando a população de Porto Brandão, Trafaria e de todos os trabalhadores”.
A suspensão do serviço fluvial do Tejo entre a Trafaria e Belém deixou “confinada a população e os moradores de Porto Brandão e Trafaria”, acredita a União dos Sindicatos de Setúbal (CGTP-IN). “A administração da Transtejo veio comunicar que por falhas técnicas não é possível efetuar o serviço público de transporte de passageiros e viaturas”, o que deixou os utentes daquela linha sem “alternativa para se deslocarem para Lisboa”, pode ler-se num comunicado emitido pela entidade sindical.
Desde quarta-feira, dia 27 de julho, que o transporte de passageiros e de veículos entre a Trafaria, Porto Brandão e Belém foi interrompido pela Transtejo. A transportadora invocou apenas “motivos técnicos” para a suspensão do serviço e não avançou qualquer data para a retoma da ligação.
A situação levou os sindicatos a acusaram a administração da Transtejo de não cumprir os serviços mínimos, apontando o “desinvestimento” como a principal causa. Por sua vez, os utentes lamentaram o abandono das populações.
“Antes havia carreiras diretas da Trafaria para Belém e do Porto Brandão para Belém de meia em meia hora na hora de ponta, agora nem isso”, disse ao ALMADENSE Paulo Silva, residente na Costa da Caparica. A travessia, que agora se encontra interrompida, passou depois a ser feita de hora a hora na hora de ponta, mas com “enormes intervalos nas restantes horas e com a quase extinção dos horários noturnos que havia no passado”, indicou o utente, lamentando que o ferryboat utilizado na travessia tenha constantes “avarias”.
Por sua vez, a união de sindicatos aponta “o desinvestimento das sucessivas administrações nomeadas ora por Governos PS ora por Governos PSD/CDS”, como causa do serviço condicionado, o que levaou a que “as embarcações não tenham a devida manutenção”. É o caso da embarcação Lisbonense que está “encostada há dois anos”, e também do barco Almadense, cuja reparação “ainda não conta com o acordo da administração”.
Os sindicatos também acusam a administração de não cumprir os serviços mínimos, “prejudicando a população de Porto Brandão, Trafaria e de todos os trabalhadores”. A opinião é partilhada por Paulo Silva, que afirma que “infelizmente, o objetivo da Transtejo, ao longo dos anos, tem sido piorar o serviço e suprimir esta travessia para a desvalorizar e acabar com ela”. Para o utente, a empresa de transporte fluvial “abandonou” as travessias da Trafaria e Porto Brandão e, consequentemente, as suas populações.
Degradação do serviço afeta turismo e restauração
Outro efeito negativo da redução das travessias, reflete-se no turismo e na restauração, acredita Paulo Silva. “Havia pessoas que deixavam o carro em Belém e vinham jantar ao Porto Brandão e à Trafaria, coisa que hoje já não acontece por esta via”, disse o morador, sugerindo como solução temporária a “colocação de barcos só de passageiros, adaptados também para bicicletas, de meia em meia hora”.
“Quando se fala em tirar carros da estrada e da Ponte 25 de Abril, esta via fluvial é uma grande alternativa para as populações da margem sul, assim teríamos melhor mobilidade e um melhor ambiente”, argumentou o utente, relembrando que nos anos 80 e 90, quando havia mais trajetos, as embarcações iam sempre cheias.
Residente da Costa da Caparica, o utente também alertou para a necessidade de adaptar tanto as travessias fluviais como as carreiras de transporte público rodoviário para o futuro, tendo em conta os “grandes projetos” como o Innovation District ou o futuro Instituto de Artes e Tecnologia. “Estas vias fluviais são muito importantes para quem trabalha ou estuda na margem norte e na margem sul, mas também para o turismo da Trafaria, Porto Brandão e das praias da Costa”, concluiu.
Para além da interrupção da ligação entre Trafaria e Belém, recorde-se que o serviço da Transtejo também está atualmente condicionado na ligação entre Cacilhas e Cais do Sodré devido a problemas na frota.
Texto editado por Maria João Morais
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