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Novas criações de Forsythe, Ostermeier e Pommerat: o programa completo do Festival de Almada

Programa do festival, que decorre de 4 a 18 de julho, contempla 20 criações e mais de 40 espetáculos, e inclui vários autores que já passaram por Almada em anos anteriores. Organização fala em “serviço público” e vontade de “romper bolhas”.

 

William Forsythe, Thomas Ostermeier, Joël Pommerat  — são estes alguns dos principais destaques do 42º Festival de Almada. Apresentado esta quarta-feira, dia 18 de junho, o programa contempla 20 criações e mais de 40 espetáculos — bem como exposições, workshops e vários concertos gratuitos ao ar livre — que de 4 a 18 de julho, serão apresentadas no município, naquele que é um dos principais eventos da temporada teatral a nível nacional.

“Um dos papéis de serviço público que um festival como o nosso pode prestar é que os espetadores possam acompanhar a evolução dos criadores ao longo do tempo”, frisou ao ALMADENSE Rodrigo Francisco, diretor artístico da Companhia de Teatro de Almada (CTA). “Tem sido assim todos os anos, e nesta edição acontece de forma particularmente marcada, por exemplo com o regresso do Thomas Ostermeier”, disse.

O encenador alemão traz a Almada “Histórias de Violência”, que explora a relação de França com as suas ex-colónias a partir da obra de Édouard Louis. Já Pommerat apresenta a peça “Marius”, que nasceu de uma colaboração numa prisão na Provença, em França. A estes nomes junta-se agora «o nome de William Forsythe, um dos principais coreógrafos da atualidade, que traz ao Teatro Municipal Joaquim Benite (TMJB), a 5 e 6 de junho, o espetáculo “Friends of Forsythe”, exploração da ligação cultural entre várias práticas de dança, do ballet ao hip-hop, passando pelas tradições folclóricas.

2025 marca também o regresso a Almada do colectivo francês Galactik Ensemble, que já esteve no festival em 2023 e este ano volta para apresentar “Zugzwang”, espetáculo inserido na tradição do “novo circo”, a 16 de julho, na Escola D. António da Costa.

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No plano nacional, os principais destaques vão para “Um Adeus Mais-Que-Perfeito”, criação da CTA a partir da obra homónima de Peter Handke, que será apresentada ao longo de vários dias no TMJB e terá encenação da também atriz Teresa Gafeira. Há ainda espaço para várias peças que nos últimos meses têm feito sucesso um pouco por todo o país: “Telhados de Vidro”, criação do Teatro da Trindade INATEL e de Marco Medeiros, com interpretação de Diogo Infante e Benedita Pereira (dia 6 de julho, na Escola D. António da Costa); “Monóculo, Retrato de S. Von Harden”, monólogo do ator Cristóvão Campos pela mão de Rui Neto e que foi um sucesso do Teatro Aberto no ano passado (a 11, 13 e 15 de julho, no Fórum Municipal Romeu Correia).

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Bruno Marreiros / Almadense

Também “A Colónia”, de Marco Martins, volta a subir ao palco de 10 a 14 de julho, na Culturgest, ou “A Casa Morreu”, reflexão sobre o território a partir de fotografia, com direção artística de Fernando Giestas e que termina a sua digressão nacional em Almada, que se apresenta nos dias 7, 9 e 11 de julho no Cineteatro da Academia Almadense.

Destaque também para algumas colaborações com entidades internacionais, nomeadamente o Instituto Italiano de Cultura, que ajuda a apresentar o espetáculo “Extra Moenia”, sobre a língua e a cultura sicilianas, da autoria de Emma Dante (sobe ao palco a 18 de julho, na Escola D. António da Costa).

Com o apoio da Embaixada de Espanha, destaque este ano para duas criações: “El Rey Que Fue” (12 de julho, na Escola D. António da Costa), sátira dissimulada aos anos recentes do rei-emérito Juan Carlos, com direção artística de Albert Boadella, e “El Mar” (13, 15 e 17 de julho na Academia Almadense), reflexão sobre o franquismo com encenação de Xavier Bobés e Alberto Conejero López — este último é ainda o artista convidado para a edição deste ano do curso anual “O Sentido dos Mestres”.

