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Marina Marques, candidata do PAN a Almada: “Somos um partido que transcende a questão animal e ambiental”

Nascida e criada em Almada, a candidata do PAN à presidência da Câmara Municipal, assume o objetivo de conquistar uma vereação no município. Em entrevista ao ALMADENSE, a dirigente distrital do partido — que há 30 anos trabalha na Faculdade de Ciências e Tecnologia—, defende a necessidade de uma visão diferente para enfrentar “problemas que são novos”.

 

É a responsável distrital do PAN e já foi candidata a deputada nas eleições legislativas. O que é que a leva a avançar agora para a Câmara de Almada?

A candidatura resulta de um convite que me fizeram e que rapidamente aceitei. Sempre gostei de desafios, mas têm de ser desafios que vão ao encontro do meu espírito de missão e de retribuir para a comunidade. Nasci e cresci em Almada, conheço esta terra muito bem e acredito que os princípios que o PAN defende podiam tornar este concelho melhor e dar mais qualidade de vida aos almadenses em todas as áreas. Falo de coisas como a preservação do património natural, que pensamos que está protegido mas pode deixar de estar de um dia para o outro. A questão dos animais é uma das nossas bandeiras, como toda a gente sabe, e desde 2017 que coordeno um movimento informal de cidadãos ligado à proteção animal. Conheço bem esta área e sei que Almada está no bom caminho mas falta dar muitos passos em frente e sabemos quais são.

Sente que essas bandeiras do partido tenham tido desenvolvimentos positivos no município nos últimos anos?

Completamente. Temos tido um papel muito importante, quer a nível local, com a nossa deputada eleita na Assembleia Municipal, como a nível nacional. Somos um partido pequeno, mas com valores muito importantes e que são reconhecidos fora de disputas partidárias — como costumamos dizer, cada um tem um pouco de PAN em si. É precisamente isso que tem feito avançar a questão da proteção dos animais, do ambiente mas, como disse, nunca nos podemos acomodar, porque há ameaças reais. A questão do imobiliário, por exemplo. Almada é um território muito saturado em termos populacionais e urbanísticos mas, ao mesmo tempo, falta habitação. Se, para resolver o problema da habitação, ocuparmos todos os espaços livres com construção, se nos tornarmos numa selva de pedra, como é que fica a qualidade de vida dos almadenses?

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Acredita que esse risco é real?

Vou dar um exemplo muito concreto: o plano para a recolocação dos parques de campismo no Pinhal do Inglês, que é parte integrante do ecossistema da Mata dos Medos, que é o nosso bem mais precioso em termos de património natural e ecológico. Houve um estudo de impacto ambiental prévio? Não sei. Há cada vez mais pessoas a virem viver para Almada, as famílias estão a crescer. Mas como é que vamos garantir um equilíbrio, criando mais espaços verdes e preservando espaços como a Mata dos Medos, que estão intimamente ligados à qualidade de vida das pessoas? Na nossa perspetiva, é algo que pode e deve ser visto a nível intermunicipal, nomeadamente com o Seixal. Há várias outras áreas onde teríamos tudo a ganhar se se trabalhasse em conjunto.

Sente que essa cooperação não tem existido nos últimos anos?

Sim. Não sabemos se se deve a diferentes cores políticas nos concelhos, mas são coisas tão importantes que essas quezílias partidárias deveriam ser postas de lado em prol do bem comum. A mobilidade, a habitação, o desenvolvimento económico, até a saúde. Cada município está a trabalhar por si próprio, sendo que se trabalhassem em conjunto obteriam muito mais vantagens para todos.

Quais são as expectativas do PAN para estas autárquicas? Definem algum objetivo para aquilo que seria um sucesso eleitoral?

Um bom resultado eleitoral seria para nós seria conseguir uma vereação, fazer parte do executivo da câmara e ter, com isso, algum poder para fazer passar ideias e propostas para o concelho. Esse seria o cenário ideal, sobretudo tendo em conta que realisticamente é muito difícil competir com os grandes partidos. Queremos incutir no cenário político de Almada uma outra voz, outra perspetiva que quebre o ciclo de fazer sempre mais do mesmo relativamente a problemas que são novos. Paralelamente, queremos manter e reforçar a nossa presença na Assembleia Municipal, que é também um órgão importante.

Somos vistos como “o partido do cão e do gato”, mas no nosso programa apresentamos mais de 160 propostas.

Olhando para o panorama político e para aquilo que é a cada vez maior fragmentação do espaço partidário, teme que os eleitores, alguns dos quais que até se podem rever nas propostas do PAN, possam optar por concentrar o seu voto num partido mais “abrangente” em termos de políticas?

