Tocam “por gosto” e há dez anos que levam o nome de Almada a festas de todo o país. Este verão, a banda vai atuar no festival Sol da Caparica, em agosto, com várias apresentações diárias no recinto.
Pouco passava das 14h quando o ressoar de tambores e trompetes começou a ecoar pelo Largo José Alaiz. Em frente ao restaurante Chafariz, em Almada Velha, a AlmaDa Street Band (ASB) animou o início da tarde com uma atuação instrumental recheada de temas conhecidos da música pop e ligeira, divertimento e boa disposição.
Constituído em 2015, o grupo — formado maioritariamente por músicos ligados à banda filarmónica da Academia Almadense — é um exemplo moderno de banda de fanfarra: um tipo de agrupamento musical, composto por instrumentos de sopro (como trompetes, trombones, tubas e saxofones) e percussão (como tambores e pratos), que atua principalmente ao ar livre, em desfiles, festas populares, romarias e outros eventos comunitários. Fiel a esse espírito, a ASB tem atuado por todo o país, levando música e energia a festivais, concertos de rua e até casamentos. Tudo, segundo os representantes da banda, com base num espírito de camaradagem e amor pela música.
“Durante vários anos tive ideias de criar um projeto deste tipo, desde a faculdade”, conta ao ALMADENSE Bruno Açucena, fundador da ASB e músico tubista. Depois de algumas experiências falhadas noutros concelhos, como o Seixal, a ideia de uma big band de rua, modelada na música ligeira e popular afro-americana de meados do século XX, acabou por pegar em Almada, muito graças ao apoio da Academia Almadense. “Sem eles não seria possível fazermos isto”, diz.

O repertório que se pôde ouvir na tarde de sábado atesta a variedade de influências musicais da banda. De Jonas Brothers à música popular portuguesa, passando por temas conhecidos da Motown dos anos 70, ao rock dos The White Stripes ou à pop de The Weeknd, e até por uma composição original, que abriu a atuação em Almada Velha, várias foram as músicas que levaram a dançar os clientes do restaurante, ao mesmo tempo que turistas e curiosos iam parando ao longo da atuação para ver o que se passava — alguns detendo-se por poucos momentos, outros ficando para ver toda a atuação.
Contando neste momento com cerca de uma dezena de instrumentistas, a ASB ensaia todas as semanas nas instalações da Academia. “Os ensaios são abertos, qualquer pessoa que queira pode ir ver e tocar connosco. Sempre foi um ponto importante, e uma forma de estar da banda”, explica Reinaldo Cunha, saxofonista de 21 anos, responsável pela parte operacional da banda.
Apesar de manter atividade há quase dez anos, a banda não é profissional, com os membros a sublinharem que tocam “por gosto” e para não ficarem parados. “Se não der prejuízo já é bom”, diz com humor Bruno Açucena. “Não é tanto assim, mas o certo é que não ganhamos a vida com isto. Tentamos ver se há agenda para todos, e que os serviços cubram as despesas. Se quiséssemos podíamos cobrar mais, em linha com outras bandas deste registo, mas não é para isso que tocamos”, completa Reinaldo Cunha.
Desde o primeiro concerto, no Natal da escola de música da Academia Almadense, que a ASB tem tocado de norte a sul do país de forma mais ou menos consistente, representando o município em festas e romarias, bem como em eventos oficiais, a convite da Câmara de Almada.

“Já tocámos várias vezes na Meia Maratona de Lisboa e, este ano, vamos animar o Sol da Caparica, em agosto”, adianta Reinaldo Cunha. “Vamos andar pelo recinto do festival e tocar todos os dias, quatro vezes por dia, durante uma hora. Vai ser um desafio, estamos neste momento a aumentar o repertório de músicas, mas vai ser bom para nós”, acrescenta.
Curiosamente, a relação com o restaurante Chafariz é, em si mesma, prova do espírito lúdico e de camaradagem que alimenta a banda. “Começou há uns anos, através de um membro nosso que trabalhava aqui”, refere o saxofonista. “Viemos cá atuar uma vez, correu super bem e ficámos amigos dos donos”. E começou a ser tradição vir aqui tocar, uma ou duas vezes por ano”. A ligação que, ao longo dos anos se foi aprofundando, é hoje tal que a farda do Chafariz foi concebida pela mesma designer da AlmaDa Street Band, partilhando semelhanças estilísticas e até as cores azuis e amarelas da banda. “É como uma segunda casa para nós”, diz.
Para o fim do ano, e para assinalar a década de atividade, está já pensado um concerto na Academia Almadense, numa viagem pelo percurso musical da ASB. “Gostávamos de ter músicos que já não tocam connosco, para atuarem ou pelo menos para que estejam lá como nossos convidados”, conta Bruno Açucena. “Para dar uma ideia de uma evolução e continuidade da AlmaDa Street Band”, conclui.
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