Acaba de publicar “A Viagem do Oligarca”, um romance policial que tem como pano de fundo a Trafaria e a Costa da Caparica. É aqui que vive desde 2015 e já não pensa mudar: “é o sítio ideal para viver”, descreve.
Miguel Szymanski vai praticamente todos os dias à praia: de manhã e ao fim do dia. Geralmente vai de bicicleta e leva os dois cães de água. Muitas vezes aproveita para nadar, mesmo no inverno. Mas não costuma ficar por lá mais de meia hora: sabe que no dia a seguir está de volta.
Foi em 2015 que o jornalista e escritor veio viver com a família para a Costa da Caparica e rapidamente percebeu que era o “sítio ideal para viver”, devido à qualidade de vida que proporciona. “São João da Caparica é especial. É um microcosmos engraçado: estamos a 10 minutos da Trafaria e outros 10 da praia”, conta ao ALMADENSE.
Nasceu em Faro, no Algarve, mas cresceu em Bochum, perto de Dortmund, na Alemanha, onde estudou. Filho de pai alemão e mãe portuguesa, Szymanski viveu em Lisboa antes de voltar para a Alemanha em 2012. Na altura, Portugal atravessava os anos de crise, o que levou a voltar à Alemanha, onde conseguiu um emprego em jornalismo com boas condições. Mas antes de completar três anos, decidiu voltar a Portugal. Apesar das boas condições que tinha a nível profissional na Alemanha, em 2015 decidiu voltar a Portugal. “Sentia falta do mar, da comida portuguesa e em geral da qualidade de vida que se tem cá”, confessa. Desta vez, havia de se instalar na Costa da Caparica, onde reside há quase dez anos. Agora, já não tem intenções de voltar a mudar.
Nos romances, gosta de usar cenários reais como pano de fundo para o desenrolar da ação. Por isso, no mais recente “A Viagem do Oligarca”, o protagonista visita uma torre na Costa da Caparica onde vive um empresário russo e circula regularmente pela zona ribeirinha da Trafaria. Geralmente, termina a jantar na Taberna Manel da Gorda, a cujo proprietário pediu autorização para incluir como personagem real do romance.
Pelo meio, o jornalista Marcelo Silva —que pela terceira vez protagoniza um thriller do autor— investiga o desaparecimento da própria mulher, o assassinato de um administrador da TAP ou a explosão numa moradia de Lisboa.
Entre viagens de cacilheiro, subidas ao Cristo Rei e até passagens pelo bairro do Pica Galo ou pela Mata dos Medos, em “A Viagem do Oligarca” lê-se também um retrato da atualidade política internacional, num enredo empolgante, onde confluem (se cruzam) empresários corruptos, um oligarca eslavo ou um líder de extrema-direita oportunista.
O romance anterior, O Grande Pagode, também se desenrola na Trafaria. Já o primeiro volume da saga, Ouro, Prata e Silva, traduzido para francês, recebeu o prémio Violeta Negra Occitanie, concedido no festival de literatura policial de Toulouse.
Adepto do thriller político, mistura uma trama intrigante e conceitos políticos atuais. “Essa parte é toda factual”, refere Szymanski, também ele jornalista de profissão. O estilo levou o crítico Miguel Real a classificá-lo (numa recensão publicada no Jornal de Letras) como o “principal autor de romances políticos em Portugal”.
“Há pouco pluralismo no jornalismo português”

Atualmente faz comentário sobre atualidade internacional na RTP3, depois de ter sido residente durante sete anos no programa “Mundo Sem Muros”, no mesmo canal. Trabalhou para o Expresso, Grande Reportagem, foi editor da revista GQ e cronista no Diário de Notícias. Foi correspondente da televisão austríaca ORF e do alemão Walt, até que resolveu sair devido ao apoio demonstrado pelo canal a Israel no conflito que se desenrola no Médio Oriente.
Enquanto repórter, gosta de andar no terreno. Recentemente, fez um documentário para o canal franco-alemão Arte sobre os pescadores da Trafaria e a apanha da amêijoa, uma realidade que conhece bem e que chega a referir no último romance. É um “problema político e social terrível, porque criminaliza os pescadores, que são empurrados para a clandestinidade”, refere.
