AUTÁRQUICAS 2025
Ex-presidente da Câmara de Mafra e atualmente eurodeputado, o candidato do PSD à Câmara de Almada acredita que pode “ganhar por maioria” e assegura que, se for eleito presidente, troca Bruxelas por Almada porque gosta muito de “ser autarca”. Em entrevista ao ALMADENSE, rejeita repetir coligações com o PS e critica a falta de ambição do concelho, que descreve como “sujo e pouco dinâmico”. Defende atrair investimento ligado à inovação para inverter esse cenário.
No evento de apresentação da candidatura, disse querer “recuperar o tempo perdido em Almada”. Considera que estes foram “anos perdidos”?
Considero que, dada a sua localização, o potencial em termos naturais, Almada pode aspirar a ser um concelho completamente diferente. O “tempo perdido”, na minha perspetiva, serve para transmitir uma mensagem de ação e confiança aos almadenses, para que Almada seja um concelho “de primeira”, que não seja só a outra margem do Tejo. Almada deve estar na “primeira liga” dos municípios a nível nacional e, neste momento, não está. Quando entramos em Almada, vemos uma cidade suja, sem ambição, suburbana, insegura, pouco dinâmica do ponto de vista económico e turístico… tendo eu conhecimento de outras realidades, particularmente em Mafra, onde servi como presidente durante onze anos, acho que este território tem um potencial enorme, onde a auto-estima, o saber fazer, o orgulho de saber fazer, é algo que gostava de valorizar.
Atribui essa secundarização ao trabalho desenvolvido nos últimos mandatos?
Não vou fazer nenhum ataque pessoal à presidente atual, nem ao seu executivo, nem às presidências anteriores. Mais do que estar a lamentar o passado, queremos é projetar o futuro. Uma das grandes motivações que me levou a aceitar este desafio é exatamente essa oportunidade de poder fazer diferente. Julgo que todos fizeram o melhor que podiam e sabiam, mas não conseguiram fazer aquilo que os almadenses mereciam.
Nesse diagnóstico que faz de Almada, atribui a responsabilidade aos autarcas ou ao Estado central?
A autarquia é o principal motor de desenvolvimento do território. Não podemos imputar responsabilidades ao Estado central, porque se a autarquia não for dinâmica, visionária e mobilizadora, as coisas não vão acontecer. A definição que tenho de presidente da câmara é a do responsável por tudo o que acontece ou deixa de acontecer no território. E digo isto com conhecimento de causa, já tive a sorte de ser presidente de câmara e assumir essa responsabilidade.
A população não está preocupada se a responsabilidade é do governo central ou local, e muito menos entende as desculpas de mau pagador que qualquer político local venha a imputar à outra parte. Compete ao autarca mobilizar o Estado central e trazê-lo ao território para que possam avaliar as necessidades locais. Foi isso que fiz em Mafra, mesmo com governos que não eram do meu partido, e sempre tive da parte deles uma co-responsabilização muito positiva. Portanto, não aceito nem apoio essas ideias de que uma coisa é do central e outra é do local, todos nós servimos as populações. E, pela proximidade, os autarcas são os primeiros responsáveis por resolver as questões dos cidadãos.
Já referiu o seu passado enquanto autarca em Mafra. Considera que é uma mais-valia trazer essa experiência para Almada? Por outro lado, o facto de não ter uma ligação a Almada, ao contrário de muitos dos outros candidatos, poderá ser um entrave nesta campanha?
Mafra pertence à Área Metropolitana de Lisboa (AML) e tive a sorte de, durante a minha experiência como autarca, de servir como vice-presidente da AML. Por isso, as ligações que tive, não só à atual presidente como ao anterior, Joaquim Judas [CDU], foram sendo uma ponte de ligação com Almada. Mesmo não estando a residir pessoalmente aqui, sempre acompanhei todos os problemas da Margem Sul. Dito isto, a experiência de autarca em Mafra tem muitas semelhanças com Almada. Dou como exemplo a questão da orla costeira atlântica: Almada é conhecida não só pelas suas praias, mas também enquanto local privilegiado para a prática do surf; a Ericeira é em tudo igual. A questão da proximidade com a capital, dos movimentos pendulares diários que isso cria. No que diz respeito à segurança, investimos muito em Mafra porque sem segurança não há quem viva ou invista nos territórios. São algumas similitudes e mais-valias de conhecimento que podem ser trazidas de Mafra para Almada e estou certo que, entre os meus concorrentes, nenhum tem a experiência que eu posso trazer.
Quando me comparam com os meus adversários, considero que levo vantagem.
Acha então que o trabalho de proximidade que os outros candidatos já têm não é uma vantagem?