A sessão de apresentação contou com a presença da presidente da Câmara de Almada, Inês de Medeiros (que também é vereadora com o pelouro da Cultura) e que sublinhou a tradição histórica de um festival que se “confunde com a identidade de Almada”, elogiando ainda o seu cariz interventivo. “É um festival que nunca se coibiu de ser político. É um convite a não ficarmos passivos, indignados digitalmente perante o que se passa à nossa volta”, afirmou.

Num momento particularmente emotivo da manhã, a presidente da Câmara teceu um rasgado elogio à “amiga de muitos anos”, Lia Gama, que este ano é homenageada pelo festival. Numa breve declaração, a atriz de 81 anos confessou-se “muito honrada” pelo reconhecimento de “uma vida dedicada ao teatro”. “Trabalho cada vez mais raramente, tenho muita pena. É uma grande felicidade estar aqui e rever tantas caras conhecidas, é como se voltasse a fazer parte da família”, confessou.

 

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Variedade e inclusão na “cidade do teatro”

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Bruno Marreiros / Almadense

As “hostes” iniciam a 4 e 5 de julho com “Qui Som”, espetáculo de abertura pela companhia franco-catalã Baro d’Evel, numa encenação de Camille Decourtye & Blaï Mateu Trias, e a parceria deste ano com o Centro Cultural de Belém (CCB), que reúne em palco um grupo de bailarinos, músicos, acrobatas, palhaços e um ceramista. Já o primeiro dia do evento Almada, fica marcado por “Les gros patinent bien — Cabaret de carton”, da companhia francesa Le Fils du Grand Réseau.

Também este ano é mantida a tradição do Espetáculo de Honra — a criação que, mediante voto do público na edição anterior, tem honras de regresso ao programa do festival. Este ano, tal será “La Tempesta”, um texto de Shakespeare numa versão traduzida por Eduardo de Filippo, encenado por Eugenio Monti Colla e que tem em palco mais de 150 marionetas. Acontece a 6 e 7 de julho (neste último dia em sessão dupla), no Fórum Romeu Correia.

A vontade em incluir vários registos teatrais diferentes é assumida por Rodrigo Francisco como uma prioridade na lógica de programação todos os anos. “Um festival pode ser um local de encontro, em vez de ser um local em que estamos com aqueles que já gostam das mesmas coisas que nós. Tenho muito prazer em incluir numa programação de vinte espetáculos coisas tão diferentes como um espetáculo de dança do William Forsyth e um de marionetas do século XVII. São coisas muito diferentes, igualmente de qualidade no seu respetivo ramo, e com públicos que normalmente raramente se cruzam”, defendeu.

Ao mesmo tempo, e porque não só de teatro se faz este Festival de Almada, o programa conta ainda com várias iniciativas que vão desde exposições — uma delas um olhar para a história dos Espetáculos de Honra ao longo dos anos — a concertos ao ar livre, gratuitos e com dezenas de artistas de músicas do mundo.

O diretor da CTA reconhece que este esforço é, em parte, motivado pela vontade de angariar novos públicos e “romper as bolhas” em que cada um se insere. “A cidade está a transformar-se bastante e o festival é um dos ex-libris de Almada, que tem o epíteto de ‘cidade do teatro’, mas tenho a noção que há muitos almadenses que nunca puseram os pés num teatro na vida, porque durante muitos foi considerado algo para pessoas muito velhas, muito cultas ou muito ricas. E o nosso papel é tentar contrariar isso e convidar pessoas a descobrir o festival.”

Os bilhetes para todas as sessões ficam à venda esta quinta-feira, dia 19 de junho, estando ainda disponíveis para compra as Assinatura do Festival de Almada, que dão acesso a todas as sessões. A programação completa pode ser consultada no site oficial do festival, com todas as informações sobre horários e palcos.

 

 

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