As últimas semanas foram de ensaios diários na sede do Grupo Amigos da Costa da Caparica. Todas as noites, depois da hora do jantar, mais de quarenta crianças e as suas famílias foram marcando presença nos ensaios da Associação Cultural “Os Costinhas”, coletivo que este ano volta a participar nas Marchas Populares de Almada com a sua já tradicional marcha infantil.

A Associação Cultural “Os Costinhas” começou em 2012. “Hoje já vamos tendo meninos e meninas a marchar connosco que antes já aqui tiveram os irmãos mais velhos, que agora os trazem”, explica Maria José Ribeiro, fundadora da associação e membro da direção. A ideia teve origem há mais de uma década, “quase por brincadeira”, quando ela e uma amiga ligadas à Marcha da Costa da Caparica resolveram criar uma coletividade que envolvesse as crianças da zona. “Essa minha amiga entretanto saiu mas, de resto, a direção mantém-se quase toda a mesma desde o início”, diz.
Afinar os últimos pormenores
Desde então que os Costinhas se têm apresentado anualmente nas marchas populares do concelho, fora de competição, trazendo um toque de leveza e boa disposição aos procedimentos.
Este ano, voltam a descer a avenida sob o tema “Carrossel da Alegria”, uma celebração e homenagem à atração histórica da Feira Popular da Costa da Caparica, espaço de tradições locais e memórias que atravessam várias gerações. “Este tema traz um toque nostálgico e festivo, inspirando-se no encanto das luzes, das cores e das melodias dos carrosséis, que tornam qualquer noite num momento mágico e inesquecível”, diz a associação.

Os ensaios não começam logo — afinal, são mais de 40 crianças enérgicas que é preciso coordenar. “Nem sempre é fácil”, reconhece Maria José, “mas eu sou professora da escola primária, estou habituada a lidar com crianças destas idades”. Atualmente, n’Os Costinhas as idades vão dos 6 aos 12 anos, com 23 raparigas e 22 rapazes. “Temos muitos mais em fila de espera, mas este é o número máximo que podemos ter de cada vez, se não a organização tornava-se demasiado difícil gerir”, diz a responsável.
Na sua grande maioria, Os Costinhas são compostos por crianças residentes na Costa da Caparica, ainda que a associação já tenha ido “recrutar” um ou outro membro a freguesias vizinhas. “Mas tentamos que seja uma atividade aqui para a comunidade. E a Câmara lá nos vai dando uns apoios.” Enquanto os mais pequenos ensaiam, os pais e familiares assistem do lado de fora, curiosos e contagiados pelo entusiasmo dos filhos.
“Vou deixar entrar os pais”, diz Maria José no final do primeiro ensaio. É ela quem vai dando as indicações, no palco montado acima do piso onde as crianças ensaiam. “Agora já está tudo praticamente ensaiado, mas é preciso ter sempre alguma atenção e corrigir pormenores”, diz. A decisão de deixar entrar os pais nem sempre se toma, depende muito de quão bem estão a correr os ensaios. “Hoje, por exemplo, deixei entrar, mas há dias em que não pode ser, se não eles dispersam e distraem-se”, explica a fundadora.

Na reta final, já só se pensa na descida da avenida, onde Os Costinhas voltam a desfilar fora de concurso. Enquanto isso, a competição principal terá a participação de nove marchas representativas de diversas freguesias de Almada: PIA II, Capa Rica, Ramalha, Beira Mar de Almada, Cova da Piedade, Charneca, Costa da Caparica, Trafaria e Cacilhas.
Na sede do Grupo Amigos da Costa da Caparica, os fatos estão já preparados, faltando apenas o ajuste das medidas individuais de cada um. A cenografia, uma vez mais a cargo de Mário, também já vai tomando forma. Só falta encaixar o cavalinho em tons de rosa na estrutura dourada, que evoca um verdadeiro carrossel.
“É sempre uma alegria quando corre bem”, refere Maria José, para quem o essencial é mesmo o sentimento de comunidade. “Temos meninos que, quando crescem, vão para a marcha dos adultos, e outros que depois perdem o interesse. Mas vão sempre visitando, cria-se aqui esta família, a ligação não se perde”.