Número de cidadãos sem acesso a este seguimento médico nos dois concelhos duplicou desde 2020. “Médicos estão cansados da falta de condições de trabalho no Serviço Nacional de Saúde”, alerta FNAM.
Voltou a aumentar o número de utentes sem médico de família nos concelhos de Almada e Seixal. Atualmente, há perto de 66 mil utentes em lista de espera, indicam os dados consultados pelo ALMADENSE no portal da transparência do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Se compararmos com a situação verificada há apenas três anos (maio de 2020), o número de cidadãos sem acesso a este seguimento médico duplicou, subindo de 33 mil para os atuais 66 mil.
A tendência acompanha, de resto, a situação registada no conjunto do país. Neste momento, há 1,7 milhões portugueses sem acesso a médico de família, número que aumentou 174% desde 2019.
Recorde-se que o Ministério da Saúde abriu há cerca de um mês 978 vagas para médicos recém-especialistas em Medicina Geral e Familiar. No entanto, desses lugares em aberto, foram colocados apenas 314 médicos. Só na região de Lisboa e Vale do Tejo, 81% das vagas ficaram por preencher. A informação foi avançada pela Federação Nacional dos Médicos, que vê o desfecho deste concurso com “preocupação extrema”, uma vez que demonstra, “mais uma vez, que os médicos estão cansados da falta de condições de trabalho no Serviço Nacional de Saúde”, indicou em comunicado.
Feijó aguarda Centro de Saúde
Em Almada e Seixal, o número de utentes sem médico de família é, hoje, o mais elevado desde julho de 2016, momento em que 70 mil habitantes não tinham profissional de saúde definido no conjunto dos dois concelhos. Desde aí, o valor diminuiu até ao início de 2020, tendo posteriormente recomeçado a subir gradualmente.
Assim, em maio estavam inscritos no Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) de Almada e Seixal um total de 370.729 utentes, dos quais 303.341 com clínico atribuído. Os restantes 65.888 não contam com médico de Medicina Geral e Familiar, o que corresponde a quase 18% dos inscritos. A estes valores acrescem, ainda, 1.500 utentes que não contam com médico por opção própria.
No concelho de Almada a situação mais complexa verifica-se na união das freguesias do Laranjeiro e Feijó, onde existe apenas um centro de saúde (a Unidade de Saúde de Santo António, no Laranjeiro), que serve mais de 47 mil utentes. Destes, pelo menos 20 mil continuam sem médico de família.
Há vários anos que se preconiza a edificação de um novo centro de saúde na freguesia do Feijó, num terreno cedido pela Câmara Municipal de Almada durante o mandato 2005-2009, localizado junto à Biblioteca Municipal José Saramago e ao edifício da Junta de Freguesia. Em 2022, a obra foi integrada no Plano de Recuperação e Resiliência, estando a sua construção prevista entre o presente ano e 2025.
https://almadense.sapo.pt/cidade/construcao-do-centro-de-saude-do-feijo-incluida-no-prr/