Nas reportagens que assina, costuma manter uma postura crítica, fazendo questão de nunca se render à pressão. A conduta, no entanto, já lhe custou “o emprego em vários grupos privados” onde trabalhou, acredita.
Por isso, está convicto de que “há dois tipos de jornalistas: os que escrevem as histórias incómodas e vão para a rua e os que são promovidos”. Não hesita em apontar o “pouco pluralismo” e a“promiscuidade” que existe no jornalismo português, a um nível que “na Alemanha seria inconcebível”.
No entanto, fez questão de destacar que na RTP sempre teve liberdade. “Mesmo quando falo sobre temas sensíveis, que já motivaram queixas de várias pessoas, nunca tive qualquer problema”, afirma.

Além do comentário político, atualmente dedica-se sobretudo à escrita e a desfrutar da qualidade de vida que tem na Costa da Caparica.
Apesar de apreciar as condições, mantém um olhar crítico sobre as infraestruturas locais, especialmente no que diz respeito à mobilidade. Como utilizador habitual de bicicleta, aponta a falta de uma rede ciclável como um problema grave. “É um crime não haver uma ciclovia entre Almada e a Costa da Caparica”, afirma, enfatizando a necessidade de melhorar as condições para quem se desloca em bicicleta no concelho.
Por isso, também lamenta o estado de degradação da ciclovia para a Trafaria, destacando a falta de manutenção como um problema recorrente. “Esquecemos a manutenção. Há caminhos que foram feitos, mas depois falha a manutenção e as coisas ficam partidas há anos”, conclui, deixando claro que a preservação das infraestruturas existentes é uma prioridade para garantir uma cidade mais sustentável e segura.
Ainda assim, Szymanski valoriza a tranquilidade que a vida na Costa da Caparica lhe oferece. “Dou muito valor à vida que tenho aqui”, afirma, destacando em especial o tempo que consegue passar em família e com as filhas, de 14 e 16 anos. “É um privilégio viver na Costa”, conclui.
De facto é maravilhoso na Costa da Caparica, onde as rotundas não são cuidadas, nem limpas, à margem da estrada só há arbustos selvagens, não há limpeza. Os nossos impostos não chegam para iluminar as ruas, nem mesmo na época do Natal. É maravilhoso que a semântica portuguesa já raramente se ouve. Os assaltos e roubos proliferam, enfim… É maravilhoso, sem dúvida!
amiga Alemã viveu em Portugal 16. Voltou para Alemanha em 1975. Todos os anos vem vem ver o Mar.
Marido, Alemão da Prússia, só veio conhecer Lisboa e a Costa da Caparica, Costa Alentejana e Sagres em 2008…
Agora quando quer descansar Costa da Caparica….só vai às nossas praias….
Afinal Portugal não são os “Piggs”.
E o sabor fresco do nosso Peixe…Está perto da reforma e nada melhor que Portugal….😊😊😊🥰
Na verdade só gosta de viver em Portugal quem não conheceu mais nada. Angola foi o Paraíso na Terra até o Mário Soares a entregar de bandeja e de qualquer maneira. Até ele aqui nunca viveu tão bem como se vivia lá. O rico daqui era o remediado lá. O remediado daqui era o pobre lá. Até Cascais está uma miséria autêntica. Não dá trabalho a ninguém. Teve vida até 1975 quando morei no Estoril Sol Hotel e que foi abaixo por ser demasiado grande para um País tão pequeno. E que se tornou ainda mais pobre.
Ser pró-putin também é um privilégio nos dias que correm.
Boas camarada Miguel.
Vale sempre a pena viver nos arrabaldes, ter vida de luxo e cuidar dos “pobrezinhos” e fazer uma caridadezinha…
Sem dúvida que ser burguês e poder ser rebelde onde se trabalha não é para todos.
Passe bem e continue pela Costa da Caparica que é excelente para a gastronomia, ver o mar, passear cães, e outras mordomias.
Pena não podermos todos ter essa “vidaça”…