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5.ª edição do Contrasto anima Cacilhas este sábado, sob o mote da Constituição da República

O Contrasto está de regresso a Cacilhas, com um programa que inclui música, dança, workshops, performances, mercado local e outras atividades culturais. Na sua quinta edição, o evento propõe ainda uma reflexão sobre os direitos consagrados na Constituição da República Portuguesa.

 

O Contrasto está de volta para animar o fim de semana: no sábado, dia 4 de outubro, o evento acontece no ringue, jardim e espaços envolventes da Rua António Nobre, em Cacilhas, Almada. Organizada pelo Estuário Colectivo e comunidade local, a iniciativa vai já na quinta edição de uma mostra de artistas com raízes no concelho de Almada. A ideia é “unir a comunidade em torno da diversidade e da identidade local, ocupando a rua que nos pertence, com orgulho e promovendo a interação e o diálogo entre as pessoas”, conta Sónia Martins, vizinha e parte do Estuário Colectivo.

Além da ideia subjacente, “contrastar”, o Contrasto não costuma ter um tema específico. Este ano, porém, a organização desafiou artistas e artesãos a incluir na sua presença e participação referências à Constituição da República Portuguesa, porque os direitos aí consagrados também fazem parte da vida do bairro e da comunidade. “Decidimos fazer a ponte entre a vida num bairro e a forma como a Constituição da República Portuguesa se reflete como garante de um conjunto alargado de vivências”, explica Pedro Branco, vizinho e membro do Estuário.

“Esta decisão tem a ver com as preocupações acerca do caminho que está a ser seguido no país e no mundo. As liberdades mais básicas estão a ser postas em causa ao nível do discurso, mas também já em alguns aspectos práticos das nossas vidas”, diz Pedro Branco. O Estuário Colectivo “não poderia ficar indiferente ao que rodeia ou de alguma forma entra nesta comunidade”. Além disso, este pode ser “o pontapé de saída para a celebração dos 50 anos da Constituição da República Portuguesa de 1976, para a compreender como um pilar fundamental para a liberdade da vida em comunidade, da pequena à grande escala”.

Um dos direitos fundamentais vem refletido no artigo 65.º, o direito a uma habitação condigna, porque “sem habitação, não há bairro, não há teto”. Há direitos que são fundamentais para a existência do Estuário Colectivo enquanto grupo e comunidade, como o direito de reunião (artigo 45.º) e liberdade de expressão (artigo 37.º). Outros são a base da ação da (e para a) comunidade: direito à paz; direitos das crianças; princípio da igualdade; direito à educação, à saúde, ao ambiente, à cultura e ao desporto.

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The Future IZ US
O grupo The Future IZ US voltará a marcar presença no Contrasto e fará parte da apresentação “Páginas Tantas”. Foto: TFIZUS

O desafio foi lançado aos artistas convidados: juntarem-se, apesar de trabalharem com estilos de música e dança diferentes, e apresentarem uma performance criada de raiz para o Contrasto 2025 que integrasse os princípios da Constituição. “Páginas Tantas” é o resultado deste desafio que juntou Carlota Sela, The Future IZ US e Showit, e será apresentado em dois momentos.

O direito à cultura física e ao desporto (artigo 79.º) levou à criação do Núcleo de Corrida e Caminhada do Estuário. O encontro está marcado para sábado, às 9h, para o passeio inaugural “deste núcleo inclusivo, para todas as idades e vontades” – da Rua António Nobre ao Cais da Mutela e de regresso ao bairro para a apresentação oficial do núcleo às 11h no Espaço Comunidade (as arcadas dos prédios). O núcleo é coordenado por Cláudia Fernandes e Pedro Branco.

“Os objetivos são o incentivo à prática desportiva e o combate ao sedentarismo, a par da potenciação de mais um espaço comunitário de partilha e solidariedade associada ao esforço e à atividade lúdica. Também chama a atenção para o dever constitucional do Estado em criar as condições para a prática desportiva acessível e integradora”, explicam ao ALMADENSE.

A partir das 11h10, o Espaço Tolerância (ringue) recebe workshops de dança contemporânea, percussão e dança africana, abertos a todas as idades. Neste espaço será ainda possível assistir a uma apresentação de dança indiana e ouvir música reggae durante a tarde.