São valias, claro, mas diria que em função da minha análise pessoal, a minha vantagem ao nível da experiência é seguramente maior. Se somarmos o tempo de vereador, de presidente de câmara, de deputado na Assembleia da República e, no último ano, de eurodeputado no Parlamento Europeu, nenhum dos outros candidatos tem a sorte de ter passado pelos diferentes níveis de decisão e de saber como funcionam as regras do jogo. E essas regras são essenciais para o processo de decisão e de influência. Quando me comparam com os meus adversários, modéstia à parte, considero que levo vantagem.

Referiu o último ano como eurodeputado, cargo para o qual foi eleito nas Eleições Europeias de 2024. O que é que o fez dar o passo para Almada nesta altura? E, se for eleito presidente, deixaria o seu lugar em Bruxelas?
Claro. Aliás, nunca aceitaria um desafio destes se assim não fosse. A maioria dos meus amigos acha que é uma loucura, e eu até concordo. Mas é uma boa loucura, porque para abdicar de uma cadeira confortável, bem paga e tranquila em Bruxelas, por uma cadeira desconfortável e mal paga e um desafio deste nível em Almada, tem que se gostar muito de ser autarca. E eu gosto muito, das coisas que fiz na vida (e já fiz bastantes), aquilo que mais prazer me deu foi ser autarca. Porque de um dia para o outro resolvemos problemas das pessoas. É algo que não acontece na Assembleia da República ou em Bruxelas, onde os pacotes legislativos demoram tempo a ser implementados. Na política local hoje decidimos e amanhã está a ser implementado. É isso que me motivou a vir para Almada.
E se perder, mas for eleito vereador? Irá cumprir o mandato?
O meu projeto é um projeto vencedor, não para quatro, mas para oito anos. Quero ganhar e quero ganhar com maioria. Mas, no mundo das possibilidades, há que assumir que essa é uma delas. Faria uma reflexão consoante os resultados e a expressão do voto. Se achar que tenho condições e que faz sentido continuar, farei por ir às reuniões e estar presente em Almada.
Portanto, coloca a opção de acumular o cargo de eurodeputado com o de vereador?
Com certeza. Tenho que comer, como vocês.
Olhando para os últimos anos em Almada, a verdade é que o PSD Almada esteve ao lado da governação do PS. Só recentemente romperam o acordo com o executivo socialista. Estaria disponível para um novo acordo de governação, caso os resultados eleitorais o permitissem?
Devo dizer que, de um modo geral, não sou adepto de coligações deste género, em que um partido sustenta outro. Acho que o PSD não foi beneficiado pelo acordo dos últimos anos, pelo contrário. Os nossos vereadores são pessoas muito capazes, e tenho muito orgulho no trabalho que fizeram, as melhores coisas dos últimos mandatos foram feitas por eles, deixaram obra feita e que está visível. O problema é que o PSD não tirou qualquer proveito disso, essa obra foi sendo “reclamada” pelo PS como sua, e o PSD ficou na sombra. Portanto não, não me revejo nesse tipo de estratégia, não acho que o PSD deva servir de muleta a quem está na governação, que nos últimos anos foi o PS. Quero ser claro: venho a Almada para ganhar, e não é por “poucochinho”. Quero ter uma maioria clara dos almadenses, para poder implementar um projeto a oito anos. Para fazer Almada acontecer.
Acha que essa ambição é realista, tendo em conta o histórico de voto à esquerda em Almada?
Se não achasse não tinha aceitado o desafio. Em Mafra também conquistei a câmara, que na altura era do PSD, e os meus resultados falam por si: 46% em 2013, 56% em 2017 e 57% em 2021. E este crescimento aconteceu pelo trabalho feito que deixei e que as pessoas reconhecem. Tenho, aliás, muito orgulho em ter tido do meu lado em Mafra pessoas de dentro e fora do PSD, da esquerda à direita, que acreditaram em mim e reconheceram que cumpro com a palavra dada. O meu compromisso agora é o mesmo. Quero ganhar com maioria para poder governar Almada, e digo já aqui que, se daqui por quatro anos as pessoas se sentirem defraudadas ou que as promessas ficaram por cumprir, eu mesmo sairei pelo próprio pé. Mas, como tenho a certeza que isso não vai acontecer, não estou preocupado.
Almada não pode ser apenas um dormitório para quem vai para Lisboa todos os dias
No discurso de apresentação falou da importância de estimular a criação de emprego em Almada. É algo que considera prioritário?
