A quarta edição do Festival dos Capuchos traz a três palcos de Almada músicos e orquestras de referência nacional e internacional, com composições de “exemplos de liberdade” como Beethoven, Mozart, Haydn ou Schostakovich.
No último domingo, e apesar do calor que convidava à praia, o renovado Auditório do Convento dos Capuchos encheu-se de público para a apresentação da quarta edição do Festival de Música dos Capuchos, que decorre de 29 de maio a 21 de junho. Ao todo, serão mais de 20 as iniciativas entre concertos, conversas, visitas e masterclasses.
Na presente edição, o Festival dos Capuchos traz a Almada músicos e orquestras de referência nacional e internacional para uma série de concertos tanto no local que nomeia o Festival, o Convento dos Capuchos, como no Teatro Municipal Joaquim Benite e, pela primeira vez, no Auditório Fernando Lopes-Graça.
Em 2024, “o fio condutor é a comemoração dos 50 anos do 25 de Abril”, indica o pianista e diretor artístico do evento, Filipe Pinto-Ribeiro. “Por isso, vamos trazer ao palco vários exemplos de liberdade ao longo da história da música”. Para celebrar a grande conquista da Revolução, o Festival abre logo a 29 de maio com a “Quinta Sinfonia” de Beethoven, “encarnação absoluta da liberdade”, às 21h no Teatro Municipal Joaquim Benite.
Em destaque, estão a presença da lendária pianista Elisabeth Leonskaja e os concertos de estreia em Portugal da Orquestra Sinfónica de Paris “Consuelo”, do Paganini Ensemble Vienna e da Orquestra de Câmara de Berlim “Metamorphosen”. A representação nacional está a cargo de virtuosos como o pianista Júlio Resende, o maestro Martim Sousa Tavares ou a violetista Sofia Silva Sousa, bem como dos agrupamentos de referência Arte Minima e Schostakovich Ensemble.
Este ano, o Festival tem ainda a novidade de um concerto na recentemente restaurada Capela do Convento dos Capuchos, com o Cantus Prius Factus – Ensemble Renascentista que pensa “A Liberdade de Recompor no séc. XVI”. Entre as várias estreias, o pianista de 18 anos Roman Fediurko vem a Portugal apresentar obras de Fryederyk Chopin, que Filipe Pinto-Ribeiro apelida de “inspiração da liberdade”.
“É uma grande alegria estar nesta quarta edição do ressuscitar do Festival dos Capuchos”, assinala Inês de Medeiros, presidente da Câmara de Almada, lembrando que “a resistência está sempre na cultura”. Da Renascença aos dias de hoje, passando pelo jazz dos Filhos da Revolução a 14 de junho, o evento traz a Almada as mais variadas instâncias da música clássica, desde as composições de Schostakovich, que escreveu obras em protesto durante o regime de Estaline, a “Metamorfoses da Liberdade”, concerto de encerramento que passa por música de Elgar, Haydn e Tchaikovsky.
Conversas, visitas e literatura
Com o intuito de fomentar “o acesso democrático à cultura”, como se lê no programa, o Festival dos Capuchos promove também três iniciativas de entrada livre: os “Prelúdios dos Capuchos”, colóquios pré-concerto com João Almeida e músicos selecionados, uma caminhada e uma visita ao Convento dos Capuchos, a 9 e 15 de junho, e as “Conversas dos Capuchos”, à volta das obras literárias e marcadas para 1, 9 e 15 de junho.
Estas últimas começam com Franz Kafka, no centenário da sua morte. Para Carlos Vaz Marques, este é um autor “que em tudo se relaciona com a angústia existencial moderna, com uma obra que continua a ter uma enorme importância na nossa vida”. Também para celebrar a efeméride, há “Na Colónia Penal”, ópera de Phillip Glass inspirada no conto homónimo, para ver a 2 de junho, no Teatro Municipal Joaquim Benite.
Segue-se, a 9 de junho, uma conversa com José Carlos Seabra Pereira e Maria Bochicchio sobre Luís Vaz de Camões. A 15 de junho, o foco incide sobre o poeta setubalense Sebastião da Gama, com palavras de Viriato Soromenho-Marques e do escritor, ensaísta e editor argentino Alberto Manguel. A 31 de maio, há homenagem a António Mega Ferreira, “um dos maiores vultos da cultura e do pensamento portugueses do pós-25 de Abril”, com piano de Filipe Pinto-Ribeiro e leituras de Filipa Leal e Pedro Lamares. Para os estudantes de música, o festival promove ainda masterclasses de violino, viola e violoncelo a 22 de junho.
As assinaturas do Festival dos Capuchos têm o valor de 90 euros (acesso a todos os 12 concertos) ou 60 euros (acesso a 8 concertos), com os bilhetes individuais a 10 euros (Convento dos Capuchos e Auditório Fernando Lopes-Graça) ou 17 euros (Teatro Municipal Joaquim Benite). As assinaturas podem ser adquiridas na bilheteira do Fórum Municipal Romeu Correia e no Convento dos Capuchos. Já os bilhetes individuais, podem ser adquiridos presencialmente ou online, através da plataforma Bol.
O Festival dos Capuchos vai já na sua quarta edição desde a renovação em 2021, depois de 20 anos de inatividade. É organizado pela DSCH Associação Musical, conta com o Alto Patrocínio de Sua Excelência o Presidente da República e com vários apoios, entre os quais o da Câmara Municipal de Almada. Consulte aqui o programa completo.
https://almadense.sapo.pt/cultura/teatro-de-almada-novo-espetaculo-celebra-a-sorte-de-viver-depois-do-25-de-abril/