Sexta-feira, Setembro 29, 2023
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Preços dos quartos para estudantes em Almada continuam a aumentar. “Precisamos de medidas”, dizem alunos

Aos custos elevados da habitação estudantil vem juntar-se, no presente ano letivo, o encerramento temporário da única residência para estudantes do concelho. “Precisamos de medidas concretas de forma a colmatar este problema”, avisam os alunos.

 

Os valores do alojamento para estudantes em Almada voltaram este ano a registar subidas, que chegam aos 70 euros face ao mesmo período do ano anterior. De acordo com os dados do Observatório do Alojamento Estudantil, a média de arrendamento de quartos em Almada situa-se atualmente nos 370 euros, enquanto que no mesmo período de 2022 rondava os 300 euros – um aumento de 23%.

No campus da FCT Nova, na Caparica, a perceção de que as rendas aumentaram desde o ano passado é partilhada entre os alunos que vivem em quartos alugados. Beatriz, Vitória e Maria, alunas de segundo ano do curso de Física, residentes na Fomega e no Laranjeiro, verificaram subidas de cerca de 20 euros. Ainda assim, os quartos onde residem mantiveram-se abaixo dos 300 euros mensais.

 

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Quartos onde residem Beatriz, Vitória e Maria sofreram aumentos. Foto: Bruno Marreiros

 

“É um problema que existe por todo o país”, alerta Margarida Marques, presidente da Associação de Estudantes da FCT Nova, em declarações ao ALMADENSE. A situação, defende a aluna, “exige medidas concretas”, que devem passar “por criar mais residências, baixar os preços das opções privadas ou encontrar outro tipo de recursos, como o programa Aconchego, em que os jovens coabitam com idosos que se encontram sós”. Uma das soluções encontradas para o presente ano letivo foi o alojamento em pousadas da juventude, com tarifas mensais a começar nos 200 euros. Em Almada, a pousada irá receber vários estudantes, já com estadia marcada.

Ao pesquisar opções de alojamento estudantil através do portal da FCT Nova criado para o efeito, é possível encontrar valores (por quarto) que vão desde os 120 euros, na Trafaria, até aos 650 euros na Costa de Caparica. No Serrado, junto à FCT, os valores rondam os 350 euros. Para quem deseja maior privacidade, o valor mensal pode ser mais alto: é o caso de Rodrigo, estudante que habita um anexo no mesmo local por 400 euros. “As condições são boas, e é um sítio calmo, mas os custos são demasiado elevados”, conta o jovem ao ALMADENSE.

 

Única residência pública de Almada fecha para requalificação

Este ano, o cenário viu-se agravado com o encerramento temporário da residência estudantil Fraústo da Silva, na Caparica, onde habitavam cerca de 200 estudantes. A unidade encerrou para requalificação, que acontece no âmbito do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), e irá permanecer fechada durante todo o ano letivo de 2023/2024, pode ler-se na página de alojamento da FCT Nova.

Com a residência encerrada, os estudantes que ali habitavam viram-se obrigados a encontrar outras soluções de habitação. Porém, as alternativas de alojamento estudantil público encontram-se todas do outro lado do rio, em Lisboa, quer na Santa Casa da Misericórdia quer noutras residências pertencentes à Universidade Nova: no Campo Grande ou em Campolide.

Cátia é uma das estudantes da FCT obrigada a sair da residência Fraústo da Silva. Vivendo agora em Campolide, aponta que “lá as condições são melhores”, mas lamenta a maior dificuldade na deslocação. Agora, tem que andar vinte minutos a pé até à estação, onde apanha o comboio da Fertagus, e depois ainda tem fazer o restante caminho de transportes até chegar à faculdade.

Bolseira de segundo ano, a aluna confessa que as opções dadas aos estudantes aquando do encerramento da residência não eram totalmente viáveis, já que “um dos alojamentos propostos é apenas para filhos de trabalhadores do Estado”. A colega Bianca aponta que “também havia a opção de pedir subsídio e alugar um quarto, mas para isso era preciso que os senhorios passassem fatura”, o que muitas vezes não acontece. “A situação está mesmo muito complicada”, comenta a estudante.

Com fim previsto para dezembro de 2024, a requalificação condiciona pelo menos todo o ano letivo, não havendo neste momento nenhuma residência de estudantes disponível para a população da FCT Nova, que ronda os 8500 alunos.

Embora haja vários projetos de criação de residências estudantis para o concelho de Almada, a Fraústo da Silva encerra num momento em que ainda nenhum dos projetos previstos está concluído. Na calha está a criação do “Wave Campus”, um empreendimento que deverá contar com 333 estúdios e cuja inauguração estava prevista para o último trimestre de 2023. Em 2022, foi igualmente aberto o concurso para construção de uma residência com 550 camas no campus da Caparica. Também no Caramujo – Romeira foi anunciada a construção de uma residência com 115 camas, aprovada no final de 2022.

 

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2 Comentários

  • Miguel

    O governo é o principal interessado nesta especulação imobiliária. Portanto, nunca fará nada que possa mudar as coisas. Lança apenas umas medidas pra entreter e fingir.

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  • Lucília Amaro

    Não há casa para estudantes ou professores porque o governo não quer.
    O governo tem muitos edifícios fechados que podiam fazer melhoramentos e alugar com preços mais baixos…

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  • carlos gonçalves

    Porque não perguntam ao PCP a questão de falta de habitação? O PCP tem o maior património imobiliário de Lisboa, tudo VAZIO.

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