Almada não pode ser apenas um dormitório para quem vai para Lisboa todos os dias cumprir a sua jornada de trabalho. É preciso fixar as pessoas jovens, os casais, na sua terra, para que não tenham de sair daqui e possamos competir com a outra margem. Era uma questão que também era premente em Mafra, e combatêmo-la justamente criando emprego local, mais de 20 mil postos de trabalho no território. O resultado foi que os movimentos pendulares diminuíram, as pessoas deixaram de ter que ir e vir todos os dias de Lisboa, Mafra cresceu. E aqui tem de ser igual. Termos a oportunidade de trabalhar em Almada sem termos de ir todos os dias para Lisboa. Queremos fixar as pessoas na sua terra. É esse o sonho de qualquer almadense. Trabalhar aqui com qualidade, receber o mesmo — acaba até por ser mais, porque não há custos de deslocação — e o valor do tempo que se ganha, que é incalculável.
Têm sido apontadas críticas à falta de capacidade do município em atrair investimento e desenvolver a economia local. Como é que o PSD pretende inverter esta tendência? O projeto Innovation District seria parte da solução? Até agora, praticamente não saiu do papel…
Uma boa parte dos políticos apresenta power points. Outros têm uma ideia, fazem os projetos, arranjam o dinheiro e executam. Eu faço parte destes últimos. O Innovation District é uma boa ideia, não digo que não, mas é preciso passar das palavras aos atos. Podemos e devemos trabalhar com as universidades, e isso leva-nos à questão das empresas que devem nascer no âmbito das universidades, à incubação de empresas no âmbito do tecido económico local. Isso não tem acontecido em Almada. É essa alteração de paradigma que deve acontecer. Não pretendo que Almada volte a ser um local de indústria pesada, como foi no passado, mas sim que pequenas e médias empresas, com indústria ligeira, se possam estabelecer empresas ligadas às novas tecnologias, à inteligência artificial, à segurança, cibersegurança e defesa. Depois há a questão do turismo, o potencial da zona ribeirinha, da orla costeira, dos nómadas digitais, da proximidade a Lisboa, é enorme. Nos próximos quatro anos, planeio criar a “Almada Invest”, que será uma empresa municipal de desenvolvimento económico e de criação de emprego, que vai ter reflexo em todas as freguesias de Almada.
Almada passou a ser o local de construção de barracas quando Lisboa escorraçou as suas barracas e tendas, assim como Loures está a fazer agora.
A questão da habitação é premente um pouco por todo o país. Neste momento, Almada é dos municípios onde valor do metro quadrado é mais caro, e a tendência tem sido de aumento. Que soluções podem ser encontradas a nível local para combater o problema?
Muito simples, três estratégias diferentes: primeiro, temos de ir ao edificado existente. Vamos criar o Almada Requalifica, um apoio pecuniário por metro quadrado, para que todas as edificações pertencentes a privados possam ser mantidas, melhoradas e requalificadas. Segundo, incentivos aos privados para construirem habitação para os jovens, para a classe média e média-baixa.
Que incentivos em concreto?
Celeridade de licenciamento, custos de licenciamento e disponibilização de parcerias com a autarquia para utilização de terrenos e edifícios municipais que estão abandono e que podem, e devem, ser postos ao serviço de quem precisa. E não estou a falar dos “coitadinhos”: há muita gente em Almada, muitos jovens, pessoas de média e até de terceira idade, que por vicissitudes várias se viu fora da sua casa. Não podemos deixar ninguém para trás, temos de olhar para todos.
E qual a terceira estratégia?
A terceira tem que ver com a questão da habitação social, que tem sido a mais badalada nos últimos tempos. Pode ser feita primariamente pelo Estado central, secundariamente pelo município, e a um terceiro nível pelos privados, dentro de um regime de custos controlados. Podemos pensar numa política de construção voltada para habitações pré-fabricadas de qualidade, fácil implementação e baixo custo, que podem ser concretizadas em pouco tempo. Aquilo que tem acontecido é inaceitável: Almada passou a ser o local de construção de barracas quando Lisboa escorraçou as suas barracas e tendas, assim como Loures está a fazer agora. As máfias ligadas a este meio, que existem, dizem às pessoas “vão para Almada que ninguém vos chateia”.
O que é que pretende fazer em relação a situações como a de Penajóia, ou o bairro do Raposo? A câmara diz que são terrenos do IHRU [Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana] e que não pode fazer nada…
Não quero saber se os terrenos são do IHRU, da câmara ou dos privados — a câmara é responsável por todas as construções que acontecem no seu território. É uma desculpa de alguém que não assume as responsabilidades e as remete para terceiros. O IHRU atual depende do Governo da AD, mas isto até começou com a liderança antiga do PS, que é a mesma da presidente da câmara. É um laissez faire, laissez passer, um desgoverno total e uma anarquia.
