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Cais do Ginjal: um futuro sempre adiado

Dois anos depois de aprovado o Plano Pormenor que prometia a revitalização do Cais do Ginjal, nada mudou na zona ribeirinha de Almada, que continua ao abandono. 

 

Há 35 anos que José António Matias vem pescar ao Cais do Ginjal, em Cacilhas. “Nesta altura do ano consegue-se apanhar polvo. Robalo já é pouco, esse é melhor a partir de abril, maio”, conta ao ALMADENSE. Apesar de morar em Lisboa, apanha com frequência o cacilheiro para vir pescar na margem sul do Tejo, onde costuma passar as tardes.

Aos 75 anos, é um dos pescadores que ainda resistem no Cais do Ginjal, local que outrora fervilhava de atividade piscatória e comercial. Nos tempos em que o rio se cruzava apenas pela via fluvial, a entrada ribeirinha de Almada era local de intensa azáfama, entre os antigos armazéns fabris. Hoje, após décadas de abandono, a vista privilegiada sobre o Tejo e Lisboa convive com as memórias e as ruínas.

Apesar de ameaçarem ruir, é nos antigos pontões que se juntam ainda alguns dos pescadores que subsistem. Sobre os planos de requalificação, pouco ouviram falar. “Há muito que se fala nisso, mas na prática nunca vimos nada. Enquanto puder, continuo a vir para cá pescar”, garante José António.

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Transformar o Ginjal num “ícone da margem sul”

Propriedade do grupo madeirense AFA, que desde 1999 foi adquirindo vários imóveis, terrenos e edifícios em ruínas na zona a mais de 20 proprietários, o plano anunciado em 2020 prometia tornar o “território abandonado do Ginjal num ícone da margem sul”. No entanto, dois anos depois de aprovado o Plano Pormenor, que anunciava para breve o início da requalificação do Cais do Ginjal, nada mudou na zona ribeirinha de Almada.

Orçamentado em 300 milhões de euros, o projeto pretendia dotar a “porta de entrada fluvial de Almada” de um hotel com 160 quartos, um complexo habitacional de 300 fogos, várias frações de comércio, serviços, equipamentos culturais e ainda um parque de estacionamento para 500 veículos.

Contudo, o ambicioso plano permanece hoje sem sair do papel e o cais mantém-se à espera de ganhar vida nova. Entretanto, agrava-se a degradação e acentua-se a insegurança. Entre portões enferrujados e vidros partidos, as paredes velhas servem de tela para a arte urbana.

Embora sinuoso, é por este estreito percurso que circulam diariamente numerosos turistas, grande parte trazidos pelo (também) velho cacilheiro, atraídos pela vista e pelo grafitti. Muitos deles, terminam o passeio num dos dois restaurantes que ali permanecem: o “Ponto Final” e o “Atira-te ao Rio”. O difícil acesso não os impede de estarem cheios, mesmo em dias ventosos de novembro.

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Nos estabelecimentos também nada de sabe sobre os planos de revitalização para o cais. “Há 20 anos que ouvimos dizer que no ano seguinte vão começar as obras de reabilitação, mas até agora não vimos nada”, diz ao ALMADENSE André Coelho, gerente do “Ponto Final”.

Embora veja a reabilitação com bons olhos, sobretudo porque “iria trazer mais segurança” ao local, receia que as obras possam dificultar o acesso ao restaurante e afetar o seu funcionamento. Acima de tudo, lamenta o facto de nunca ter recebido qualquer informação da Câmara de Almada. “Nunca fomos notificados sobre nenhuma obra. Não fomos tidos nem achados no projeto”, afirma.

 

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O ALMADENSE procurou saber junto da autarquia de Almada e do grupo AFA quando irão avançar as obras de reabilitação e qual o motivo para a demora no arranque, mas não obteve resposta.

Em setembro do ano passado, durante campanha eleitoral autárquica, o ALMADENSE questionou a presidente da Câmara Municipal de Almada, Inês de Medeiros, sobre o assunto. Na altura, a autarca afirmou que, quando o PS assumiu a presidência do município, “estava convencida que as questões estavam todas resolvidas, mas infelizmente não estavam. Até as condições dos termos do contrato de urbanização estavam por definir. Havia ainda muito trabalho por fazer”, admitiu.

Assim, em 2021, o entrave ao avanço do projeto seria “uma decisão judicial”, relacionada com o reconhecimento da propriedade. “Esse reconhecimento permitirá fechar o processo e iniciar o investimento”, afirmou na altura a presidente. Contudo, desde aí nenhum avanço se verificou no terreno.

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https://almadense.sapo.pt/cidade/20-anos-apos-o-encerramento-a-memoria-da-lisnave-continua-a-marcar-almada/

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