Afonso Lopes, residente na Charneca de Caparica
Nota-se perfeitamente que estes percursos foram feitos por alguém que claramente não é da Margem Sul nem conhece as necessidades da população.
Sou aluno da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT), no Monte de Caparica, e moro na Quinta da Morgadinha. Sempre utilizei os autocarros da TST para me deslocar de minha casa à faculdade e vice-versa. No ínicio deste mês, com a entrada em vigor das novas carreiras da Carris Metropolitana, constatei que estas deslocações passaram a ser quase impossíveis, uma vez que:
Anteriormente tinha três opções de autocarros (126, 127 e 145) que paravam na paragem à saída da Quinta da Morgadinha (Lazarim/Rua Humberto Delgado) e que passavam na FCT com a regularidade de cerca de dois a três autocarros por hora. Presentemente, e apesar de na paragem referida estar previsto passarem 12 autocarros, só um veículo (3008) passa na faculdade, possuindo um horário super reduzido, com apenas 10 carreiras entre as 6h e as 19h e existindo períodos do dia sem qualquer autocarro.
Se no próximo ano letivo tiver um horário semelhante ao do ano anterior, em que necessitava de chegar à FCT às 12h, só terminando as aulas às 19h, não tenho qualquer autocarro para me deslocar, uma vez que entre as 9h30 e as 12h30, o autocarro 3008 não tem qualquer carreira e, ao final do dia, o último chega à faculdade às 19h17. Na semana passada tive um exame que me obrigou a estar na FCT entre as 12h e as 16 h e não tive nenhum autocarro nem para ir nem para vir.
Refiro também a falta de informação que foi disponibilizada à população, toda ela online. No entanto, as pessoas de idade, as que não possuem smartphones ou que não têm muitas competências informáticas, estão completamente perdidas. O site da Carris Metropolitana tem aspectos positivos e funciona bem, mas não tem uma opção que permita ao utilizador saber quais os autocarros disponíveis através do ponto de partida e de destino.
É certo que os autocarros são novos, modernos e agradáveis. Mas há coisas que não fazem muito sentido, pois não se percebe a exagerada publicidade que foi feita à existência de portas USB a bordo, uma vez que a maior parte das pessoas nem as vai utilizar, sobretudo nos percursos curtos. O que as pessoas querem é um serviço que venha melhorar a sua qualidade de vida e não piorá-la.
Nota-se perfeitamente que estes percursos foram feitos por alguém que claramente não é da Margem Sul nem conhece as necessidades da população. Desperdiçaram-se muitos dos poucos recursos disponíveis, que podiam ter sido utilizados noutras zonas do concelho, prejudicando assim a população que cá reside, trabalha e estuda.
Finalmente, se é assim que pretendem que a população deixe de utilizar o automóvel e passe a andar de transportes públicos, tal não vai acontecer. Desta forma, vai acontecer precisamente o contrário, com todo o impacto ambiental que daí advém.
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