Mas que soluções propõe?
Agir de imediato. A câmara tem mecanismos para atuar face às construções ilegais, para não deixar o problema alastrar. A minha ação seria logo na raiz do problema, resolvendo as situações que já existiam, e não deixar alastrar as últimas que têm acontecido. Almada não pode ser o depósito de sem-abrigos da Área Metropolitana de Lisboa. Os municípios que os têm devem acolhê-los e há, aliás, muito edificado existente que pode ser redirecionado para acomodar essas pessoas, nem é preciso um grande investimento. Não sou defensor de que as pessoas devam ir dormir para olho da rua. Agora, não posso admitir que valha tudo em função da justificação do “desgraçadinho” e do “coitadinho”. Tem que haver alternativas válidas e o município pode ter uma palavra a dizer junto do Estado central.
Há nove mil casas vazias em Almada, de acordo com os últimos censos. Como é que essas habitações podem ser mobilizadas para essa área?
Um programa de arrendamento e disponibilização dessas casas através do município, por exemplo. Teria de ser articulado com o Estado central, porque é preciso um quadro legal que o permita, mas depende do município todo o edificado que está completamente ao abandono. Na última semana fui à Costa da Caparica e vi o Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental, que é da câmara, e que está abandonado, degradado. Devidamente dividido, se calhar dava para pôr lá mais de meia dúzia de famílias. Não há capacidade de visão para além do óbvio, que são as casas existentes; essas devem ser mobilizadas, claro mas, além disso, existem no território conventos, antigas instalações militares, camaratas abandonadas que levavam muita gente. A autarquia pode ser o agente transformador desses espaços e não são precisos milhões.
A minha primeira grande medida, se for eleito, vai ser limpar Almada.

O estado do espaço público é outra das preocupações dos almadenses…
É outra vergonha. Não é por dizer mal, mas em Almada não olho para uma parede sem ver um graffiti. O espaço público está degradado, a calçada… A minha primeira grande medida, se for eleito, vai ser limpar Almada. E fazê-lo com apoio das instituições locais: escolas, igrejas, coletividades, com os proprietários. A câmara vai fornecer o material necessário para ajudar as instituições e para que possamos ter orgulho em ter uma cidade limpa, de primeiro mundo. Aquilo que se vê hoje em dia não é nada disso. Há ervas em todo o lado, lixo por recolher, espaço público por requalificar. Gosto de graffitis, inclusivamente dediquei muitas fachadas e placards em Mafra para graffiters, agora não é a bandalheira que aqui se vê. Quero uma Almada limpa para todos os almadenses e com o apoio de todos… gostava também de falar da segurança.
Em que sentido?
Um território só cresce se for seguro. Muitas vezes descura-se a segurança, dizendo que é uma tarefa do Estado e que é o governo central que tem que tratar das polícias. É verdade, mas as autarquias têm um papel fundamental na criação de condições de complementaridade. As esquadras e postos de polícia, as viaturas… 90% das viaturas em Mafra eram cedidas pelo município; os postos e esquadras da GNR eram todos novos, com condições para os militares da guarda e para as suas famílias se poderem instalar no território. Darmos às forças de segurança condições para poderem servir são questões nas quais as autarquias devem empenhar-se.
Considera que Almada é um território inseguro?
Pode melhorar bastante. Tivemos recentemente alguns episódios de insegurança, ainda há pouco tempo um imigrante que tinha uma loja no Feijó foi morto a tiro. Há alguns fenómenos ligados ao vandalismo que devemos combater.
Os dados do RASI [Relatório Anual de Segurança Interno] do último ano apontam para uma descida na criminalidade em Almada.
Não digo que o RASI não seja um bom elemento de decisão. Mas esses dados dependem muito de esquadra para esquadra, posto para posto, comandante para comandante. Vi alguns municípios na Área Metropolitana de Lisboa com valores extremamente baixos, que eu francamente questiono.
Não confia nos números?
Tenho algumas dúvidas sobre alguns números que aparecem no RASI.
Apoia a criação da Polícia Municipal?
Apoio, claramente, em Mafra criei-a. A polícia municipal deve ser criada em articulação estreita e direta com as polícias nacionais existentes no território. E, ainda que sob coordenação direta do presidente da câmara, deve funcionar como mais um posto das polícias nacionais, para que não haja concorrência mas sim complementaridade entre os diferentes órgãos. Se assim for é benéfica, libertando os PSPs e GNRs para tarefas de polícia criminal, enquanto a Polícia Municipal assume funções administrativas.
