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Ondaparque da Caparica: entre a nostalgia e o sonho de reabertura

Funcionou apenas durante oito anos —de 1988 a 1996— mas foi o suficiente para marcar a memória dos milhares de pessoas que diariamente passavam pelo parque aquático da Caparica. Hoje, 26 anos depois do encerramento, uma equipa apoiada por milhares de seguidores continua a sonhar com a reabertura do emblemático Ondaparque. 

 

“Lembro-me muito bem de brincar no Ondaparque, é uma memória que tenho ainda hoje muito presente. O parque fazia parte do protocolo de férias da Junta de Freguesia de Campolide, onde nasci, então criei uma ligação grande. Ainda recordo desses momentos com nostalgia”, conta ao ALMADENSE Ariana Nogueira.

A jovem é uma das integrantes da “Equipa Ondaparque”, um grupo de entusiastas que se juntou em 2011 com o objetivo de reabrir o emblemático parque aquático situado na Costa da Caparica (concelho de Almada), por onde passavam diariamente cerca de cinco mil pessoas. O “maior e mais emblemático parque aquático do país”, foi inaugurado em maio de 1988, “marcando as décadas de 80 e 90”. No entanto, apesar do enorme sucesso, sempre de casa cheia, encerrou apenas oito anos depois.

Embora tenha funcionado apenas durante pouco tempo, foi suficiente para deixar recordações marcantes na memória de muitos almadenses —e não só. “Posso dizer que, embora o tempo passe, os bons tempos de juventude que ali passei ficaram na memória, nunca o vou esquecer”, confidenciou ao ALMADENSE João Moreira, que frequentou o espaço na sua juventude.

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Também os membros da equipa “Ondaparque” têm em comum a enorme saudade dos bons momentos que lá passaram. Mas, além disso, acreditam que o parque representa uma grande oportunidade que não está explorada. “O que nos faz avançar é sabermos que o projeto tem viabilidade. Existe nostalgia, claro, mas o impulso mais forte é a viabilidade do projeto de requalificação”, aponta Ariana.

Inicialmente, a motivação para a “Equipa Ondaparque” surgiu em 2009, quando alguns dos membros atuais tiveram conhecimento do lançamento do festival O Sol da Caparica, que teve no antigo terreno do Ondaparque uma possível localização. “A equipa foi criada posteriormente, mas diria que esse foi o gatilho. Acabámos por unir esforços e o projeto nasceu”, recorda Ariana.

Desde então, os elementos do grupo empenharam-se em entender se o plano é realmente viável ou não, tendo elaborado projetos 3D para apresentar a possíveis investidores, e chegando a drenar a água das piscinas para que estas pudessem ser avaliadas.

 

Viabilidade do projeto

ondaparque-arquivo

Funcionou apenas durante oito anos —de 1988 a 1996— e entre os motivos na base do encerramento esteve a alegada má gestão, a falta de fundos e o aumento da fiscalização após duas crianças terem falecido no Aquaparque do Restelo. O então proprietário, barão Sloet tot Everlo, acabou por proceder à venda do parque ao empresário Libório Temporão, atual dono.

Mesmo quando passam 26 anos depois do encerramento, o parque aquático de Almada continua a ter uma infraestrutura promissora, sendo uma das 30 deste género em território nacional, garante Ariana Nogueira. “O Ondaparque cumpre a tipologia e procedimentos atuais, inclusive no que diz respeito à normativa sobre a qualidade nas piscinas de uso público”.

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“É um parque que pode ser facilmente adaptado com questões técnicas”, afirma Ariana Nogueira, acrescentando que a única adaptação que teria que ser feita seria em relação “aos acessos para pessoas com mobilidade condicionada e escadas frontais para a saída das piscinas”.

Situado na zona protegida da Arriba Fóssil, o parque de diversões aquático não poderia ser construído de raiz nos dias de hoje. No entanto, “reabilitação é diferente e não seria tão trabalhoso como se pensa”, conta a responsável.