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A questão aqui é justamente a da “abrangência” e da ideia pré-concebida que as pessoas têm relativamente ao PAN. Somos um pouco vistos como o “partido do cão e do gato” e que por pouco mais se interessa, mas no nosso programa apresentamos mais de 160 propostas, divididas por quinze eixos temáticos diferentes e sobre todas as áreas da nossa sociedade, mais até do que os ditos partidos tradicionais. É aí que está a riqueza do PAN: o olhar para a sociedade de uma forma holística, como um todo, e trazer para a mesa temas a que, por norma, os grandes partidos não dão atenção. A questão do voto útil, como temos visto, é um conceito muito subjetivo. É útil votar numa força antidemocrática porque se está descontente com todas as outras? É útil dar maioria a um partido e dar-lhe carta-branca para desenvolver apenas essas políticas? O voto útil pode ter consequências muito sérias, e seria bom que as pessoas conhecessem o nosso programa e vissem que, no meio de 160 propostas, abrangemos toda a comunidade do concelho.

Mencionou o facto de os recursos do PAN serem mais modestos quando comparados com os de outros partidos. Qual a vossa estratégia para fazer as propostas chegarem às pessoas, tendo em conta essa realidade?

Estamos a apostar nas redes sociais e também na comunicação direta com a distribuição de material escrito nas caixas de correio, para as pessoas lerem uma amostra das nossas propostas, que julgamos que vão ao encontro das necessidades e expectativas dos munícipes. Em termos de materiais de grande visibilidade, como outdoors… as campanhas políticas são algo que movimenta muito dinheiro, que a nosso ver acaba por ser um pouco desperdiçado. Um outdoor custa mais de dois mil euros, e há partidos com dezenas deles no concelho. Através das formas de divulgação que estamos a fazer, queremos que as pessoas não se deixem levar apenas pela imagem num cartaz ou um lema que no fundo pouco diz. É uma luta desigual, sabemos disso, mas temos confiança no que estamos a propor e no nosso projeto para estas eleições.

Que avaliação fazem do executivo liderado pelo Partido Socialista nos últimos oito anos em Almada?

Não podemos dizer que mereça de forma alguma uma avaliação negativa. A questão é que, a nosso ver, muito mais poderia ter sido feito e há coisas que deviam ser corrigidas. Dando um exemplo concreto de algo que criticamos, a quantidade de hipermercados que estão a nascer no concelho. São inúmeros, estão a dois passos uns dos outros; é para colmatar alguma necessidade das populações? O terreno usado para a implementação de um hipermercado podia muito bem ser usado para habitação acessível, criação de um espaço verde, uma infraestrutura desportiva… porquê concederem-se licenças a tantos hipermercados em zonas tão pequenas? Há, portanto, decisões que achamos que podiam ter sido melhor tomadas.

Das 160 propostas que apresentam no vosso programa, quais consideram prioritárias e de que forma se propõem a aplicá-las, se viessem a integrar um executivo municipal?

Além daquelas de que já falei, a área da saúde preocupa-nos muito. Temos propostas que passam pelo apoio a programas de internamento domiciliário, em colaboração com o Hospital Garcia de Orta. Achamos que também é importante atribuir apoios a entidades da Rede Social local para o encaminhamento e acolhimento de casos sociais em internamentos hospitalares desnecessários. Sabemos que há um problema de sobrelotação, o Garcia de Orta não consegue dar resposta às pessoas do concelho, e isto ia libertar camas e reforçar a eficiência e a humanização da resposta do sistema. Depois, como o problema também se prende com a falta de médicos, propomos criar um programa municipal de incentiva à fixação de jovens profissionais de saúde, e que pode passar por uma série de benefícios, desde isenção de taxas municipais ao apoio à habitação.

E no âmbito da mobilidade?

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Essa questão também é muito importante. Estou a pensar no drama que é vivido diariamente pelas pessoas no acesso a Lisboa através da Fertagus. Não conduzo, sou uma pessoa que utiliza transportes públicos e, efetivamente, tenho presenciado situações dramáticas: agressividade, ataques de pânico, pessoas a sentirem-se mal devido à sobrelotação extrema dos comboios em hora de ponta. Tem de ser exigido à Fertagus que coloque mais composições ou que haja mais comboios.

Mas não há uma limitação ao nível da própria Ponte de 25 de Abril, que estabelece um número máximo de carruagens que podem circular?

Sim, mas houve comboios aos quais foram retiradas carruagens para que os horários fossem mais frequentes. É um problema que tem que ser resolvido, não vale a pena. Ainda há pouco tempo ouvi o candidato do PSD dizer que “tem a ver com o peso que a ponte pode suportar”. Não sou técnica, mas nós temos comboios da CP a circular de forma alternada e que são muito mais pesados e longos que os da Fertagus. O município tem de se sentar à mesa com a Fertagus e resolver, as pessoas não podem continuar a passar pelo que têm passado sem terem solução. Se tiver que haver intervenção do Governo central, então vamos insistir. Há muitas áreas de gestão do município que extrapolam a sua própria área de competência, mas não é por isso que nos vamos retirar delas. Esta é a nossa casa, independentemente de os problemas que estamos a sentir serem causados por outros, não podemos resignar-nos a esse facto.

