Autarca garante que, apesar da mudança de parceiro de governação, a linha inicial do PS se manteve, tendo excluído apenas o Chega das conversações. Acordo entre socialistas e comunistas na Câmara de Almada será formalizado por escrito.
Inês de Medeiros defendeu o acordo alcançado com a CDU para o mandato 2025-2029 em nome dos “interesses dos almadenses” e do “diálogo com os partidos defensores da democracia”.
Em declarações ao ALMADENSE, a presidente da Câmara reconheceu que o novo entendimento representa “uma mudança no resultado final das negociações”, ao substituir o PSD pela CDU como parceiro político, mas sublinhou que “não houve uma mudança na atitude inicial” do PS.
Recordando que “nunca teve maioria absoluta” em Almada, a autarca sublinhou que no início de cada mandato fez sempre uma “ronda pelos partidos defensores da democracia”, tendo este ano anunciado desde início que iria “falar com todos exceto um”, o Chega.
Sobre o regresso à mesa de negociações com a CDU, Inês de Medeiros admitiu que o “contexto político mudou muito nestes últimos anos” e que o facto de as partes se conhecerem melhor possibilitou o entendimento: “Foi possível estarmos de acordo naquilo que nos aproxima, sabendo aquilo que nos distancia”, frisou, adiantando que está “a ser elaborado” um acordo escrito entre as duas partes, que será divulgado posteriormente.
Admitindo terem existido divergências entre PS e CDU, sublinhou que “enquanto partidos de esquerda temos coisas que nos aproximam”. De resto, o momento atual exige “de todos muita responsabilidade” e, por isso, é fundamental colocar “os interesses dos almadenses à frente dos interesses partidários”.
Estabilidade para grandes investimentos
Inês de Medeiros justificou a celebração do acordo com a CDU pela importância do próximo mandato, afirmando que “serão quatro anos muito importantes e difíceis”, marcados pelo fim do PRR e por “uma série de grandes investimentos em curso”.
Por isso, “importa garantir a estabilidade e importa que as forças de esquerda de Almada sejam conscientes do momento que o país está a viver”, afirmou ao ALMADENSE. Classificou a situação de Almada como “caso único e especial”, a presidente garantiu acreditar na estabilidade do futuro executivo devido à “seriedade” com que decorreram as negociações.
PSD e Chega fora das conversações
Questionada sobre as restantes forças políticas, Inês de Medeiros confirmou que o PS voltou a falar com o PSD, partido com o qual estabeleceu acordos de governação nos últimos dois mandatos. Contudo, recordou que os sociais-democratas “já tinham quebrado o acordo no final do mandato anterior” e, este ano, voltaram a “deixar claro que não estavam interessados” em negociar, tendo “recusado de imediato” o diálogo. A dificuldade em negociar com a formação deve-se, segundo Inês de Medeiros, à nova realidade no PSD Almada que, com uma direção renovada e “novas orientações”, tornaram os entendimentos mais difíceis, existindo agora “opções ideológicas onde é mais difícil chegar a consenso”.
Quanto ao partido Chega, não foi chamado à mesa de diálogo, pois com quem “considera que houve 50 anos de desperdício em democracia”, o PS não tem “nada em comum e não vale a pena falar”, referiu.
Relativamente à estrutura do futuro Executivo, a autarca adiantou que haverá adaptações, tendo em conta os pelouros a cargo da CDU e a redução do número de vereadores do PS. Contudo, a vereação terá de “funcionar como uma equipa, independentemente das filiações partidárias”. Para Inês de Medeiros, as autarquias têm uma vantagem: mais de “80% das questões não são ideológicas, são questões de respostas que temos que dar às pessoas”, concluiu.
Recorde-se que nas eleições realizadas a 12 de outubro, o PS elegeu quatro vereadores (29%) e a CDU garantiu três (20,6%), tornando o acordo necessário para a governabilidade.
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