TML prometeu que no final de 2022 a rede da Carris Metropolitana nos concelhos de Almada, Seixal e Sesimbra estaria a funcionar a 100%. No entanto, dezenas de linhas continuam a aguardar uma data para começarem a funcionar.
Seis meses depois do arranque da operação de transporte rodoviário na margem sul, a implementação da Carris Metropolitana na Área 3 (que engloba os concelhos de Almada, Seixal e Sesimbra) continua com 33 linhas por operaracionalizar. Almada é o concelho mais afetado: das cerca de 80 linhas contratualizadas, 21 continuam a aguardar por uma data para começarem a funcionar. Já no concelho do Seixal, são 13 as linhas que permanecem sem funcionar, enquanto que no município de Sesimbra são seis.
Entre as ligações mais esperadas encontram-se as prometidas carreiras diretas entre o centro de Almada e a Costa da Caparica e a estação ferroviária do Pragal, que permanecem com a designação “Brevemente”. Também as carreiras de Almada para Algés, da Costa da Caparica para o Cais do Sodré, ou o regresso das linhas entre a margem sul e a Praça do Areeiro continuam adiadas.
“A nova rede não faz sentido se não estiver a funcionar na sua totalidade. Disseram-nos que no início de janeiro a operação estaria a 100%, mas já está a derrapar”, lamenta Paulo Zé Silva, residente na Costa da Caparica, em declarações ao ALMADENSE.
Recorde-se que durante as sessões públicas de esclarecimento que decorreram no verão passado, a Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML) garantiu que a nova rede da Carris Metropolitana seria reforçada de forma faseada, estando completa no dia 1 de janeiro. No entanto, até ao momento “as melhorias tem sido muito pequenas. É insuficiente”, assinala Paulo Silva.
Para o utente, o arranque da linha Costa da Caparica – Pragal (3025) é especialmente importante. “Já que a Costa ainda não tem metro, esse autocarro seria fundamental para assegurar a intermodalidade. Poderia garantir a ligação dos utentes ao comboio da Fertagus e ao metro de superfície”, argumenta.
“Continuo sem perceber porque é que se implementam carreiras longas e não as diretas e rápidas, que seriam muito mais úteis”, afirma Paulo Silva, para quem a nova operação da Carris Metropolitana tem acabado por “promover o uso do carro”.
Ao mesmo tempo, também a ligação entre a margem sul e a Praça do Areeiro, cuja reposição a Câmara Municipal de Lisboa tinha garantido até ao final de 2022, continua sem data para arrancar. “Era uma carreira muito importante, tinha muitos utentes”, aponta Paulo Silva. “Não era só o Areeiro: passava na avenida de Berna, no Campo Pequeno… permitia a ligação a várias linhas de metro em Lisboa”, recorda o utente. Por outro lado, os autocarros que hoje fazem a ligação a Sete Rios “são pequenos e frequentemente deixam pessoas apeadas. Deveria haver autocarros maiores ou um desdobramento”, aponta.
Utentes cansados e desmobilizados
Depois dos muitos protestos convocados no arranque da operação de transporte rodoviário na margem sul, entretanto as “pessoas desmobilizaram, ficaram cansadas de protestar”. No entanto, para Paulo Silva, isso não significa que o serviço tenha melhorado, apenas mostra que “as pessoas foram vencidas pelo cansaço, pela exaustão”. De resto, na margem norte, onde a Carris Metropolitana começou a operar no passado dia 1 de janeiro, “está a acontecer o mesmo que a sul: ficou pior do que estava”, aponta o utente.
O ALMADENSE pediu esclarecimentos à TML e às Câmaras de Almada e Lisboa sobre as linhas que continuam por operar na Área 3, mas não obteve resposta.
Já a TST, empresa responsável pela operação nos concelhos de Almada, Seixal e Sesimbra, indicou que “está a executar diariamente todas as carreiras programadas (com falhas pontuais por problemas incontroláveis, como por exemplo ocorreu nos dias de temporal)”. A operadora garante ainda que tem vindo a “introduzir novas linhas de acordo com o plano aprovado”, e que mantém em curso “o processo de recrutamento, formação e integração de novos motoristas para continuar a aumentar, ainda mais, a oferta disponível”.
Sobre o regresso das linhas ao Areeiro, a mesma fonte da TST indicou ao ALMADENSE não ter, até ao momento, “indicação da data em que o terminal do Areeiro poderá voltar a receber as linhas da Área 3”. Apesar disso, a operadora mostrou-se “preparada para voltar a esse terminal, assim que a TML e a Câmara de Lisboa o indicarem”.
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