Ucranianos e familiares que residem em Almada lançaram o apelo nas redes sociais e rapidamente se gerou uma onda de solidariedade.
Manuela etiquetou os diferentes sacos, onde colocou a roupa de menino, menina e adulto e encheu a mala do carro. Também trouxe mantas, cobertores e lençóis, que espera venham a servir para aquecer alguns dos refugiados que nos últimos dias têm fugido da Ucrânia para os países vizinhos. “Se acontecesse connosco, também gostávamos que nos ajudassem”, diz ao ALMADENSE.
Durante esta segunda-feira, foram dezenas os almadenses que se deslocaram ao armazém localizado na rua Fernão Lourenço, nº 86B, perto do Cristo Rei, para trazer mantimentos. Os artigos recolhidos serão enviados nos próximos dias para a Polónia, onde se encontra a maioria dos refugiados ucranianos que fogem à guerra provocada pela invasão das tropas de Vladimir Putin.
A iniciativa partiu de um grupo de ucranianos e familiares que residem em Almada. Lançaram o apelo nas redes sociais e rapidamente se gerou uma onda de solidariedade. Um deles é Vitaliy Kurtysh. Natural de Bila Tserkva (a cerca de 80 km de Kiev), vive em Portugal há vinte anos.
Com vários familiares que na Ucrânia, mantém nos últimos dias uma preocupação que não o deixa cruzar os braços. Por isso, cedeu o armazém, que já tinha sido usado para organizar um envio de donativos para a Ucrânia logo em 2014, quando estalou o conflito armado nas províncias de Donetsk e Luganks.
Quando perceberam que a situação se agravava, voltaram a reunir-se para organizar uma nova recolha de bens essenciais. Sobre o futuro do seu país natal, tem apenas uma certeza: “os ucranianos não são um povo para baixar a cabeça”, diz ao ALMADENSE.

Casado com uma ucraniana, João Mimoso juntou-se à campanha desde o primeiro momento e tem estado em constantes contactos para agilizar a logística necessária para o envio do material.
Além da roupa de cama, apelam aos almadenses para doarem alimentos não perecíveis, kits de primeiros socorros, medicamentos, comida para criança e bebé ou ração para animais de estimação. “Toda a ajuda é bem-vinda”, afirma, explicando que a recolha de bens irá prolongar-se durante toda esta semana, podendo até prolongar-se caso o conflito se mantenha.
Apesar do drama que se vive, observar a onda de solidariedade gerada junto dos almadenses dá alento aos voluntários. “É algo que nos dá oxigénio”, garante João Mimoso, tentando manter o otimismo. “O povo ucraniano é muito unido. Acredito que vão resistir e ultrapassar esta situação”, afirma.
Caso pretenda contribuir doando roupas e bens essenciais, poderá dirigir-se:
Morada: Rua Fernão Lourenço, 86B, Almada
Horário: das 10h às 18h
https://almadense.sapo.pt/cidade/da-ucrania-para-almada-chegaram-mais-de-200-refugiados-no-ultimo-mes/