O Cais do Ginjal está novamente aberto, depois de um período de interdição. Mas os projetos anunciados tanto para o Ginjal como a Margueira continuam por implementar. Como é que vê esses atrasos? Considera que esses projetos fazem sentido tal como estão?
Tinha dito que não ia dizer muito mal de quem tem estado, por isso direi que têm sido oportunidades perdidas. Áreas como a Lisnave ou o Ginjal são locais de excelência que têm de servir, em primeiro lugar, para o desenvolvimento económico de Almada, criando oportunidades para quem aqui vive e, ao mesmo tempo, servindo de polo de atração para turistas e lisboetas que devem passar a olhar para Almada em pé de igualdade com Lisboa. Quem visita Lisboa devia também ser motivado a vir a Almada, não só visitar o Cristo Rei e os miradouros, mas terem capacidade de se divertir e permanecer neste espaço. Para além daquilo que o governo preconiza relativamente ao Parque Cidades do Tejo, a minha intenção é revisitar o projeto com o Ministro das Infraestruturas, no sentido de que o grande “parque de diversões” de Lisboa seja aqui deste lado.
Quando fala em “revisitar” o projeto apresentado pelo governo, que alterações defende?
Tenho algumas dúvidas quanto à massificação da construção habitacional em Almada sem que esta seja antecedida por criação de emprego no território. Isso seria condicionar a mobilidade de quem vem viver para Almada. Quero mais gente em Almada, mas não quero devolvê-los à outra margem e obrigá-los diariamente a apanhar o barco ou comboio para Lisboa, parece-me um contrassenso.
O metro deve ir até à rotunda da Costa, mas não até à Trafaria. Há que repensar a linha anunciada.
A mobilidade em Almada é uma questão que enfrenta neste momento grandes desafios. Como vê por exemplo a solução do túnel Algés-Trafaria? Acha que é uma obra prioritária?
É uma solução que defendo, mas é algo que carece de tempo e de dinheiro. Acho que é prioritária, mas vai demorar entre 5 a 10 anos a construir. E como eu me comprometo a governar a partir de outubro, daqui por três meses, tenho que ter projetos, ideias e concretizações para já. Estas são o reforço da Carris Metropolitana, o reforço do número de comboios da Fertagus, e também do transporte fluvial, que está numa situação inaceitável. A Trafaria é o pior exemplo, temos semanas inteiras onde o ferry não transporta uma pessoa. Não pode ser. Nem que a autarquia tenha que ir comprar ferries em segunda mão. Não podemos depender de uma empresa que não serve os interesses dos almadenses. Se conjugarmos a criação de emprego com o fortalecimento da rede de transportes, em paralelo com o desenvolvimento da terceira travessia e do túnel Algés-Trafaria, penso que são quatro vetores que irão ajudar claramente a melhor a acessibilidade em Almada.
Há também a questão do metro, com o projeto de expansão até à Costa da Caparica e Trafaria, que já está em fase de estudo. Concorda com o traçado proposto ou acompanha a contestação que tem surgido, nomeadamente no que diz respeito ao traçado até à Trafaria?
Acompanho a contestação. Defendo que o metro deve ir até à rotunda da Costa, mas não até à Trafaria. Há que repensar a linha anunciada, aproximá-la da Trafaria, mas sem a levar até ao cais. O metro deve ir até à Costa, eventualmente com um interface rodoviário que o aproxime da Trafaria.
Mas é um projeto defendido pelo atual Ministro das Infraestruturas [Miguel Pinto Luz].
Penso que temos que ajustar as ideias. O metro que passa aqui no centro de Almada, dizem os almadenses que aqui estão, causa incómodo. Temos que ter algum cuidado. A intermodalidade é desejável, mas o atravessamento de aglomerados urbanos deve ser repensado.
Apoia o regresso do Transpraia?
Se eu ganhar, no próximo ano há Transpraia. Já reuni com o Gregory Bernard [proprietário do Transpraia] mais do que uma vez e apoio claramente o projeto, a sua remodelação e eletrificação da linha para o tornar num transporte sustentável. Inclusivamente defendo que o Transpraia sirva como um mini-comboio que sirva a zona costeira durante, pelo menos, oito meses do ano, porque as praias hoje têm ocupação a maior parte do ano. E defendo o prolongamento da linha até ao futuro interface junto à rotunda da Costa, para que quem vá de metro possa apanhar o Transpraia sem ter de se deslocar a pé.
Com André Filipe Antunes
Autárquicas 2025: apresentados os candidatos à União de Freguesias de Laranjeiro e Feijó
Em 2017, a Câmara de Mafra já era PSD. Herança do Engº. José Ministro dos Santos (PSD).