O Espaço Diversidade (jardim) conta com a performance de “Páginas Tantas” às 17h50 e às 19h10, um concerto meditativo com Bruno Teixeira e um concerto de hip-hop com Mlk Mau Aluno e Dj Sahid. A noite termina no Espaço Comunidade com o concerto acústico de Huesos Del Niño e o DJ Xovan — um vizinho convidado para animar a festa. O programa completo pode ser consultado na página de Instagram do Estuário.

Mercado Local Contrasto 2022
O Estuário Colectivo convida artesãos locais a estar presentes durante o Contrasto, criando um espaço onde podem promover o seu trabalho e partilhar experiências. Foto: Estuário Colectivo

O Espaço Comunidade vai acolher também o Mercado Local, porque “a presença de artesãos locais e a parceria com os comerciantes locais no Contrasto promovem a interação e fortalecem a relação de proximidade com a comunidade”, conta Sónia Martins. “A experiência no Mercado do Contrasto foi e tem sido incrível, com artesãos locais talentosos e uma atmosfera acolhedora que promove a interação e o diálogo entre as pessoas, fortalecendo a comunidade de forma horizontal e inclusiva.”

O Contrasto é mais do que um evento cultural. “Serve para envolver a comunidade, incentivar outros a fazer o caminho comunitário no seu bairro, provando que a identidade é dinâmica, que é criada através do sentimento de pertença e não de posse”, acrescenta Pedro Branco.

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Um pedaço de terra vazio transformado em jardim

Quem chega ao Espaço Diversidade e o conheceu noutros tempos (há sete anos ou mais) terá dificuldade em reconhecê-lo. Num triângulo de terra desocupado usado como latrina para os animais, nasceu um parque infantil, um mural feito por artistas do bairro e um jardim propriamente dito com plantas, bancos e espaço suficiente para os concertos mais intimistas do Contrasto.

Foi depois da pintura do mural, em 2019, que o grupo de vizinhos e amigos começou a testar vários tipos de eventos, como concertos, tertúlias, workshops, exposições, cinema, dança, arraiais, piqueniques e  mercados, até que, “com a experiência acumulada, surgiu a ideia de fazer num só dia”, conta Diogo Salvador, também ele vizinho e parte integrante do Estuário Colectivo.

Um dos motivos para realizar esta festa derivou da pandemia, que atirou muitos artistas e técnicos culturais para uma situação profissional insustentável. Para contrariar esta realidade — muito presente no nosso bairro —, decidimos realizar o primeiro Contrasto em 2021 durante a pandemia, respeitando todas as orientações da DGS, para demonstrar que era possível realizar eventos culturais, mesmo no contexto da pandemia”, explica Diogo Salvador.

contrasto
A imagem que serve de base ao Contrasto, o mural do jardim e a decoração do ringue foram feitos por artistas que vivem no bairro. DR

Pedro Branco acrescenta: “O Estuário Colectivo, nas profundezas da carolice das pessoas que nele se envolveram, tomaram a decisão de criar um acontecimento que ajudasse a reavivar espaços culturais e que em simultâneo rompesse com a ideia estereotipada da cultura, isto é, que acabasse com a ideia de compartimentação social dos gostos musicais, da dança, da pintura ou qualquer outra forma de expressão artística”. Contrastar é a palavra de ordem e os cruzamentos improváveis são uma constante.

Desde o primeiro evento que muito do trabalho é feito de forma voluntária (excepto os técnicos de som) e os músicos, bailarinos e restantes artistas aceitam estar presentes por valores simbólicos ou até abdicando do seu pagamento. Atualmente, o Contrasto conta com o apoio financeiro e logístico da Junta de Freguesia de Almada, Cova da Piedade, Cacilhas e Pragal, mas o orçamento é sempre curto para montar um evento que atrai centenas de pessoas ao bairro.

A parte financeira até pode condicionar quem aceita estar presente no evento, admite Pedro Branco, mas a seleção dos artistas vai muito além do valor que se pode ou não pagar. “Penso que nunca foi contactado um puro desconhecido, há sempre uma ligação a alguém.” Esta ligação pode ser com algum dos elementos do Estuário Colectivo, com um morador do bairro ou até através de outros artistas que já estiveram no Contrasto. “Não há produtoras ou intermediários, no sentido do agenciamento, criamos o espaço e tentamos preencher a ideia que o Contrasto transporta.”

O ALMADENSE é parceiro da edição do Contrasto 2025.

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