Em 2018, investidores estrangeiros compraram casas em Almada no valor de 40 milhões. Gastaram em média mais 45% do que os investidores nacionais.
Depois de Lisboa, os compradores estrangeiros estão a interessar-se cada vez mais pela margem sul, incluindo Almada. Se a nível nacional o número de investidores estrangeiros registou em 2018 um abrandamento, no concelho de Almada a procura estrangeira disparou 52%, passando de 169 compradores para 257. De acordo com os dados enviados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) ao ALMADENSE, em termos de valor transacionado, o crescimento foi ainda mais expressivo: um aumento de 63%, de 24,4 milhões em 2017 para 39,8 milhões de euros em 2018.
A proximidade a Lisboa, o extenso areal da Caparica ou as vistas para a capital são alguns dos motivos apontados pelos agentes imobiliários para a captação de cada vez mais investidores estrangeiros. Apesar dos imóveis no concelho de Almada terem valorizado 59% nos últimos cinco anos, os preços praticados na margem sul continuam a ser um fator de atração: enquanto que em Lisboa uma casa de 90 metros quadrados pode ultrapassar os 300 mil euros, em Almada um imóvel com o mesmo tamanho pode custar metade.
“A pressão imobiliária que se verificou sobre Lisboa fez aumentar o interesse em Almada, também no que diz respeito a investidores estrangeiros”, diz ao ALMADENSE Paulo Esteves, gerente na imobiliária Century 21. O profissional acaba de abrir uma agência na Cova da Piedade por acreditar que, nos próximos anos, o crescimento do sector imobiliário na margem sul “será superior ao de Lisboa”.
Já Rui Pedro Ferreira, gerente na imobiliária Casas do Rui Pedro, nota que o interesse em Almada tem aumento sobretudo “devido aos novos projetos imobiliários anunciados”, como a Cidade da Água (projetada para os antigos terrenos da Lisnave), ou o Cais do Ginjal, em Cacilhas.
Ainda assim, a procura internacional em Almada ainda é moderada quando comparada com outros concelhos da área metropolitana de Lisboa, algo que Rui Pedro Ferreira explica com a “escassez de construção nova no concelho”.
Enquanto que em Lisboa os investidores internacionais são responsáveis por cerca de 34% das transações, no concelho de Almada as compras de habitação por parte de não residentes representam uma fatia de mercado de menos de 10% do valor transacionado, que em 2018 alcançou um total de 426,1 milhões de euros.
Estrangeiros pagam mais 45% na compra de casa
Em média, os investidores estrangeiros pagaram 155 mil euros por um imóvel no concelho de Almada no ano de 2018. O valor supera em 45% o preço verificado entre os compradores nacionais, que se fixou numa média de 107 mil euros, de acordo com os números do INE.
No que diz respeito às nacionalidades, os franceses lideram de forma destacada a lista de 33 países que adquiriram imóveis. Responsáveis por 88 transações, os clientes procedentes de França totalizaram um investimento de 15 milhões de euros. Seguem-se os compradores espanhóis, angolanos, suíços, brasileiros e britânicos, num interesse que pode explicar-se também com o facto de muitos beneficiarem do regime fiscal para residentes não habituais, que garante isenção de impostos aos reformados estrangeiros. Um “eldorado fiscal” que, contudo, o Governo português pretende agora limitar.
Já no que diz respeito aos investidores chineses, o motor poderá estar relacionado com os vistos gold. Assim, apesar de serem em menor número, também em Almada os compradores chineses destacam pelos valores envolvidos, tendo gasto um total de 1,6 milhões de euros em apenas quatro aquisições, o que representa uma média de 415 mil euros por imóvel.
