Iniciativa pretende responder à carência habitacional que se vive no concelho de Almada, que afeta em particular os mais jovens.
A Câmara Municipal de Almada aprovou uma proposta feita pela vereadora do Bloco de Esquerda, Joana Mortágua, que visa dar início à criação de um programa municipal de apoio ao Arrendamento Jovem em Almada.
A proposta, que pretende “responder à carência habitacional que se reproduz intensivamente na geração mais jovem” foi apresentada durante a reunião camarária realizada esta segunda-feira, dia 7 de fevereiro, contando com os votos favoráveis de todas as forças políticas representadas.
“Há um problema de habitação. Esse problema não se prende apenas com a questões do realojamento. Prende-se com uma enorme precariedade da vida dos jovens, que se acumula com um crescimento brutal do preço do arrendamento na Margem Sul, em Almada e não só”, argumentou Joana Mortágua.
“Se não conseguirmos criar este tipo de programas de incentivo ao arrendamento, acabamos por não conseguir travar a especulação e a assitir à gentrificação e à desertificação”, afirmou a autarca bloquista, referindo ainda o receio “do abandono dos jovens de Almada, que gostariam de poder continuar a viver e a habitar os centros urbanos, mas que acabarão por ser expulsos por não terem possibilidade de pagar as rendas especulativas, que continuam a crescer nas zonas mais atrativas do concelho”.
A proposta contou com os votos favoráveis da CDU que, no entanto, manifestou “algumas reservas relativamente à responsabilização”, indicou Maria das Dores Meira. Frisando que “há responsabilidade da parte do Governo relativamente a tudo o que diz respeito à habitação”, a vereadora considerou que “ao pôr o peso todo em cima do município”, a proposta está “tendencialmente a aliviar o poder central”.
Por sua vez, a vereadora Teodolinda Silveira, que substituiu Inês de Medeiros na condução da reunião, referiu que o PS não tem “nada a opor a que se inicie a construção de um regulamento”. A responsável, que ocupou o pelouro da habitação no mandato anterior, frisou, no entando, que “são importantes outras medidas que suportem o regulamento”, referindo que o município está “a equacionar diversas opções de construção municipal, nomeadamente junto do IHRU”.
Apoio indexado aos rendimentos
A proposta do Bloco de Esquerda prevê que o programa de arrendamento jovem seja sustentado por um regulamento e critérios de seleção e execução próprios, concedendo “um apoio financeiro indexado aos rendimentos dos candidatos, permitindo que os jovens possam aspirar a morar fora da casa dos pais”, aditantou o partido em comunicado.
O objetivo é promover “a emancipação da geração mais jovem, aliviando os encargos financeiros das famílias, e fixando a população no concelho”, o sétimo com as rendas mais altas do país.
Para a formação, esta proposta constitui ainda uma “oportunidade de melhorar a gestão do parque habitacional municipal através do seu arrendamento, em alternativa à alienação, e de controlar a especulação imobiliária por via dos apoios públicos ao arrendamento”.
Aprovada a abertura do procedimento, a proposta será agora sujeita a análise por parte das formações partidárias com representação em Almada.
https://almadense.sapo.pt/habitacao/almada-tem-quase-9-mil-casas-vazias/