Porbatuka: o grupo almadense que promove a inclusão através da música
Projeto musical fundado por Tiago Araújo aposta na divulgação da percussão tradicional e integra atualmente mais de 200 jovens, dos 5 aos 25 anos.
Intrigada pelos panfletos que viu serem distribuídos na sua escola, Alícia Filipe decidiu experimentar a percussão em 2018 e, desde aí, nunca mais parou. Com apenas 10 anos, é um dos mais de 200 jovens que integram o original projeto almadense Porbatuka, que promove a integração e solidariedade através da música. Para Alícia Filipe é precisamente a diversidade sociocultural que aproxima o grupo: “Somos todos muito unidos, como uma família”, conta ao ALMADENSE.
Foi Tiago Araújo, fundador e maestro dos Porbatuka, quem incentivou Alícia e muitos outros jovens a juntarem-se à iniciativa. Apaixonado pela percussão tradicional portuguesa desde os 3 anos, há muito que acalentava o desejo de lançar novo projeto na área: “Queria criar na minha cidade de Almada uma iniciativa que fosse acessível a todos. Ou seja, que fosse gratuita e aberta a todos os jovens interessados”, revela o responsável.
O projeto aposta na formação musical gratuita, contando atualmente com jovens entre os 5 e os 25 anos, que são acompanhados de perto por Tiago. “Proporcionamos as mesmas oportunidades a todos os interessados que queiram integrar o projeto, independentemente da sua proveniência, idade, género, raça, cultura ou estrato social”, pode ler-se no site do grupo.
Os Porbatuka contam atualmente com crianças e jovens de diferentes idades e nacionalidades, residentes em instituições ou provenientes de meios mais ou menos desfavorecidos. Para Alícia, é essa diversidade sociocultural que aproxima o grupo: “Estas diferenças significam muita amizade e divertimo-nos muito todos juntos”, destaca a jovem tocadora, para quem a experiência tem sido muito especial.
A iniciativa conta ainda com a participação de professores além-fronteiras que lecionam workshops e espetáculos para todos os alunos no sentido de promover a multiculturalidade: “temos vindo a contratar profissionais da Argentina ou da Colômbia, por exemplo, que trazem algo de novo a este projeto e que permite o enriquecimento dos alunos ao estarem em contacto com novas realidades”, conta Tiago Araújo.
De Almada para o palco do Got Talent Portugal
Movidos pelos valores de solidariedade, inclusão social, cidadania e amizade, o grupo subiu ao palco do programa Got Talent Portugal, emitido na RTP1, e derreteu os corações dos jurados no passado dia 13 de fevereiro. “Foi uma experiência única, que nunca esqueceremos e um grande desafio para todos. Foi especial. Recebemos um bom feedback e queremos continuar a melhorar o nosso nível a cada dia”, confessa Tiago Araújo.
O número, que divertiu os jurados e o público, foi ensaiado ao pormenor pelos 12 tocadores presentes, que representavam os 200 membros do grupo. Cheios de boa disposição, contaram a história dos Porbatuka de forma criativa e original, através de uma coreografia arrebatadora e de sons emitidos por bombos, caixas, baldes e um caixote do lixo. A prestação excedeu todas as espectativas e garantiu ao grupo quatro “sins” dos jurados e uma passagem para a próxima fase do programa.
Para o maestro, esta e outras atuações nas televisões portuguesas têm possibilitado a divulgação e o crescimento das atividades desenvolvidas pelo grupo, alcançando uma maior visibilidade a nível nacional e internacional. “Temos recebido vários contactos para atuar em espetáculos e festivais, dentro e fora do país, e o meu objetivo é que ouçam cada vez mais falar de nós e que saibam que somos um projeto de Almada que trabalha com a percussão e com os jovens”, acrescenta Tiago, na esperança de ver o projeto a crescer cada vez mais.
Desde a sua criação, em 2017, que o grupo de percussão vive com recurso aos apoios da Câmara Municipal de Almada e da Junta de Freguesias do Laranjeiro e Feijó, mas depende de outras associações ao nível de instalações. Desta forma, acaba por estar um pouco limitado a nível de espaços, o que leva Tiago a acalentar um desejo: “um dos meus sonhos atualmente é o de termos uma sede, um espaço próprio para desenvolver este projeto”.
Por sua vez, Alícia anseia por vir a representar os Porbatuka no estrangeiro. “Tenho o sonho de sairmos para fora do país, irmos atuar e sermos conhecidos lá fora”, conta a jovem.
Fotos: Porbatuka
Para saber mais sobre este projeto inclusivo e solidário, visite o site, Instagram ou Facebook dos Porbatuka.
Comunidade ucraniana em Almada recolhe mantimentos para enviar para refugiados