E o que propõem em relação ao bairro de Penajóia?

Essa questão está diretamente sob a responsabilidade do IHRU, mas quem sofre as consequências é Almada e as pessoas que lá estão. O município vai ficar a assistir enquanto de dia para dia surgem novas casas? Há um grande problema naquele bairro que tem a ver com uma rede ilegal relacionado com a construção das próprias casas e da venda dos materiais. Essa rede tem de ser desmantelada, tem de se chamar ao terreno entidades que possam atuar sobre esse tipo de crime. Lá está, talvez tenha faltado à câmara uma posição de mais urgência, de insistência.

E que solução apresentam?

É um problema complexo. Os nossos adversários falam em construir de forma modelar, construções rápidas para resolver o problema. Primeiro, onde? E para quantas pessoas, sendo que todos os dias surge uma nova casa? Depois, o município tem uma lista de espera de almadenses a aguardar uma casa. Essas pessoas têm de ter primazia, porque já estão em lista de espera há algum tempo. Mais vale termos a coragem de assumir que nem tão cedo aquele bairro vai ser dali, por isso temos de encontrar condições para que aquelas pessoas vivam com dignidade, e isso tem de ser trabalhado em conjunto com o IHRU. Mas tem de haver uma intervenção naquele bairro para bem das pessoas que lá vivem e da vizinhança, antes que se torne num problema de segurança e de criminalidade que, como sabemos, surge nestes bairros auto-construídos.

Outro setor que consta do vosso programa é a segurança. Apoiam a criação da Polícia Municipal e defendem a instalação de mais videovigilância no concelho. Estas posições refletem a convicção de que Almada é um município inseguro?

Não temos que chegar ao ponto da insegurança para tomar medidas preventivas. Há um aumento da insegurança, não só em Almada como em todas as cidades, mas ainda está num nível que é fácil de gerir.

Mas os dados mais recentes que temos apontam para uma descida da criminalidade em Almada.

Seja como for, temos de olhar para a segurança de forma preventiva. Ainda há pouco tempo houve uma série de assaltos na Charneca de Caparica, com quebras de vidros de lojas e assaltos a automóveis praticamente diários. Há pequenos focos de criminalidade que podem começar a crescer. Não temos de esperar que as coisas se tornem num verdadeiro problema para atuar sobre elas. A questão da videovigilância é sobretudo dissuasiva. É ideal para um local onde a criminalidade não é assim tão elevada. Nesta fase, os sistemas seriam para a prevenção do crime. Se esperarmos muito mais, talvez sirvam para ajudar em investigações a crimes ocorridos.

Não acha que, ao falarmos desta forma sobre sistemas preventivos, temos de traçar uma linha entre a dissuasão e as liberdades individuais dos cidadãos?

Há uma coisa muito simples, falando em bom português: quem não deve, não teme. Todas as pessoas com quem temos falado vêm com muito bons olhos a questão da videovigilância porque lhes dá mais segurança. Para uma pessoa que faz a sua vida normal em que é que um sistema de vigilância a vai afetar, podendo até incutir-lhe uma maior sensação de segurança? As nossas liberdades não são ilícitas se não chocarem com a liberdade de mais ninguém. O objetivo é zelar pela segurança das pessoas.

O que nos move é o bem-estar das pessoas e o desenvolvimento do concelho de forma harmoniosa.

Olhando para possíveis cenários pós-eleitorais, que entendimentos estariam dispostos a fazer para garantir a estabilidade municipal? Excluem a priori alguma força política?

À partida não excluímos nenhuma força que vá ao encontro do que defendemos. É, aliás, uma das liberdades de não sermos um grande partido tradicional. O que nos move é o bem-estar das pessoas e o desenvolvimento do concelho de uma forma harmoniosa. Qualquer força que se associe a esta premissa seria excluída porquê, quezílias políticas? O que defendemos está à frente de tudo o resto.

Inclui o Chega?

Vamos ver o que é que o Chega de Almada defende e o que propõe. Há dinâmicas diferentes nos municípios, embora saibamos que têm em muito do seu ADN pressupostos aos quais somos absolutamente avessos. Talvez seja difícil, e se nas propostas e discurso do Chega se traduzirem o que temos visto a nível nacional, claramente não há entendimento. Agora dizer “nem quero ouvir” também me parece pouco democrático da nossa parte. Acima de tudo, o nosso objetivo é conseguir fazer coisas, tornar Almada num concelho melhor em todas as suas dimensões. Não vamos assumir qualquer postura fundamentalista, somos um partido equilibrado e que transcende muito a questão animal e ambiental, simplesmente não as deixamos para trás como muitos partidos “do sistema” fazem.

 

Ana Clara Birrento, candidata do CDS-PP: “Em Almada há uma separação entre o poder autárquico e a vida dos cidadãos”

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