“Como é que um parque idealizado para ser central e de fácil acesso (a apenas oito minutos do centro de Lisboa de automóvel e sem trânsito), com 140 mil metros quadrados e em relativamente bom estado, não tem investidores possíveis?”, questiona Ariana Nogueira, adiantando também a resposta: a principal dificuldade é “o preço do terreno”.

“O problema é que o terreno tem um valor muito alto. É esse o bloqueio do projeto”, aponta a integrante da “Equipa Ondaparque”, sem adiantar qual o valor atualmente em causa. No entanto, um negócio que não chegou a prosperar em 2014 apontava para um custo global estimado entre seis e nove milhões de euros.

Nessa altura, os terrenos do Ondaparque estiveram perto de ser vendidos a um grupo de investidores. A possibilidade levou a equipa a fazer um estudo, que concluiu que o parque contava com uma “taxa de 86% de viabilidade de recuperação”. Agora o estudo deveria ser atualizado, mas não deveria haver uma grande diferença, acredita Ariana Nogueira, considerando “um feito impressionante, tendo em conta que o espaço foi inaugurado em 1988”.

Desde então, tendo em conta a impossibilidade de construção de habitação nos terrenos, a intenção do proprietário terá passado para a venda do espaço. Embora o Plano Diretor Municipal de Almada (PDM) esteja neste momento em processo de revisão, segundo a informação fornecida por Ariana Nogueira ao ALMADENSE, “não deverá haver mudanças para a zona onde estão situados os terrenos do Ondaparque”, que atualmente só permitem a construção de “equipamentos” e não de habitação. 

 

Possíveis soluções

ondaparque-novo

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Depois de décadas de encerramento, as piscinas outrora cheias de água e os escorregas azuis deram lugar ao cimento degradado, ao vandalismo, aos grafitis e à acumulação de lixo. Em vez da relva verde bem tratada, onde decorriam aulas de ginástica ao ar livre e os visitantes descansavam, multiplica-se a vegetação selvagem. Atividades icónicas como o muro de alpinismo, o ginásio e o parque infantil foram removidas, deixando um vazio no parque.

O certo é que, volvidos 26 anos, muitos almadenses continuam a sentir nostalgia quando recordam os momentos passados naquele espaço. “Fui provavelmente a primeira pessoa a utilizar o Ondaparque, ainda antes da inauguração”, conta ao ALMADENSE João Moreira.

Teve o privilégio de ser das primeiras pessoas a frequentar o parque e a andar nos seus escorregas graças ao seu pai, que foi contratado como empreiteiro para a construção do parque. “Posso dizer que, embora o tempo passe, os bons tempos de juventude que ali passei ficam na memória, nunca os vou esquecer”, confidenciou. 

Cristina Carbone foi outra das jovens que “passava dias no parque com o divertimento estampado no rosto”. No entanto, apesar de acreditar na reabilitação, aponta uma alternativa diferente: “o parque poderia ser transformado numa piscina municipal pela Câmara de Almada. Acho que seria um ótimo investimento, tanto para a região como uma boa prestação à população, teria um excelente sucesso e daria outra amplitude à Costa da Caparica”, contou ao ALMADENSE. 

Já João Moreira, mostra dúvidas em relação a essa solução. “Não sei até que ponto poderia ser uma mais valia, provavelmente seria necessário alterar muita coisa”, disse. “Tudo tem o seu tempo, talvez o parque tenha fechado cedo demais, mas não sei se é viável a sua reabertura, especialmente através da Câmara”.

O ALMADENSE questionou a Câmara Municipal de Almada sobre os terrenos do Ondaparque e possíveis soluções para o aproveitamento do espaço, mas não obteve resposta.

 

Fotos: Arquivo Equipa Ondaparque

Texto editado por Maria João Morais

 

https://almadense.sapo.pt/cidade/20-anos-apos-o-encerramento-a-memoria-da-lisnave-continua-a-marcar-almada/

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